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Feminismo: diferentes visões na luta pela igualdade de direitos

O movimento feminista surgiu há séculos e ganhou diversas vertentes ao longo dos anos para abraçar as demandas e lutas de todas as mulheres

Por Maria Beatriz Melero Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 6 abr 2017, 18h30 - Publicado em 6 abr 2017, 18h28

O feminismo é um movimento de luta pela igualdade de direitos e deveres entre homens e mulheres que surgiu há séculos e que ganhou força na metade do século XX.

Por ser um movimento antigo, a militância feminista ganhou diversas vertentes ao longo dos anos para conseguir abraçar as demandas e lutas de todas as mulheres e de todas as minorias.

“Hoje vivemos os ‘feminismos’. Sempre temos que falar no plural, pois este é um movimento marcado por uma dinâmica horizontal”, disse a pesquisadora Carolina Branco de Castro Ferreira, do núcleo de estudos de gênero Pagu, da Unicamp, em entrevista ao HuffingtonPost Brasil.

Atualmente, existem diversas vertentes e minivertentes dentro do feminismo. Assim, destacamos a principais correntes do movimento e o que cada um defende.

Feminismo negro

A ativista Stephanie Ribeiro é um dos principais nomes do feminismo negro no Brasil atualmente (Mariana Pekin/CLAUDIA)

O feminismo negro é uma vertente que ganhou força especialmente nos anos 1980, quando o movimento negro se fortaleceu no Brasil e no mundo. Ele surge e defende a ideia de que a mulher negra sofre dupla opressão, por ser mulher e afrodescendente, como explica Natalia Monteiro, em seu artigo publicado no Coletivo Minissaia.

Ou seja: além de lutar pela igualdade de oportunidades para homens e mulheres, o feminismo negro batalha para inserir a mulher negra na sociedade.

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Entre as pautas presente nesse braço da militância feminista estão a luta contra a intolerância religiosa e a valorização das religiões de matriz africana, a inclusão de mulheres negras na moda, a criação de produtos de beleza feitos para peles negras, a luta para combater a padronização da beleza e apresentar as mulheres negras também como belas.

Além disso, fala-se muito sobre a solidão da mulher negra, que não é “vista como sujeito para ser amado”, como disse Stéphanie Ribeiro a CLAUDIA, mas seu corpo é constantemente fetichizado. Em relação ao salário, mulheres negras também ficam atrás, ganhando salários 37,5% menores, e esse quadro também precisa mudar.

Leia mais: “Ser negra no Brasil é nascer sabendo que terá de resistir”

Feminismo interseccional

Jesz Ipólito, além de mulher, é gorda, negra, lésbica e pobre. Por isso, ela sabe da importância de um feminismo que respeite todas as minorias (Arquivo Pessoal/Reprodução)

O feminismo interseccional, ou feminismo pós-moderno, procura conciliar as pautas ligadas às mulheres aos temas que são pertinentes às demais minorias – como classe social, raça, orientação sexual, deficiência física.

Dessa forma, o feminismo interseccional é definido como uma grande colcha de retalhos na qual aparecem reinvindicações do feminismo negro, do LGBT, do asiático e do transfeminismo.

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A corrente foi apresentada em 1989, quando o termo foi inicialmente usado pela professora norte-americana Kimberlé Crenshaw. Ele reconhece que nem todas as mulheres sofrem as mesmas opressões que as outras.

Além disso,o feminismo interseccional admite que nem sempre a mulher como indivíduo está em situação de desvantagem nas relações de poder. As mulheres brancas, por exemplo, ganham salários maiores que os homens negros. 

O feminismo interseccional é uma das vertentes mais receptivas à participação dos homens no movimento feminista.

Leia mais: “Nem sempre fica evidente pelo que estão me discriminando”

Feminismo liberal

Emma Watson faz discurso transformador pela igualdade de gêneros na ONU
Emma Watson milita por uma mudança política na igualdade de gêneros e convida os homens a fortalecerem a luta (*/Reprodução)

O feminismo liberal é uma corrente que visa assegurar a igualdade entre os gêneros garantir que a mulher tenha sua liberdade de escolha por meio de reformas políticas e legais. “[É um movimento que luta por mudanças que respeitem] as escolhas da mulher diante da sua vida, seja qual for, pois estará exercendo seu poder de decisão.”, defende Monteiro.

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Para suas militantes, a violência do Estado ajuda a promover a coerção sobre a liberdade da mulher e a reforçar as desigualdades de gênero na sociedade.

É a corrente feminista mais antiga que existe e surgiu no século XVIII. Porém se desenvolveu com força no século XIX, quando as mulheres da época buscavam melhores condições de vida e garantia à cidadania. Foi através das lutas que essas mulheres conseguiram suas primeiras reformas na igualdade entre os gêneros, como o direito ao voto.

Atualmente, a corrente luta para a ascensão de mulheres a posições em instituições como o Congresso, os meios de comunicação e as lideranças de empresas – além, é claro, da equiparação salarial.

Um dos expoentes do feminismo liberal na atualidade é a campanha #HeForShe, criado pela atriz Emma Watson, que procura trazer os homens à luta das mulheres para ampliar a pressão política – a exemplo do que acontece no feminismo interseccional.

Leia mais: Conheça a Capitolina: uma revista teen que fala sobre aceitação e feminismo

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Feminismo radical

Shulamith Firestone escreveu aos 25 anos o livro ‘A Dialética do Sexo’, considerado um dos mais radicais da luta feminista (*/Reprodução)

O feminismo radical surgiu nos anos 1960 e 1970 como uma corrente da militância feminista inspirada nas obras de Shulamith Firestone (1945-2012) – autora do livro A Dialética do Sexo – e Judith Brown, que discutem o conceito de gênero e o apresentam como forma estrutural de opressão contra as mulheres.

As radfem (como são conhecidas as mulheres que militam no feminismo radical) argumentam que gênero é uma ferramenta social para que aconteça a opressão da mulher pelos homens, através da hierarquização entre o masculino e o feminino.

Dentro do próprio feminismo radical existe uma minivertente chamada TERF (“Trans-Exclusionary Radical Feminists”), que defende a ideia de que transexuais não podem se auto-identificar como feministas – uma vez que nasceram biologicamente com órgãos reprodutores masculinos.

Muitos a consideram, no entanto, transfóbica por desrespeitar a ideia de que mulheres trans são tão mulheres quanto as mulheres cisgênero – aquelas que nascem biologicamente no gênero que lhe foi atribuído no nascimento.

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