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Excesso de colo faz mal ao bebê?

Adoro ficar com meu bebê nos braços, mas há quem afirme que isso não é bom nem para ele nem para mim... É verdade?

Por Redação M de Mulher
Atualizado em 27 out 2016, 20h29 - Publicado em 4 set 2012, 22h00
Claudia Rohenkohl
Claudia Rohenkohl  (/)
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Contato físico investido de carinho é fundamental para o desenvolvimento do bebê
Foto: Getty Images

O que faz uma mãe se perguntar se colo faz mal ao bebê? Que tipo de mal o excesso de colo faria? Se a resposta é “ele pode ficar mal-acostumado”, deveríamos interrogar: mal- acostumado com o quê?

Contato físico investido de carinho é fundamental para o desenvolvimento do bebê. Nós nos constituímos como seres humanos na relação com o outro. Como o filhote humano nasce totalmente dependente de cuidados, essa extrema dependência inicial faz com que seja importantíssima uma relação constante de carinhos e cuidados entre o bebê e um adulto que o acompanhe a maior parte do tempo. Na nossa cultura, esse papel normalmente é da mãe. A forma como ela passa seu cuidado e projeta o futuro de seu filho marca a criança pelo restante da vida.

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Dar colo transmite ao bebê muitas coisas ao mesmo tempo: segurança, proteção, carinho, amor e, inclusive, o limite do seu corpo. É nos braços do adulto que o recém-nascido vai descobrindo que tem começo e fim, já que, ao nascer, ele não sabe ainda que é uma pessoa separada da mãe.

Não tenha medo de dar colo ao seu bebê. Ele não vai ficar manhoso nem mal-acostumado. Entenda a “manha” como um pedido, um jeito de dizer que algo está faltando. Sendo assim, por que não pegá-lo no colo e confortá-lo? É importante se perguntar “o que” está provocando seu medo. É possível que a pressão para que dê pouco colo ao seu filho esteja relacionada com as exigências que enfrenta. Tendo que trabalhar, muitas mães querem que os bebês fiquem independentes muito cedo para que não “sofram” com a separação. Esse sentimento leva às tentativas de fazer o bebê adormecer sozinho antes dos 7 meses e tirar as fraldas com menos de 2 anos. Forçar a aquisição de tais habilidades antes do tempo pode até ser possível, mas certamente terá um custo emocional.

As mulheres da geração atual, independentes e acostumadas a levar uma vida autônoma, sentem mais o peso da responsabilidade pelos cuidados de um outro ser durante um longo período. Você não precisa ser a única a cuidar do bebê. Se possível, divida as tarefas com o marido, com as avós, com uma babá ou mesmo com uma creche. E lhe dê uma boa base de carinho, transmita segurança, demonstre que bota fé no seu desenvolvimento.

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O único contexto no qual o “excesso” de colo pode ser prejudicial é quando ele espelha uma relação mãe-pai-bebê desequilibrada. Talvez o casal não esteja funcionando bem ou se afastando sexualmente. Nesse caso, o colo pode ter adquirido a função secundária de afastar o casal, colocando o bebê no meio deles, ou mesmo suprindo o carinho que deveria existir entre o pai e a mãe. Razão pela qual a mãe mergulha totalmente na fascinação que sente pelo seu bebê, deixando de lado outros aspectos de sua vida de mulher, de companheira, de profissional. Mas, mesmo aí, não é a quantidade de colo que causa o problema… Os movimentos dessa dança têm de estar em sintonia: o apaixonamento e a ruptura darão ao bebê condições de crescer saudável. Agora, imagine, se até os adultos precisam de um colinho, que dirá o bebê?

Fonte: Claudia Rohenkohl é psicanalista especializada em psicopatologia do bebê

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