Cuidados excessivos no dia a dia podem ser prejudiciais à criança
Não tenha medo de dar oportunidades para seu filho experimentar atividades que ofereçam desafios. Saiba como não privar o desenvolvimento do bebê
A superproteção exige bom senso por parte da mãe: não adianta ficar “em cima” do filho o tempo todo, porque excesso de zelo é ruim, inclusive, para a mãe
Foto: Getty Images
Muitas mulheres constroem uma redoma de cuidados em torno do filho. Se você é uma candidata ao clube das exageradas, é preciso se policiar. Além de dar liberdade para a criança (bebê ou mais “crescidinha”) descobrir o mundo, uma educação menos restritiva estimula a inteligência. A professora de psicologia Telma Vinha explica que, ao enfrentar desafios, a criança aperfeiçoa as conexões cerebrais e desenvolve o sentimento de autossuficiência.
Telma acredita que a cartilha da mãe equilibrada tem como eixo o bom senso. Algumas regras são essenciais e devem ser mantidas pelos adultos sem negociação. É o caso de questões que envolvem saúde (precisa comer e tomar banho, por exemplo), boa educação (não deve xingar os colegas) e segurança (no carro, tem que viajar na cadeirinha).
Certas regras, em compensação, podem ser relativizadas. A hora de comer é uma das mais propícias para esse tipo de situação. Se a comida está muito quente, lógico que a mãe deve impedir o bebê de colocá-la na boca. Se quiser brincar com uma faca, idem. Mas não se deve cercear as tentativas de usar a colher sozinho, apesar da meleca que vai virar.
“Mais importante do que a sujeira, é o treino para a coordenação motora e o sentimento de realização trazido pela experiência. Senão, o filho pode se tornar um daqueles eternos bebezões, incapazes de fazer qualquer coisa sozinhos”, alerta a especialista.
O efeito na mãe
O excesso de zelo não é negativo apenas para a criança. Mulheres preocupadas demais com seus bebês normalmente sofrem de uma ansiedade enorme. “Ter um único foco de interesse é empobrecedor e, nesse caso, reduz a mulher ao papel de mãe, excluindo todas as outras possibilidades de realização”, explica a psicóloga Lídia Aratangy.
Nessa situação, a própria relação mãe-filho fica distorcida. “Uma mãe obsessiva terá a tendência, ainda que inconsciente, de prolongar indefinidamente a infância da criança, estimulando os aspectos mais dependentes de sua personalidade em detrimento do desenvolvimento da autonomia”, diz. Mais tarde, essas mulheres também irão sofrer mais com o crescimento e a independência dos filhos.
Desde pequenas as crianças precisam “experimentar” situações diversas: uma educação menos restritiva estimula a inteligência
Foto: Getty Images
Onde e quando as mães exageram
No sono: uma criança saudável não precisa ser vigiada enquanto dorme. Se o seu receio é a síndrome da morte súbita, lembre que deitar o bebê de barriga para cima reduz significativamente o risco.
No convívio com outras crianças: a criança não deve ser privada do contato com primos e amiguinhos. Quando ele completar 6 meses, propicie esse convívio e intensifique-o depois do primeiro ano. Não supervalorize incidentes, como mordidas e arranhões. A supervisão de um adulto ajuda a evitá-los, e essa socialização é importante para ensinar seu filho a dividir atenções.
Na casa: o bebê não pode ficar isolado no quarto. Instale redes nas janelas e protetores nas tomadas e quinas de móveis; bloqueie os acessos a escadas, cozinha, banheiro e área de serviço; e tire do alcance objetos cortantes, pontiagudos ou fáceis de engolir. Depois, libere o pequeno para circular. Se tiver cão ou gato, não precisa mantê-los fora, desde que estejam saudáveis e vacinados. O convívio com animais favorece o desenvolvimento de anticorpos e de tolerância a doenças.
Fonte: Victor Nuldeman, pediatra e coautor do livro A Saúde de Nossos Filhos (Publifolha)