Crio um sabiá solto há 12 anos
Nunca cortei as asas do Teco. Nem precisa, ele vive atrás de mim!
Todo dia 23 de dezembro compro bolo e canto parabéns pro meu passarinho
Foto: Arquivo pessoal
Minha mãe ganhou o Teco de um amigo no dia 23 de dezembro de 1994. Ele havia caído de uma árvore e estava todo machucado, tadinho. Filhote de sabiá-laranjeira, Teco foi pra gaiola mas, como se debatia muito, resolvemos deixá-lo solto. Um mês depois, ele criou penas e a minha mãe o largou na calçada pra ele seguir o próprio caminho. Mas o danado voou pra dentro de casa.
Depois que mamãe morreu, em 2000, o Teco me escolheu como dona. Ele passa o dia inteiro atrás de mim, é uma graça. Se estou cozinhando, por exemplo, ele fica em cima da minha cabeça, de olho na cebola. Se lavo a louça, o Teco puxa o meu cabelo pra chamar a atenção. Até desamarrar cadarços ele consegue!
O Teco é tão manso que continuou solto mesmo depois que adotamos uma vira-lata, a Pitt. No começo, fiquei com medo de que ela atacasse o passarinho, mas foi o Teco quem deu uma bicada nela uma vez. Tirando essa briguinha, os dois se dão bem muito bem. O Teco, inclusive, toma a liberdade de tomar banho no pote de beber água da Pitt!
Quando ele morrer, quero empalhá-lo
Como não cortamos as asas do nosso sabiá, ele já fugiu três vezes nesses 12 anos de convivência. Na última, o Teco chegou a passar uma noite fora de casa. Achamos que tivesse morrido na tempestade que caiu naquela madrugada. Mas, no dia seguinte, meu irmão encontrou o passarinho numa praça perto de casa. Depois disso, passei a trancar o Teco na cozinha antes de sair pra ele não me seguir. Gaiola, só à noite, porque ele gosta de descansar no poleiro.
Pra mim, o Teco é como um membro da família. Todo 23 de dezembro, eu e o meu irmão comemoramos o aniversário dele com bolo e parabéns. Até comprei uma filmadora pra registrar essas festinhas que, espero, ainda sejam muitas. Não quero me separar do Teco nem depois de morto, pois pretendo empalhá-lo e guardá-lo na minha estante.