Como agir se o filho bebe e dirige?
Veja como orientar o seu filho a não dirigir se beber. Mostre a ele que privilégios implicam responsabilidades
Explique ao seu filho que ter privilégios implicam responsabilidades
Foto: Getty Images
Você deu um carro para seu filho e descobriu que ele dirigiu depois de beber na balada? Uma coisa é certa: não dá para ignorar o que aconteceu. Mas talvez você não precise ser drástica a ponto de deixá-lo sem o carro, embora tenha o direito de agir assim se estiver certa de que ele tem se colocado sistematicamente em situações de risco com o veículo.
Se não for o caso, tente antes uma boa conversa, mostrando ao seu filho que os privilégios que recebe implicam responsabilidades. Seja objetiva e evite o tom de ameaça. Tenha o cuidado, porém, de deixar claro o recado: para continuar com o carro ele precisa demonstrar maturidade e dirigir de maneira segura. Lembre-o de que é proibido guiar alcoolizado e que, ao agir assim, coloca em risco a própria vida e a de outras pessoas.
Ressalte também que, caso o episódio se repita, haverá punições. Adotando essa postura, você dá nova chance ao seu filho e cria oportunidade para que ele reflita sobre as próprias atitudes. Se houver outra escorregada, o rapaz não poderá dizer que é injustiça ter de abrir mão do veículo por um tempo ou permanentemente.
Não se intimide só porque seu filho atingiu a maioridade legal. A maturidade de uma pessoa não depende apenas da idade, e sua posição de mãe a autoriza a fazer intervenções sempre que desaprovar as atitudes dele. Mesmo porque hoje, quando a preparação para o mercado de trabalho exige que os jovens prolonguem a dependência da família, não dá para afirmar que a adolescência realmente acabe aos 20 anos. As novas gerações têm demorado mais para entrar na idade adulta – aquela em que o sujeito é capaz de se responsabilizar inteiramente pela própria individualidade. A percepção de que a vida é feita de direitos e deveres faz parte desse processo de desenvolvimento. Significa aprender a arcar com as consequências dos seus atos e entender que sofrerá perdas quando não cumprir os acordos feitos em casa, com os pais. Seu desafio, como mãe, é permitir que o filho usufrua de liberdade crescente e, ao mesmo tempo, intervir pontualmente diante das atitudes imaturas que ele apresenta.
Uma vigilância discreta é o segredo para manter o equilíbrio dessa balança. Então, procure acompanhar de perto a vida do seu filho, sem assumir, entretanto, atitude invasiva. Por exemplo, pegar no pé porque ele bebeu e dirigiu é válido, mas querer controlar o que ele faz, aonde vai ou como organiza a própria agenda já extrapola esse direito. Esse tipo de controle excessivo, além de acabar desgastando o relacionamento entre vocês, vai atrapalhar o amadurecimento e a conquista de autonomia dele.
Fonte: Miguel Perosa, psicoterapeuta