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Brasileira torna-se mãe mais tarde e taxa de fecundidade não deve repor população

Estudo Conte com Elas, do movimento Pensou Mulher Pensou Abril, revela que, nos últimos 10 anos, média de filhos cai de 2 para 1,86 por mulher

Por Redação M de Mulher
Atualizado em 9 abr 2024, 11h51 - Publicado em 18 dez 2012, 21h00
Pensou Mulher Pensou Abril (/)
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Filhos cada vez mais tarde e a previsão de um Brasil velho
Foto: Getty Images

As mulheres estão postergando a maternidade no Brasil. Não só isso, a primeira gravidez também acontece cada vez mais tarde. Há dez anos, 27,6% engravidavam pela primeira vez após 30 anos. Hoje, o percentual chega a 31,3%. Isso sem contar aquelas que nem querem engravidar (hoje há no País 2 milhões de casais em segundo casamento, sem nenhum filho). Diante deste cenário, a taxa de fecundidade caiu. Nos anos 2000, a média era de 2 filhos por mulher, enquanto hoje é de 1,86 filho, número considerado abaixo do necessário para a reposição populacional. Por isso, em futuro próximo, o Brasil será um país velho, como revela o estudo Conte com Elas, realizado pelo Pensou Mulher Pensou Abril, área da Abril Mídia que nasceu como movimento Habla e tem o propósito de identificar tendências do comportamento feminino.

Ana Saboia, do IBGE, chama a atenção para a situação: “A taxa de fecundidade entre 34 e 39 anos, que o IBGE pesquisa a cada 5 anos, mostra que a postergação da maternidade é um caso sério no Brasil. É uma tendência total”. Segundo ela, os grandes fatores que causaram a queda de natalidade foram o acesso maciço das mulheres ao mercado de trabalho na década de 80, a maior escolaridade e a mudança cultural. “São esses três fatores que fazem com que a mulher seja tão bem formada, ingresse no mercado e não pense em ter filhos antes”, resume.

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Em entrevista ao Conte com Elas, a jornalista Bia, casada, diz que “vai ser mãe tarde – e se der”. Já Marina, antropóloga, é casada, tem filho de 1 ano e uma verdadeira logística para conciliar trabalho, estudos e os cuidados com o pequeno e a casa. Ela não conta com a ajuda de funcionária – contrata uma faxineira diarista semanalmente e só. Aliás, a profissão de doméstica é cada vez mais rara (as mulheres estão estudando mais e em busca de melhores empregos) e valorizada no Brasil, assim como acontece em países mais desenvolvidos. Segundo pesquisa do IPEA, nos últimos quatro anos, a oferta de mão de obra doméstica caiu 4% e os salários subiram 21%.

Brasileira torna-se mãe mais tarde e taxa de fecundidade não deve repor população
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Bia, Teca e Marina, entrevistadas do Conte com Elas: maternidade tardia ou “se der”
Foto: Divulgação

Uma ajudinha?

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Com menos possibilidades de contratar uma doméstica e tendo filhos cada vez mais tarde, a mulher de 30 e poucos anos e com um filho novo, provavelmente, no futuro, terá ainda que se responsabilizar pelos cuidados dos pais idosos. A qualidade e a expectativa de vida estão maiores no Brasil e vale lembrar que, culturalmente, a mulher é a responsável por esses cuidados no País. Hoje, segundo a pesquisa A Luta Por Talentos Femininos no Brasil, do Center for Work-Policy, dos EUA, 69% das brasileiras têm significativas responsabilidades de cuidado com parentes mais velhos, o que representa 23% de seus ganhos anuais. O mesmo estudo mostra que 59%das mulheres que trabalham sentem culpa em relação aos filhos e 44%, em relação aos pais – e sentem pressão da sociedade em colocar a família em primeiro lugar.

O minimetragem francês Rhapisodie pour un Pot-au-fe mostra o que pode ser o futuro da brasileira Y. A animação apresenta três gerações vivendo em uma mesma residência, comandada por uma mulher que trabalha dentro e fora de casa. Além de muito criativa e bonitinha, dá a pista do que pode ser a realidade futura de muitas brasileiras, que terão cada vez menos apoio de empregadas domésticas e cada vez mais a presença dos pais idosos e o comando da casa. Vale assistir para se inspirar. Ou então, lutar para reverter o cenário.

Para saber mais:

O Pensou Mulher Pensou Abril realizou o estudo Conte com Elas, em que apresenta o retrato atual da mulher brasileira usando diversas pesquisas e fontes como base. Com o mesmo método, o estudo projeta o cenário e a situação do futuro feminino no País, destacando três aspectos da realidade feminina – talento, tempo e cuidados -, no presente e no futuro.

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