7 situações que ilustram perfeitamente a ideia de consentimento
Foi preciso desenhar: o quadrinista Alli Kirkham explicita, por meio de ilustrações, o que é o consentimento na cultura do estupro
Quantas vezes frases como essas foram usadas para justificar um estupro ou qualquer outro tipo de violência sexual contra as mulheres?
“Ela pediu”, “Ela quis”, “Quem mandou andar vestida assim?”, “A roupa estava curta demais”, “Andando na rua a essa hora? Ia dar nisso, mesmo”, “Tem mulher que gosta”, “Você é minha”.
Não dá para contar. Acontece o tempo todo e com a maioria das mulheres ao redor do mundo. Segundo pesquisa realizada pela RAINN, uma organização antiviolência sexual dos EUA, 47% dos estupradores é amigo ou conhecido da vítima. Aqui no Brasil, a pesquisas também comprovam que a cultura do estupro é algo quase que institucionalizado – e que, na maioria dos casos, a culpa recai sobre a vítima e não sobre o agressor.
A ideia de consentimento e a culpabilização da vítima ainda são discursos extremamente presentes neste tipo de situação. Mas o quadrinista Alli Kirkham publicou no Everyday Feminism um quadrinho com sete situações do dia a dia que podem explicar – para quem não entende – a ideia de consentimento. É simples: quando ele/ela estiver a fim, você vai saber. Flerte é bom quando é convidado. Caso contrário, preste atenção nestas situações abaixo (a ilustração está em inglês, mas traduzimos de forma livre):
1. Você tem que ficar até o fim…
– Quer assistir Pulp Fiction?
– Claro
(Meia hora depois…)
– Ahn, eu não estou gostando muito disso. Vamos fazer outra coisa.
– Não! Você disse que queria assistir ao filme, então você tem que ficar até terminar.
2. Mas você disse que eu podia fazer isso…
– Obrigado por me emprestar o seu carro.
– Sem problemas!
(Na semana seguinte…)
– O que você está fazendo?
– Pegando seu carro emprestado. Você disse que eu poderia.
– Você não pode pegar o meu carro sempre que quiser.
– Que besteira! Você disse que eu poderia uma vez, então eu posso fazer isso sempre que precisar.
3. Você disse que gostava…
– Eu realmente gosto da nova música da “Fluffy Bunny’s”
(No meio da noite…)
– Oh, o que é isso?
– Você disse que gostava desta música…
– Sim, mas não quero escutá-la enquanto estou dormindo!
4. Você disse que queria…
– Então, quero fazer uma tatuagem aqui, algum dia. Bem aqui.
(Enquanto ele está inconsciente…)
-Você fez uma tatuagem em mim enquanto eu dormia? O que há de errado em você?
-Você disse que queria…
– Mas eu não queria enquanto estou inconsciente e sem saber o que estava acontecendo!
5. Você é minha esposa e este é o seu dever…
– Obrigada por fazer este café da manhã, querida.
– De nada!
(Na manhã seguinte)
– Cadê o café da manhã?
– Ah, não quis cozinhar. Coma um cereal.
– Você é minha esposa e é seu dever cozinhar para mim. Agora vá e faça alguns ovos ou você pagará por isso.
6. Você me deve isso…
– Eu trouxe as cartas. Agora posso ensinar você a jogar pôquer.
– Legal!
(Algum tempo depois…)
– Agora que eu sei as regras, não acho que este jogo é para mim.
– Você não pode me convidar para um jogo de cartas e não jogar. Eu aprendi tudo isso por você, então você me deve esta partida.
7. Você pediu por isso…
– Ei, você! Venha aqui pegar isso.
(Depois…)
– Mas eu não quero carregar estas coisas. Pare!
– Bom, você vestido como alguém que carrega pesos e mostrando os seus músculos. Você está pedindo para carregar estes pesos! Não me culpe.
Matéria publicada em Brasilpost.com