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6 questões de relacionamentos mais abordadas nos consultórios e suas soluções

As relações, principalmente aquelas que envolvem um projeto de vida a dois, estão sujeitas a mudanças e adaptações o tempo todo. Consultamos especialistas para saber quais as questões atuais dos casais mais ouvidas nos consultórios e como solucioná-las em prol de um final feliz.

Por Tatiana Bonumá (colaboradora)
Atualizado em 22 out 2016, 17h54 - Publicado em 15 Maio 2015, 05h04

A avó de Fernanda teve dez filhos, mas ela não quer ter nenhum. Tudo bem? Joana é apaixonada pelo marido, mas nem por isso quer que ele leia todos os seus e-mails e mexa no seu celular. Está errada? Sandra e Otávio estão juntos há oito anos, mas cada um vive em seu apartamento. Será que dá certo? Márcia e Roberto estavam casados fazia apenas seis meses. Na primeira briga, ela foi embora de casa. Exagerou? Renata começou a sair com um rapaz novo, mas não contou para a filha nem para o ex-marido. Por que será que não quer assumi-lo? Bárbara revira o perfil de cada mulher que comenta ou curte as publicações do namorado nas redes sociais. Ela é ciumenta demais ou ele está dando motivo?

Situações como essas têm se multiplicado atualmente pelos consultórios – e pelas mesas de bar, grupos de discussão no WhatsApp e comunidades no Facebook. Se você não está passando por uma delas, provavelmente já foi chamada a dar palpite em problemas semelhantes de amigas ou parentes. Afinal, os relacionamentos mudam constantemente, em sintonia com as transformações culturais e sociais do momento. Hoje, com a velocidade da vida e a falta de tempo generalizada, as relações parecem mais descartáveis e vulneráveis. Não deu certo, troca. Procure no aplicativo que você vai achar alguém novo – será? Por outro lado, a liberdade e a variedade de formações de casais nos dão a opção de escolher se vamos dividir a conta do jantar ou também a casa. Assim como são cada vez mais frequentes os parceiros que decidem manter a família resumida aos dois.

Atrás de tanta novidade, os especialistas garantem, moram os mesmos dilemas amorosos. “O que é diferente são as formas de comunicação, mas, no fundo, a essência é a mesma”, afirma Lidia Aratangy, psicóloga, terapeuta de casais e autora do recém-lançado SOS Amor (Primavera Editorial). “Antes, para conhecer alguém, você conversava com amigos e familiares dele. Hoje, traça um perfil pelas redes sociais”, completa. Veja como agir diante destas seis questões:

 

1. Preciso dividir minhas senhas?

E-mail, celular, redes sociais. Nosso cotidiano é cada vez mais regido por senhas secretas, cujo objetivo é garantir nossa privacidade. Mas como lidar quando o parceiro pede acesso irrestrito a elas? Muita gente ainda acredita que não compartilhar códigos de acesso é prova suficiente de que algo está sendo escondido. Mas não é bem assim. “Ter um momento seu não representa falta de lealdade ou infidelidade”, lembra Lucia Pesca, psicóloga especializada em sexualidade, de Porto Alegre. É justamente a singularidade de cada um que garante a novidade na vida conjunta e evita a rotina maçante. Por isso, os especialistas recomendam que cada parceiro mantenha atividades prazerosas independentemente do outro: sair com as amigas, almoçar com colegas e até viajar com a turma. Cada uma dessas experiências ajuda a enriquecer e a valorizar o encontro a dois. “Descobertas solitárias depois são compartilhadas e levam a questionamentos produtivos para a relação”, afirma. No mundo virtual, a regra é semelhante. Você pode e deve ter suas experiências particulares – desde que mantenha o respeito pelo relacionamento e pelo companheiro. Assim, conversas, fotos e algumas informações também devem ser resguardadas. “Divida apenas aquilo que irá contribuir para o cotidiano dos dois, que seja de interesse mútuo ou que aumente a intimidade”, recomenda Lidia Aratangy. Com as redes sociais, a mania de estabelecer um “pacto de transparência total” se tornou maior. Mas não deixe a pressão influenciar você. Combine com o parceiro que a relação será baseada na confiança na vida real e na virtual. E estabeleça acordos: se algo incomodar um dos dois, não deixem passar. Conversem e desfaçam o mal-estar.

 

2. Morar junto é essencial?

Na minha casa ou na sua? Mesmo casados, cada vez mais parceiros se questionam em relação a isso. Se antes fazia parte da ideia de intimidade dividir a cama e as contas, hoje tudo mudou. Cada um tem a possibilidade de escolher como estruturar a vida conjunta sem se preocupar com as regras e os contratos tradicionais. Dá para se casar e viver em apartamentos diferentes se for para assegurar mais momentos felizes e tranquilos entre os dois. Nem a distância é um impedimento tão grande, já que, com as facilidades da tecnologia, o contato é constante. O mais importante nessa questão é que o casal esteja bem resolvido a respeito da decisão tomada e que ambos se mostrem dispostos a tentar. “É preciso dar atenção aos desejos dos dois. Um não pode ceder só para que o outro fique satisfeito”, alerta a psicóloga Lidia Aratangy. E lembre que nenhum passo precisa ser definitivo. Vale fazer testes. Se não der certo, não tenha medo de soar o alarme e repensar o combinado. “Procure avaliar na prática esse tipo de convivência, dando a oportunidade de conferir se os medos se confirmam”, recomenda Christian Dunker, psicanalista, de São Paulo, e autor de Mal-Estar, Sofrimento e Sintoma (Boitempo). Experimente fazer uma viagem longa a sós com o parceiro ou passar uma temporada sob o mesmo teto para ver como é o dia a dia. Assim, terão mais confiança para dar o próximo passo tranquilamente, seja ele morar juntos ou separados.

 

3. As relações também são descartáveis?

Em um mundo que assumiu a linguagem e a velocidade da internet, as relações amorosas também adquiriram um novo ritmo. Nem sempre isso é bom. “O amor tem o seu tempo de amadurecimento, exige calma nas descobertas”, explica Lidia Aratangy. O imediatismo atrapalha e pode até impedir a união de se firmar. Interpretamos com muita seriedade se o parceiro demora a responder a uma mensagem ou se não corresponde ao que estamos sentindo com a rapidez desejada. Essa pressa gera ansiedade e desconfiança, o que acaba levando a relações frágeis e volúveis. A primeira briga ou o menor dos problemas fazem com que um dos dois desista, deixando claro como a relação é descartável. “No íntimo, o ser humano anseia por intimidade”, explica Teresa Avolio, psicóloga e terapeuta de casais, de São Paulo. O problema é que para conseguir algo tão valioso é necessário empenho, tolerância, compreensão e investimento, o que nem sempre estamos dispostos a dar. E, quando aquilo tudo se quebra, a disposição para colar os caquinhos passa longe. “Quase ninguém tem canetas-tinteiro ou relógios antigos hoje porque exigem consertos constantes. Essa tendência se reflete nos relacionamentos. Ninguém se dispõe a arrumar o que está quebrado”, aponta Lidia. Se quer que a sua parceria dê certo, pare de idealizá-la e opte por um posicionamento mais maduro a respeito da vida a dois. “Imaginar que não haverá perdas e que todos sairão ganhando nos acordos feitos é pura ilusão. Em um casamento, muitas vezes é preciso abrir mão do que se quer para entrar em acordo”, destaca o psicanalista Christian Dunker.

 

4. É hora de assumir como casal?

Vocês estão saindo há algum tempo, criaram um laço e há afeto, mas ninguém teve coragem de dar o próximo passo. Assim, você não foi convidada para o almoço de domingo na casa da irmã dele, não conhece o melhor amigo e muito menos aparece em fotos nas redes sociais do atual companheiro (e vice-versa). Isso que vemos hoje é um afrouxamento nas definições dos relacionamentos. “Vivemos uma fase de enorme variedade de composições, um cenário complexo de intimidades”, comenta Christian Dunker. Antes, as opções eram namorar, casar ou separar. Agora, tem quem fique junto apenas nos fins de semana ou conte com um companheiro para ir ao cinema, outro para jantar. “A facilidade em relacionar-se deixa no ar o pensamento ‘quem sabe não aparece algo melhor’, adiando o compromisso e quebrando parte do encanto”, avalia a psicóloga Lucia Pesca. Segundo ela, o erro está em convencer-se de que novas conquistas trarão mais satisfação do que a construção de uma união mais duradoura (que obviamente dará trabalho, mas também trará recompensas). Nessa situação, questione os próprios objetivos. “O que você procura: um namorado, um amante, um marido?”, pontua Margareth Signorelli, coach de relacionamentos, de São Paulo. E o que as ações do outro dizem sobre o que ele busca? Se não houver sintonia, se um só quiser sexo enquanto o outro está atrás de uma parceria a longo prazo, negociar fica difícil. Daí, o caminho será avaliar se o sentimento é forte o suficiente para fazer um dos dois mudar de ideia sobre o futuro? Se for, ótimo. Caso não tenha certeza, estabeleça um prazo para descobrir. Em dois meses, avalie se o namoro evoluiu e se os desejos se alteraram. Não? Então é hora de abrir o jogo e correr atrás de sua felicidade.

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5. Ter ou não ter filhos?

Se, há algumas décadas, a maternidade era encarada como uma consequência natural do casamento, hoje, ter filhos já é uma decisão bastante negociada entre casais. Em primeiro lugar, os dois precisam estar cientes das mudanças que a chegada do bebê causará – desde um novo planejamento profissional até a revisão das finanças, passando pelo impacto na vida amorosa – e aceitar encará-las juntos. “Ser pai ou mãe é um compromisso definitivo. É claro que assusta”, pondera Teresa Avolio. É essencial ter em mente que, em um relacionamento, algumas questões são negociáveis, outras não. Sobre a vontade de ter filhos dificilmente você conseguirá fazer o outro mudar de ideia. Por isso, conversar sobre o assunto é algo que deve vir antes de assumir qualquer grande compromisso, como casar. Esse é um projeto de vida do qual um não pode abrir mão e o outro não pode se obrigar a experimentar. “Caso só descubram a discordância depois, conversem e tentem se colocar no lugar do outro”, recomenda Miria Kutcher, life coach brasileira que atua em Miami. Você não quer ter filhos, mas o companheiro está pressionando? Esqueça suas convicções por um momento e, fazendo o papel de advogado do diabo, tente propor a si mesma motivos positivos para aumentar a família. “Só assim um vai se identificar com o outro e compreendê-lo melhor. A conversa deve se tornar menos conflituosa”, completa Miria. Lembre-se também de que não há uma resposta correta, a escolha é exclusiva do casal. Livre-se de qualquer pressão feita por familiares e amigos.

 

6. É interesse ou desconfiança?

Você está na happy hour com as amigas e o parceiro liga a cada 15 minutos? Checa suas publicações (e comentários) nas redes sociais e depois vem tirar satisfação? Esses exemplos poderiam passar por interesse sincero se estivessem alguns degraus abaixo do exagero. E, com a prática constante de escancarar a vida online, abusar do controle do outro é fácil. “Quando não tinha Facebook para fuçar, vasculhávamos bolsos de paletó ou papéis em casa. É do ser humano isso”, afirma Lidia. O problema é o monitoramento excessivo, sintoma de insegurança. Se o vínculo da relação não está fortalecido, o parceiro entende que o contato insistente é uma maneira de garantir o amor e a fidelidade. Ledo engano. “O domínio sobre o outro é totalmente ilusório. Nunca sabemos o que uma pessoa está pensando ou sentindo intimamente”, resume Lidia. Casos desse tipo, cada vez mais comuns nos consultórios, têm levado a términos. Por mais moderna que seja a situação, a palavra-chave é antiga: confiança. Primeiro, avalie se os sinais transmitidos entre vocês indicam alguma ameaça – ou insatisfação – a qualquer um dos lados. Depois, proponha uma conversa. “Explique que a situação tem deixado você incomodada e encontrem um meio de mudar”, recomenda Teresa Avolio. É importante estabelecer esses combinados logo no início da relação, quando o casal está se conhecendo, para que a ligação siga forte e respeitosa desde o início. Agora, se é você quem virou praticamente um detetive (ou stalker) da vida do parceiro, cuidado também. Procure entender por que se sente assim. É trauma trazido de uma relação antiga ou o amado está pecando na atenção à união? Tente reduzir gradativamente o número de acessos. “Novamente, é melhor chamar o outro para uma conversa olho no olho”, garante Teresa Avolio. E faça isso o mais rápido possível.

 

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