10 mulheres pioneiras que mudaram a história do país com seus trabalhos
Da primeira médica a tratar uma criança com Aids no Brasil até a primeira transexual no mundo trabalhando em um órgão recomendado pela ONU. Nestes 21 anos de história, o Prêmio Claudia tem dado destaque para trabalhos inovadores. Inspire-se com as finalistas que lutam por um mundo melhor
Essas mulheres reescreveram a história do Brasil. Elas abriram caminhos nos mais diversos setores e ganharam projeção internacional. E claro que o Prêmio CLAUDIA, a maior premiação feminina da América Latina, acompanha as exploradoras que dão os primeiros passos em suas áreas de atuação.
Desde 1996, nós contamos a trajetória de diversas mulheres. Este ano não é diferente. As 21 finalistas de 2016 encontram soluções, melhoram a vida dos outros e inspiram. As personalidades estão divididas nas seguintes categorias: Ciências, Cultura, Negócios, Políticas Públicas, Revelação e Trabalho Social. Ainda há a categoria Consultora Natura Inspiradora, que destaca o trabalho social de três consultoras da marca patrocinadora. Você pode fazer parte desta história. Conheça as finalistas e ajude a definir as vencedoras do Prêmio CLAUDIA 2016. Pra votar, você deve clicar no coração ao lado da foto de cada candidata.
Já é possível votar no Prêmio Claudia. Conheça as finalistas!
Enquanto isso, conheça 10 finalistas e vencedoras do Prêmio CLAUDIA em edição anteriores, que são pioneiras em seus campos de atuação:
Marinella Della Negra, primeira médica a tratar uma criança contaminada com o vírus da Aids no Brasil
Em meados da década de 1980, alguns médicos se recusavam a tratar pessoas com o vírus da Aids. Por desconhecerem as formas de transmissão, eles isolavam os pacientes soropositivos que, por vezes, morriam sozinhos. No Brasil, a infectologista Marinella Della Negra rompeu este padrão. Finalista da segunda edição do Prêmio CLAUDIA, em 1997, ela foi a primeira médica a tratar um bebê com HIV+, rejeitado por outras equipes, em 1985. Desde então, Marinella estudou com afinco o tratamento para crianças soropositivas. É pioneira também no uso da imunoglobulina para reforçar a capacidade do organismo infantil de resistir ao vírus. Em 1989, mobilizou empresas e pessoas e fundou a Associação de Auxílio à Criança Portadora de HIV.
Mayana Zatz, pioneira no estudo de doenças neuromusculares no Brasil
Nascida em Israel e radicada no Brasil, a bióloga molecular e geneticista localizou com a sua equipe três genes ligados a distrofia muscular, mal hereditário que causa a degeneração da musculatura. A pioneira nos estudos de doenças neuromusculares é professora titular de Genética no Instituto de Biociências, na Universidade de São Paulo (USP), e ainda coordena o Centro de Estudos do Genoma Humano, o maior pólo de investigação de problemas genéticos do país. O Prêmio CLAUDIA 2001 foi um dos primeiros da brilhante carreira da geneticista. Atualmente, ela coleciona mais de três dezenas de títulos e honrarias.
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Brasil tornou-se o primeiro país a sequenciar o código de uma praga agrícola com o Projeto Genoma gracas a elas
Cientistas vencedoras do Prêmio CLAUDIA 2000: Elisabeth Leme Martins, Ana Claudia Rasera, Marilis do Valle Marques, Anamaria Aranha Camargo, Mariana de Oliveira, Claudia Monteiro-Vitorello, Marie-Anne Van Sluys
Graças ao trabalho de 109 pesquisadores, o Brasil tornou-se o primeiro país a sequenciar o código de uma praga agrícola, em janeiro de 2000. Durante dois anos, o grupo trabalhou no Projeto Genoma da Xylella fastidiosa, a bactéria causadora do amarelinho, doença que entope os veios da laranjeira, impedindo o crescimento da árvore. Sete cientistas receberam o Prêmio CLAUDIA por sua dedicação e destaque no projeto. Elas finalizaram o sequenciamento genético da bactéria quatro meses antes do prazo. Ou seja, descobriram um total de 2,7 milhões de pares de bases do código genético do parasita. A descoberta das profissionais da área de biologia molecular da Universidade de São Paulo (USP), do Instituto Ludwig de Pesquisa sobre o Câncer e do Instituto Butantan, em São Paulo significou um avanço de dez anos de combate à praga.
Rosangela Bernabé, primeira bailarina no Brasil a ensinar dança para portadores de deficiência física e mental
No palco, a música diminui; a luz se apaga. Por alguns segundos, o silêncio é absoluto. Até que aplausos explodem na plateia. “Quando terminamos uma apresentação, há sempre um momento de suspense, porque as pessoas ficam perplexas, não acreditam no que viram”, disse Rosangela Bernabé em entrevista à Claudia em 2001. A vencedora do Prêmio naquele ano é a primeira bailarina do Brasil a dar aulas de dança para deficientes físicos e mentais. O projeto busca romper os limites do corpo do artista. A proposta é cumprida com maestria, como relatou a dançarina Ana Cristina, vítima de paralisia cerebral: “Eu era um casulo, hoje sou uma linda borboleta”. Em 2001, o grupo criado em 1991 já havia se apresentado em mais de 100 eventos internacionais.
Joênia Wapixana (Joênia Batista de Carvalho), primeira advogada indígena do Brasil
A índia da aldeia de Wapixana, no interior de Roraima, mal sabia falar português quando começou a frequentar a escola aos 8 anos de idade. A dificuldade em acompanhar as aulas não foi um empecilho para ela concluir o ensino médio no início dos anos 1990. O passo seguinte, de acordo com a tradição das mulheres indígenas instruídas era ser professora. Decidiu trilhar novos caminhos e foi trabalhar em um escritório de contabilidade. Mesmo sem conhecer nenhuma índia advogada, estudou Direito à noite enquanto trabalhava durante o dia. Era motivo de chacota entre os colegas de trabalho que duvidavam da sua capacidade. Ela os ignorou. Em 1997 formou-se na Faculdade de Direito da Universidade Federal de Roraima e tornou-se a primeira advogada indígena do Brasil. Joênia Wapixana, como gosta de ser chamada, foi presidente da Comissão Nacional de Defesa dos Direitos dos Povos Indígenas da Ordem dos Advogados (OAB). Após ser finalista do Prêmio CLAUDIA, em 2003, ela recebeu o prêmio Reebok 2004, nos Estados Unidos,,em defesa dos direitos humanos, concedido a ativistas do mundo com até 30 anos.
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Adelaide de Fátima, primeira empresária do setor madeireiro do Acre a adequar sua produção ao modelo sustentável
Para ganhar a simpatia da população, a empresária do setor madeireiro decidiu adequar sua produção ao modelo sustentável. Buscou orientação junto aos técnicos do Governo do Acre e implantou uma técnica de derrubada de árvores de forma planejada e não predatória. Foi a primeira empresária do setor no Acre a tomar tal medida. Tornou-se líder ambiental e decidiu se especializar no tema. A finalista do Prêmio CLAUDIA, de 2004, formou-se em Gestão Ambiental pelo Centro Universitário do Norte (Uninorte), em 2010. Foi presidente do Sindicato das Indústrias Madeireiras do Estado do Acre e da Associação das Indústrias Manejadoras do estado do Acre (Asimmanejo).
Thaisa Storchi Bergmann, primeira cientista a detectar materiais em torno de um buraco negro no centro de uma galáxia
A astrônoma e astrofísica gaúcha comprovou a teoria de que os buracos negros podem sugar qualquer coisa que se aproxime deles. A descoberta foi realizada em 1991, no observatório astronômico de Cerro Tololo, no Chile. Thaisa se tornou referência internacional. Reconhecimento importante, já que apenas 30% dos pesquisadores do mundo são mulheres, segundo a Unesco. É pós-graduada na Universidade de Maryland, em Washington, e, em 2015, foi vencedora do prêmio L’Oréal-Unesco para Mulheres na Ciência.
Ivete Sacramento, primeira mulher reitora negra
A vontade de conhecer o mundo impulsionou Ivete Sacramento a desbravar outros caminhos além da periferia de Salvador, onde nasceu. Aos 19 anos era professora em Utaitaba (450 km de Salvador). Saiu da Bahia para realizar um mestrado em Educação na Université du Quebec a Montreal, no Canadá. Quando voltou, tornou-se a primeira mulher negra brasileira a se tornar reitora de uma universidade, eleita para a função na Universidade do Estado da Bahia (Uneb) em 1998 e reeleita em 2002. Durante a sua gestão, implantou a política de cotas para negros, dobrou o número de cursos oferecidos e criou o Programa Intensivo de Graduação de Docentes. A educadora também milita contra a discriminação racial. Ela fundou o Movimento Negro Unificado da Bahia. Já recebeu mais de 25 prêmios e títulos concedidos pela sua atuação como educadora preocupada com a inclusão social do negro.
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Luslinda Valois, primeira juíza negra e primeira profissional a proferir uma sentença contra um caso de racismo no Brasil
Filha de um motorneiro de bonde e de uma lavadeira e neta de escravo, Luslinda ouviu de um professor que deveria parar de estudar e cozinhar para os brancos. A provocação a motivou a continuar estudando até se tornar a primeira juíza negra e primeira profissional a proferir uma sentença contra um caso de racismo no Brasil. Entre diversos projetos, ela reativou os Juizados Especiais na Bahia e atendeu bairros carentes de Salvador e Feira de Santana por meio da Justiça Itinerante, sala de audiência dentro de um ônibus. A vencedora do Prêmio CLAUDIA 2010 conta que o reconhecimento foi marcante para a sua vida. “Ganhei muito mais coragem e ousadia para batalhar pelos meus ideais”, revela. Atualmente é desembargadora aposentada e, em junho deste ano assumiu a Secretaria de Promoção da Igualdade Racial, sendo nomeada pelo presidente interino, Michel Temer.
Maria Clara de Sena, primeira transexual no mundo no cargo de Mecanismo de Prevenção e Combate à Tortura, orgão recomendado pela ONU
Com 1,90 m, cabelos cacheados até o ombro e gestos delicados, Maria Clara de Sena sabe ser doce e firme na mesma medida. Isso porque lida diariamente com um tema que exige tato e confiança: a garantia dos direitos humanos à população de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (LGBT). Ela é a única transexual no mundo no cargo de Mecanismo de Prevenção e Combate à Tortura, órgão do estado de Pernambuco, cuja criação segue uma recomendação das Nações Unidas. Desde 2014, verifica as condições de locais onde os maus-tratos são comuns, como presídios, asilos, delegacias e clínicas de reabilitação para dependentes químicos. “Muitas amigas ainda estão na prostituição, nos presídios. Algumas foram mortas e enterradas de terno e gravata”, lamenta. “Mas, apesar de tudo, nós estamos conquistando nossos direitos. Estamos inserindo as transexuais no mercado de trabalho, realizando cursos e garantindo de fato sua ressocialização”, explica a finalista do Prêmio CLAUDIA 2016.