Até 2030, quase metade das mulheres não vai se casar: entenda o novo cenário dos relacionamentos
Os novos dados do IBGE e tendências globais mostram uma revolução silenciosa: cada vez mais mulheres escolhem não casar
Menos casamentos, mais divórcios. A matemática dos relacionamentos modernos está reescrevendo o roteiro tradicional do “felizes para sempre”. Hoje, a troca de alianças não é mais o destino óbvio — e, para muitas mulheres, nem sequer o mais desejado.
Essa mudança, visível nas estatísticas mundiais, sinaliza uma transformação social profunda que coloca em xeque instituições antigas. Mas o que está por trás dessa tendência? Para entender por que as mulheres estão optando cada vez mais por não se casar, ouvimos Adriana D’Avila e Valéria Ferreira, psicólogas especialistas em relacionamentos.
O que revelam os dados
Pela primeira vez, a parcela de brasileiros que vivem em união conjugal consensual supera a proporção de matrimônios religiosos e civis. Em outras palavras, as pessoas estão optando por permanecer em um relacionamento sério ou em união estável em vez de oficializar um casamento. Os dados são do Censo 2022, divulgado na última quarta-feira (5) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Outra pesquisa do Instituto revelou que o número de casamentos registrados em 2023 teve um recuo de 3% em relação ao ano anterior. Em contrapartida, os índices de divórcios se mostraram 4,9% maiores no mesmo período.
Essa tendência também é global. Estatísticas do Censo e projeções do Morgan Stanley revelam que 45% das mulheres entre 25 e 44 anos serão solteiras até 2030 — a maior porcentagem da história.
A tendência se repete nos consultórios
De acordo com as terapeutas, os dados se confirmam nos consultórios: cada vez mais mulheres se questionam sobre o casamento, deixando de lado os roteiros prontos da vida e refletindo sobre o que faz sentido para cada uma.
“Atendo mulheres casadas há quatro décadas, incluindo aquelas com mais de 40 anos. Percebo que, cada vez mais, elas se sentem à vontade para colocar sentimentos de ambivalência ou questionarem aspectos do casamento“, diz Valéria.
A escolha por não casar se apresenta como um sintoma da possibilidade de refletir acerca de conceitos que antes eram vistos como um destino natural, ou como a “única opção”.
“Quando o casamento se torna um lugar de sobrecarga, silêncio emocional ou perda de si mesma, surge o movimento interno de questionamento”, explica Adriana. Para ela, não é que as mulheres estejam “contra” o casamento, mas sim negando formas de relacionamento que limitam sua autonomia e bem-estar.
A independência precede a liberdade
De acordo com dados divulgados neste ano pelo IBGE, 60,3% dos estudantes que estão no último ano da faculdade são do gênero feminino. A pesquisa ainda revelou que mais da metade dos lares do Brasil são sustentados financeiramente por mulheres.
Pela primeira vez, elas têm sua renda própria, carreira, identidade profissional e projetos pessoais independentes — e isso se reflete também nos relacionamentos.
“Quando a dependência financeira deixava a mulher vulnerável, comumente ela permanecia em relações pouco saudáveis por falta de alternativa”, explica Adriana.
Valéria acrescenta que, com a independência, o relacionamento ganha o sentido de realização, afeto e parceria, e não de necessidade. “Não elimina o desejo de amar, o que muda é o peso da escolha”, diz.
Emocionalmente sobrecarregadas
Não é novidade que, mesmo com os avanços sociais, muitas mulheres acumulam dupla ou até tripla jornada, o que envolve carreira, a gestão da casa e o cuidado emocional da família.
De acordo com Adriana, quando uma mulher percebe que, ao estar em um relacionamento, sua vida se torna mais sobre servir do que compartilhar, é comum que ela escolha pela solitude. “Em muitos casos, não é um afastamento do amor, mas uma forma de autocuidado”, acrescenta.
Já a psicóloga Valéria aponta para o outro lado da moeda: as mulheres sozinhas também estão sobrecarregadas. “Já ouvi no meu consultório de uma paciente separada há anos que, embora não deseje voltar a se casar, sente-se esgotada por ainda ser a principal responsável por tudo: casa, filho e decisões do dia a dia. É como se o casamento tivesse acabado, mas a carga continuasse”, diz.
“O que vemos não é um movimento ‘contra o casamento’, mas ‘a favor’ de relações que sejam verdadeiramente recíprocas, respeitosas e que promovam crescimento mútuo”, acrescenta a especialista.
Realização pessoal além do casamento
Quando o casamento deixa de ser o “destino final” para a mulher, surgem novas referências internas do que significa viver uma vida plena. “Hoje, a solteirice pode ser um ato de integridade emocional. Não é sobre estar só — é sobre estar inteira“, afirma Adriana.
A especialista aponta os três pilares da realização feminina: a autonomia e o sentido pessoal, com a possibilidade de construir a própria trajetória, com tempo para si; conexões afetivas que gerem nutrição e não desgaste; e a coerência interna, com a sensação de que a vida está alinhada com seus valores e identidade.
A psicóloga Valéria reforça: para ela, o que define o sucesso e a realização pessoal não está mais ligado à necessidade de cumprir papéis, mas à sensação de bem-estar com as próprias escolhas.
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