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Saiba o que é compulsão alimentar e como controlar esse transtorno

Conversamos com mulheres que vivem na pele e com especialistas que explicam a diferença entre o comer compulsivo e a ansiedade, além de tratamento e cura.

Por Daniella Grinbergas
Atualizado em 15 jan 2020, 09h00 - Publicado em 7 out 2019, 16h31

Depois dos diversos relatos de Cleo sobre como a atriz tem lidado com a compulsão alimentar, as pessoas passaram a olhar mais para o problema. Em depoimento sincero no programa ‘Conversa com Bial’, ela contou mais sobre o distúrbio: “De repente você passa por alguma coisa emocional que você fica desequilibrada, e aí você come o pé da mesa. Não tem fim. Come até passar mal mesmo”. E muita gente parou para se perguntar se está sofrendo disso. Então, conversamos com mulheres que vivem a situação e com especialistas que explicam o transtorno. 

“Comia tudo que a nutricionista havia proibido, barras e barras de chocolate e escondia os papéis nas gavetas, jogava a embalagem no lixo do andar de baixo, enrolava no papel higiênico para ocultar…”, lembra Adriana de Castro Roma. Com problemas no casamento, ela se apoiava na comida para encarar a realidade. Até que veio o divórcio. “Eu me olhei no espelho, estava 30 kg mais gorda, com problemas de gordura no fígado, gastrite, tireoide falhando… Havia chegado no fundo do poço, mas lá eu descobri que tinha formas de sair e que só dependia de mim”, conta. A compulsão alimentar era resultado de muitas frustrações, dietas restritivas, problemas mal resolvidos, depressão.

Sim, porque não é ‘só’ isso… Geralmente o transtorno de compulsão alimentar (TCA) está ligado a outros distúrbios. Segundo Eduardo Teixeira Martins de Oliveira, médico psiquiatra do programa de transtornos alimentares (AMBULIM) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, 80% dos pacientes apresentam simultaneamente um transtorno depressivo maior, fobia social, déficit de atenção, entre outros.

Mas como diferenciar uma alimentação exagerada durante um pico de ansiedade de um episódio de compulsão alimentar?

É preciso ter em mente que pessoas que não sofrem do transtorno também podem comer em excesso, de vez em quando. São as nossas beliscadas fora de hora, aquela pizza que quase não cabia e acabamos comendo, aquele dia em que a barra de chocolate foi inteirinha. “Não comemos apenas para saciar a fome física, comemos por diversas razões: pelo sabor, pelo prazer, pelo contexto social e pela inabilidade de lidar com nossas emoções”, aponta a dra. Vanessa Tomasini, psicóloga clínica idealizadora e criadora do Projeto #VcTemFomeDeQuê?.

Mas o sinal de alerta se acende quando os episódios são frequentes (pelo menos uma vez por semana em três meses consecutivos) e quando se percebem algumas características particulares do TCA. “O transtorno é caracterizado pela ingestão de uma grande quantidade de alimento em um período de tempo delimitado, acompanhado da sensação de perda de controle sobre o que ou quanto se come”, aponta a psicóloga.

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“A compulsão alimentar também está associada a comer mais rapidamente do que o normal, comer até se sentir desconfortavelmente cheio, comer grandes quantidades na ausência da sensação física de fome, comer sozinho por vergonha do quanto se está comendo e sentir-se desgostoso de si mesmo, deprimido ou muito culpado em seguida”, enumera o dr. Eduardo.

É o que relata a estudante de nutrição Francielly Carpes Freitas, que descobriu a compulsão aos 22 anos: “A gente se esconde das pessoas no episódio compulsivo porque a gente tem vergonha. E isso me causou uma depressão, engordei. Quando se tem transtorno alimentar, desde a hora que acorda o pensamento é na comida, no corpo, se você engordou ou não… A forma como a gente se olha é com tristeza”.

E apesar da culpa, o TCA não vem acompanhado de comportamentos compensatórios extremos, como vômitos provocados, ingestão de laxantes ou atividades físicas em exagero.

É preciso buscar ajuda!

Nem sempre o apoio está dentro de casa. “As pessoas acham que é falta de disciplina, mas elas não sabem. Isso causa mais descontrole, quanto mais tu sabes, mais queres comer. Eu ia ao mercado, sentia falta de ar, olhava os produtos sem critério”, relata Francielly, que buscou ajuda de um psicólogo, um psiquiatra e um nutricionista. “Hoje faço terapia e a psicóloga falou com minha mãe, a proibiu de falar de peso, a fez entender que é um distúrbio e que ela pode me ajudar.”

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O caminho foi perfeito. Para cuidar do transtorno, é preciso uma equipe multidisciplinar. O psiquiatra poderá indicar medicações (como antidepressivo e anticonvulsivante), o nutricionista fará a parte da terapêutica nutricional e a psicoterapia dará o suporte emocional (a mais indicada é a linha cognitiva-comportamental).

“Durante o episódio sei que não consigo me controlar, mas o importante é perceber os gatilhos. Às vezes tenho a sensação de que nunca vai ser fácil olhar para a comida. O foco do meu tratamento é diminuição dos episódios de compulsão e melhorar o comportamento em relação à comida”, diz Francielly.

E lembra da Adriana, do início da matéria? Ela está cada vez melhor! “Procurei um nutrólogo, desenvolvemos um projeto personalizado, meu médico e meu terapeuta abraçaram essa nova Adriana. Sei que minha jornada é longa, mas ela está sendo linda, construída por mim, com meus princípios e sem interferências negativas de outras pessoas. Estou me amando cada dia mais, sei exatamente o que quero e como faço para chegar lá. Vou conseguir”, diz.

“Com tratamentos adequados, a remissão pode chegar a 80% dos pacientes”, aponta o dr. Eduardo. Após seis meses sem nenhum episódio é possível considerar a remissão.

“Nenhum tipo de transtorno deve ser menosprezado. Todo cuidado é necessário e não, não é frescura! A sociedade que não é boa conosco. Às vezes estamos tão vulneráveis que nossas forças se esvaem, juntamente com nossa vontade de lutar. Sei que nem todos os dias serão fáceis, eu sei também que nem todos os dias são feitos para sorrir. Mas mesmo assim tento ser forte eu simplesmente relaxo e respiro, pois dias ruins também chegam ao fim”, diz Vanessa Coqueiro, que, com a ajuda certa, conseguiu a remissão.

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