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Menopausa: 8 mitos em que você deve parar de acreditar

Quanto mais cedo a mulher olhar e se preparar para ela - o que inclui desfazer fantasmas sobre envelhecer e outros mitos -, melhor e mais promissora será a sua vida

Por Cristina Nabuco (colaboradora)
Atualizado em 28 out 2016, 14h38 - Publicado em 24 nov 2015, 15h00

A atriz Angelina Jolie está adorando a menopausa. Em entrevista ao The Daily Telegraph, a atriz de 40 anos revelou que o processo é bem mais tranquilo do que imaginou. “Tenho muita sorte porque não tive nenhuma reação terrível. Eu me sinto mais velha, mas estou tranquila. Na verdade, estou adorando. Não quero ser jovem de novo”, declarou a norte-americana. Em março deste ano, a estrela optou por remover ovários e trompas para evitar um câncer, doença comum em sua família. Os procedimentos foram responsáveis por desencadear a menopausa, no caso dela, precocemente.

Muitas mulheres têm medo de passar por esse período, mas a verdade é que, hoje em dia, a medicina está a favor da saúde feminina. Descubra a verdade sobre os mitos mais comuns que rondam o fim da menstruação:

Mitos sobre a menopausa

É o fim da atividade sexual

Esse mito está por trás da polêmica sobre a reposição hormonal, na opinião do ginecologista Malcolm Montgomery, autor de Mulher: Um Projeto sem Data de Validade (Editora Integrare). “Quando o pâncreas falha, repomos insulina. Se a tireoide não trabalha bem, fornecemos o T4. Por que relutamos em oferecer hormônio na hora em que o ovário para de funcionar? Qual a razão de a mulher ter que aguentar passivamente essa agressão da natureza?” Segundo ele, trata-se de um tabu, já que mexe com a eroticidade: o tratamento desperta a libido, às vezes já adormecida, e a sociedade ainda tem dificuldade de aceitar uma mulher de 50 anos que se sinta atraída por um homem. “Antes do surgimento do Viagra, que devolveu a potência aos homens de meia-idade, era ainda pior. Ninguém admitia uma avó sensual, por exemplo.” Para Montgomery, a terapia de reposição hormonal é um dos maiores avanços para a sexualidade e a manutenção das funções do corpo, do psiquismo e da saúde em geral.

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Reposição hormonal faz mal

Esse temor ressurgiu em 2002 com um estudo que relacionou a terapia de reposição hormonal a maior risco de câncer de mama e cardiopatias. “Foi como uma bomba atômica”, compara a ginecologista Maria Celeste Osório Wender, presidente da Associação Brasileira do Climatério. “Durante dez anos, o trabalho foi reavaliado e criticado por ter analisado um esquema único de reposição hormonal (e existem vários!) em mulheres idosas e mais vulneráveis aos tumores e às doenças do coração.” Ainda assim, a endocrinologista Zuleika Halpern, de São Paulo, observa: “O medo do câncer é tão grande que há quem prefira sofrer os sintomas, embora os benefícios sejam indiscutíveis”. Claro, se não houver contraindicação: histórico de câncer de mama ou endométrio e ainda alto risco de desenvolvê-los, doença hepática grave, risco elevado ou histórico de trombose, infarto ou derrame, hipertensão descontrolada e diabetes de difícil controle. O último consenso mundial, de 2013, registra que o tratamento é seguro para mulheres com menos de 60 anos, nos primeiros dez anos após a parada da menstruação e com sintomas. Conforme o documento, o risco de câncer é pequeno e a terapia pode proteger o coração e o esqueleto. Montgomery lembra que a mortalidade por câncer de mama é menor em quem adere à reposição hormonal, porque se faz mamografia regularmente.

Remédios naturais são mais confiáveis

Nem sempre. Alguns estudos mostram que a isoflavona, estrogênio leve extraído da soja, atua nos calores moderados; outros não observaram resultado algum. “A isoflavona é contraindicada nos casos em que a reposição com hormônios não é aconselhada”, afirma Zuleika Halpern. Existem fitoterápicos, como cimicífuga racemosa, óleo de prímula, dong quai, ginseng e alcaçuz, que ainda esperam comprovação científica – e, como todo medicamento, natural ou não, podem ter efeitos colaterais. “Houve uma época em que se dizia que a terapia de reposição hormonal servia para todo mundo. Temos de evitar o outro extremo, de achar que não serve para ninguém”, diz o endocrinologista Pedro Assed, do Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia, no Rio de Janeiro. Qualquer tratamento instituído não deve ser seguido indefinidamente. A relação custo/benefício precisa ser revista ano a ano. “A prescrição vale até a próxima consulta”, avisa Zuleika.

Um estilo de vida saudável previne os calorões

Alimentação equilibrada e exercícios físicos ajudam a atravessar melhor essa fase, mas nem sempre impedem o aparecimento dos sintomas. O período mais crítico é a perimenopausa, que abrange de dois a quatro anos antes da última menstruação até dois depois, quando a queda nas taxas de estrogênio exige do organismo um esforço de adaptação. Cerca de 70% das mulheres apresentam fogachos (os calorões), dificuldade para dormir, oscilações de humor e falta de lubrificação da vagina. Segundo a ginecologista Maria Celeste, 20% têm queixas leves e 50% manifestam sintomas intensos e desafiadores. Suspeita-se que sua ocorrência e gravidade sejam determinadas por predisposição genética. Porém, na mesma família, uma mulher pode ter muitas queixas e sua irmã não apresentar incômodo algum.

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Dá para adiar a menopausa

Infelizmente, não. “A melhora da alimentação e a prevenção de doenças na infância reduziram a idade da menarca (a primeira menstruação) de 17 anos, na Antiguidade, para 12 anos, hoje”, diz César Eduardo Fernandes, diretor científico da Associação de Ginecologia e Obstetrícia do Estado de São Paulo (Sogesp) e professor da Faculdade de Medicina do ABC. “Mas o mesmo raciocínio não se aplica à menopausa, ou seja, um estilo de vida saudável não estende o período fértil.” No extremo oposto, maus hábitos, como abusar de comida gordurosa, ser sedentária e viver sob efeito do stress, não levam os ovários a se aposentar mais cedo – embora aumentem o risco de cardiopatias e outros males. Só o cigarro tem culpa nesse caso: pode adiantar a menopausa em até dois anos por fornecer substâncias tóxicas e alterar a irrigação sanguínea dos ovários. “Também não ganha uma espécie de bônus quem fica dez anos sem menstruar por usar anticoncepcional sem pausa ou ter um filho atrás do outro, como acontecia no passado”, diz ele. A idade da última menstruação é a mesma para as mulheres de hoje e de ontem: 50 anos em média. A menopausa é precoce quando ocorre antes dos 40 anos.

É possível prever o último ciclo

Não dá. Existe um cálculo aproximado. A dosagem de FSH (hormônio folículo-estimulante), que detecta a menopausa instalada, não tem capacidade de estimar para uma mulher de 35 anos quando seus ovários vão se aposentar. A menos que alterações no exame sejam acompanhadas de sintomas e outros indícios da aproximação da menopausa, como o encurtamento do ciclo menstrual ou, na fase posterior, alongamento do ciclo. Então, a última menstruação deve acontecer num intervalo de dois a quatro anos. “É o máximo que conseguimos prever”, explica Fernandes. “Não se trata de um plano de voo, em que há decolagem, cruzeiro e aterrissagem. As taxas hormonais estão sujeitas a altos e baixos.” Novos exames, caso da dosagem do AMH (hormônio anti-mulleriano), que avaliam a reserva ovariana, retratam o momento, não o futuro. A pista mais relevante é a idade em que a mãe e outras mulheres da família pararam de menstruar.

É o início da decadência

Esse conceito é tão arraigado que, em geral, as mulheres se entristecem com a descoberta. “Elas não gostam nem de contar para o marido. Receiam que ele se desinteresse por elas”, diz Zuleika Halpern. Mas nem todas as mudanças corporais são fruto da menopausa. Algumas derivam do excesso de peso, da falta de exercícios e de doenças não detectadas, como distúrbios da tireoide. Com o fim da produção de estrogênio pelos ovários, cresce o risco de osteoporose, instabilidade metabólica (elevação do colesterol e da glicose), depósito de gordura no abdome, ressecamento da pele e dos cabelos, às vezes depressão.”É uma fase de desestabilização, mas as perdas não são obrigatórias”, diz Maria Celeste. “Se contar com apoio médico, mesmo na ausência de sintomas, a mulher fará melhor essa passagem.” Vale o mesmo para quem tomou um susto ao chegar lá. Ainda é tempo de investir em dieta saudável (rica em cálcio, soja e derivados) e exercícios físicos. A reposição pode ser efetuada com hormônios idênticos aos naturais, sob a forma de pílula, spray nasal, creme vaginal, adesivo ou gel, contendo só estrogênio e progesterona ou também testosterona, para ativar a libido. Há, ainda, outros medicamentos que proporcionam alívio: alguns antidepressivos, como a desvenlafaxina, atenuam ondas de calor.

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Não há mais feminilidade

O modo como as mulheres encaram esse período é influenciado pela cultura. Para aquelas que supervalorizam a ideia de juventude eterna, o término da fertilidade pode ser um marco avassalador. Em outras, predomina a sensação de libertação pelo fim das preocupações com a procriação. “O que acaba é só a possibilidade de gerar filhos. A criatividade e o potencial não terminam nunca”, ressalta Malcolm Montgomery. Se olhar os ganhos, a mulher pode desconsiderar sua idade cronológica, valorizar seu vigor e sua energia e se envolver em vários projetos. “Neste início de século, ela ganhou autonomia e equilíbrio para viver o segundo tempo da maturidade dignamente.”

E para quem suspendeu a menstruação…

A primeira geração de mulheres que escolheu não menstruar está chegando à menopausa. Na falta da menstruação como marcador, os ginecologistas vigiam as taxas dos hormônios que estimulam os ovários. “Havendo sinais de falência desse órgão, começo a substituir os implantes anticoncepcionais pelos de reposição hormonal. Em vez de colocar seis tubetes de progesterona sob a pele, ponho quatro mais um de estradiol e outro de testosterona e vou fazendo a troca progressivamente”, explica o ginecologista Malcolm Montgomery. Desse modo, a menopausa ocorre de modo silencioso. “As mulheres não apresentam ondas de calor, secura vaginal, insônia, irritabilidade. Estavam livres de oscilações hormonais antes e continuam estáveis depois”, diz o médico, que acompanhou mais de 200 pacientes nessa fase. Quem fez a suspensão da menstruação com pílulas anticoncepcionais, emendando uma cartela na outra, ou com DIU à base de hormônio deve interromper o uso do contraceptivo escolhido, observar se os sintomas da menopausa aparecem e, em caso positivo, iniciar o tratamento. Mas quem se acostumou a viver sem o ciclo menstrual tem preferido não esperar para ver e iniciar logo a reposição. Escapar dos sintomas do déficit de estrogênio é um ganho importante, mas não o principal. O maior é de ordem emocional: “A mulher não passa pelo ritual mítico da última menstruação como anúncio de que está ficando velha. É mais difícil lidar com isso do que com os calores. E, se ela já não menstruava antes, é só seguir adiante”.

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