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Maratonista conta em livro como a corrida a ajudou a combater o câncer

Déborah Aquino encontrou no esporte a força e a determinação para enfrentar os obstáculos da vida - inclusive uma doença grave

Por Marcela De Mingo (colaboradora)
Atualizado em 28 out 2016, 14h39 - Publicado em 10 jul 2015, 13h29

Você pode não saber quem exatamente é Deborah Aquino, mas acredite: você quer conhecê-la. A dentista e maratonista, que escreve o Blog da Debs, relata há tempos a sua relação com a corrida, porém, mais recentemente, decidiu relatar uma outra maratona: a contra o câncer de mama, descoberto em 2013. Tanto que a sua história lhe rendeu um livro, chamado Num Piscar de Olhos, cujo lançamento oficial acontece no dia 15 de julho. Em uma entrevista exclusiva à CLAUDIA, ela conta um pouco sobre a luta e todas as suas vitórias até agora.

Como surgiu a ideia do blog?
Quando engravidei, queria fazer um diário para a Duda [sua filha], mas não queria fazer à mão. Aí eu pensei em fazer um blog, porque assim as famílias poderiam acompanhar [a dela é de Brasília e a do seu marido, Fábio, do Rio de Janeiro]. Eu já era corredora e corri grávida até a 32ª semana. Um dia, estava no Parque do Ibirapuera correndo e um pessoal da ESPN estava lá procurando uma grávida para uma reportagem. Eu fiz a matéria com eles e depois disso o blog começou a bombar… E aí deixou de ser um diário para a Duda, tirei tudo o que era mais pessoal, e virou um blog primeiro sobre a época da gravidez, depois sobre quando ela nasceu – eu engordei muito amamentando -, e foi um blog contando o meu período de emagrecimento. 

Mas, já que você decidiu tirar essa parte mais pessoal, por que você falou sobre o câncer no blog?
Quando eu tive o diagnóstico, na época tinha 50 mil seguidores no meu Instagram, e eu falei para o meu marido que iria cancelar a minha conta. Ele falou ‘Não, você está louca!’. Porque eu tenho uma linha de roupas fitness e, querendo ou não, o Instagram é um meio de vendas, e eu queria desistir, não queria abrir a minha vida desse jeito para os outros. E ele falou que eu não precisava contar sobre isso naquele momento, que poderia esperar um pouco e ver o que iria acontecer. Eu sumi, uns quatro dias. E o povo começou a perguntar, descobriram o Instagram dele… Aí pensei comigo: ‘eu ajudei tanta gente quando estava emagrecendo depois da gravidez, e sempre fui uma pessoa positiva. A última coisa que quero é me jogar em uma cama e ficar esperando esse tratamento passar. Então eu vou contar para todo mundo e seja o que Deus quiser’. E foi uma via de mão dupla, porque recebi muito carinho das pessoas que me seguiam e ao mesmo tempo acho que consegui ajudar muita gente.

Faz sentido, porque de algum jeito você acabou ajudando as pessoas a ter uma vida melhor, a lidar com coisas que são difíceis…
… Lidar com mais leveza. É um período difícil. Eu acho que a gente tem que curtir todos os momentos da vida, inclusive os ruins. Quando eu estava fazendo a quimioterapia, sempre pensava o que poderia tirar de bom daquilo tudo. Era um período que tinha que ficar mais em casa, não podia sair muito por causa da imunidade. Então li muito, fiquei muito com a minha filha, mudou muito essa relação com a minha família, eu acho que estava muito distante na época do diagnóstico…  Fiz coisas que não faço no meu dia a dia. Então acho que dos momentos ruins você pode tirar coisas boas.

Mas isso é que é legal, você tirar uma experiência bacana de um momento que poderia ser um verdadeiro tormento.
O meu médico falou uma coisa no dia do meu diagnóstico: ‘o câncer é um fato na sua vida. Aconteceu, você vai operar e vai fazer quimio. A forma como você vai lidar com isso é que vai fazer a diferença no seu tratamento’. Ele falou que estava acostumado a tratar mulheres com câncer de mama e que via mulheres como eu, com vontade de viver, e pessoas que preferiam se jogar na cama e esperar o tratamento passar, e que isso torna as coisas muito mais difíceis, um martírio mesmo. Eu procurei levar uma vida normal. Eu ia para a academia, fazia musculação, nadava, eu corri durante a quimio. As pessoas pensavam que eu tinha raspado a cabeça porque era estilo. Tentei passar da melhor forma possível.

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Como a corrida ajudou você nesse período?
Eu costumo fazer um paralelo da corrida com as situações que passo. Quando comecei o tratamento, tinha acabado de fazer uma maratona. Eu pensava que não sabia o que vinha pela frente, da mesma forma que não sabia como seria a maratona. Eu não sabia como o meu corpo iria reagir, não tinha a menor noção. Então pensei assim: eu fiz 16 quimios e cada uma encarava como um quilômetro a menos. Como se fosse uma corrida. E eu imaginava a 16ª, que seria o final, e que estaria livre disso e curada. Eu passei mal na 3ª e na 4ª sessão e quando isso aconteceu, pensei que passaria mal uns dois, três dias, mas eu tinha que focar no final. Isso me dava uma força para poder enfrentar esses momentos mais difíceis. Eu sempre procurei trazer a disciplina da corrida para o tratamento e acho que me ajudou muito.

Divulgação
Divulgação ()

Você imaginava que um dia você transformaria tudo isso em um livro?
Não! Isso para mim é uma coisa tão surreal… As fotos que fiz no livro, tirei logo que eu comecei o tratamento. Eu liguei para um amigo, que é fotógrafo, e contei que queria fazer umas fotos com a Duda e o Fábio, porque quero fazer um álbum pra Duda. Então, fiz as fotos, ficaram lindas e eu guardei. Aí quando eu estava terminando o meu tratamento, a editora me ligou falando que eles queria que eu escrevesse um livro. Ela queria que eu contasse sobre porque achava que tinha tido o câncer e como a corrida me ajudou. Em um primeiro momento, falei para o meu marido que eu não iria escrever. Porque eu teria que expor a minha vida inteira, mais do que já exponho nas redes sociais. Só que comecei a conversar com algumas pessoas que conheci durante o tratamento e até de trabalho voluntário que fiz, e as pessoas acharam a ideia demais. E resolvi escrever. Depois que vi o livro pronto, mostrei para algumas pessoas próximas e elas me contaram as reações que tiveram, e eu fiquei muito feliz com o feedback. Não era um sonho escrever um livro, mas desde que tive a doença, se tornou um sonho ajudar as pessoas de alguma forma.

Você parece ser uma pessoa muito positiva, você chegou a ter medo de morrer durante o tratamento?
Durante não, mas no dia que tive a notícia, só pensava que eu iria morrer. O primeiro dia foi o mais terrível. Eu só pensava: ‘gente, estou com câncer, vou morrer”. Aí eu olhava para a Duda e chorava pensando que não iria ver a minha filha crescer… Então, o único medo de morrer que eu tive foi quando recebi o diagnóstico. Quando cheguei ao consultório, o médico me explicou tudo, que o meu tumor estava em um estágio inicial e que eu teria que fazer a mastectomia e a quimioterapia, mas que a chance de cura era muito grande. E ele me falou que eu teria que ter pensamento positivo, porque não adiantava me tratar, se eu ficasse achando que ia morrer. Ele falou que o pensamento positivo é 60 a 70% do tratamento. E a partir daquele dia eu não poderia mais pensar em morte. Comecei a fazer meditação e ioga para me ajudar também nesses pensamentos mais positivos.

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Tem alguma coisa que você gostaria muito de fazer, mas ainda não fez?
Tem. Porque quando a gente passa por um negócio desses a gente faz uma lista! Eu tenho uma particularidade, eu não sei andar de bicicleta. E quando estava fazendo o tratamento, o meu treinador falou que se eu andasse de bicicleta seria mais fácil, porque correr baixa muito a imunidade. Mas não ia aprender naquela hora, imagina se eu tomasse um tombo… E isso foi uma coisa que eu me prometi: vou aprender a andar de bicicleta e fazer uma provinha de triátlon, nem que seja uma só na vida. mas eu vou fazer.

 

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