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“Estamos tensos sem saber que horas acaba o oxigênio e começa o desespero”

Médica que estava ontem no Hospital Getulio Vargas relata cenas angustiantes após acabar o oxigênio; pacientes serão transferidos para outros estados

Por Isabella D'Ercole Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 15 jan 2021, 12h55 - Publicado em 15 jan 2021, 12h40

“Eu estava ontem (14) no Hospital Getulio Vargas, em Manaus. Eu tinha sido acionada para montar uma nova enfermaria com mais leitos. Esses leitos nem tem previsão de ficarem prontos pela falta de previsão de oxigênio, entre outras coisas.

Eu entrei na UTI para ajudar, mas não sei se fui tão útil, porque o problema não era recurso humano. Tinha muita gente lá, médicos de todos os setores foram para tentar ajudar. A UTI estava uma loucura, era um desespero para tentar salvar os pacientes.

Foram três ou quatro óbitos na UTI. Sem oxigênio, não adianta. As pessoas morrem por hipóxia. Até o oxigênio improvisado chegar, foi um desespero. Era uma cena muito triste. Ao mesmo tempo, assisti o empenho da equipe para salvar essas vidas, um esforço bonito dos profissionais.

O triste é que o que está chegando não é suficiente para a demanda; é pouco. Há, fora os hospitais, os pacientes que estão em tratamento domiciliar, desesperados, atrás de oxigênio. Eles não conseguem mais encontrar.

Nas unidades, existe aquela ameaça do oxigênio que tem durar até tal hora. Aí alguém avisa que conseguiram mais um pouco e estende aquele período até tal hora. Está todo mundo tenso sem saber até que horas tem oxigênio e que horas começa o próximo desespero.

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O Getulio Vargas é um hospital universitário, federal. Eu fiz residência lá muitos anos atrás. Fazia tempo que não entrava ali, mas nunca tinha visto isso antes, acho que ninguém nunca tinha visto. Nunca ninguém tinha visto um consumo de oxigênio tão absurdo na cidade.

O número de casos é alto e a doença causa insuficiência respiratória, exigindo o oxigênio suplementar. Dessa vez, a doença está diferente. Tem mais pacientes jovens e sem comorbidades apresentando a forma grave e pacientes tendo acometimento pulmonar extenso muito precocemente.

Com o aumento do consumo nos hospitais e em casa, as empresas não deram conta. Foi isso que foi passado para a equipe. O ideal seria termos outras usinas produzindo na cidade. Toda ajuda é bem-vinda, mas não sei se será suficiente a longo prazo.”

 

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