Dei adeus à síndrome do pânico
A doença me deixou paranóica, quase acabou comigo. Mas eu aceitei o tratamento e venci. Hoje sou uma mulher realizada e feliz
Faz cinco anos que não tomo remédio nem tenho crises. Estou ótima.
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Eu era alegre e cheia de vida. Casei novinha e tive meu filho aos 18 anos. Semanas antes do nascimento do André, notei algo errado comigo. Por nada, sentia medo de tudo. Fiquei ultra-sensível às coisas banais do dia-a-dia. O barulho da rua, por exemplo, me fazia imaginar acidentes horríveis. Quando meu bebê nasceu, minha reação foi protegê- lo. Só eu podia cuidar dele.
Quando o André completou cinco meses veio a primeira crise de pânico. Ele chorava por causa de uma cólica e eu gritava. Nesse desespero senti o suor gelado e o tremor pelo meu corpo. Com o coração disparado, tive certeza de que iria morrer. A vizinha notou a gritaria, levou meu filho pra casa dela e me mandou descansar. Mas o meu medo de que alguém pudesse machucar meu filho era incontrolável. Era uma paranóia.
Essa crise durou 40 minutos e foi a coisa mais horrível que senti na vida. Quando aconteceu, 12 anos atrás, não se falava em Síndrome do Pânico. Os médicos me davam calmantes, não um diagnóstico. E, assim, a minha situação foi piorando. Aos poucos, parei de sair de casa sozinha ou com o André. Andar de ônibus ou dirigir, nem pensar.
Um dia, me olhei no espelho e constatei: em vez dos meus 60 kg originais, estava com 85! Foram quatro anos de sofrimento até o diagnóstico. Passei por cardiologista, ginecologista, clínico geral… E nada. Até que um neurologista desconfiou do pânico e me encaminhou para o ambulatório de ansiedade do Hospital das Clínicas de São Paulo. Lá, o psiquiatra prescreveu um antidepressivo e confirmou a doença.