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A vaporização vaginal faz bem à saúde íntima? Saiba mais sobre a técnica

A prática popularizada por Gwyneth Paltrow não limpa o útero nem tonifica a vagina, e pede cuidados específicos para ser feita.

Por Alice Arnoldi
Atualizado em 16 jan 2020, 09h26 - Publicado em 6 set 2018, 18h08

Estrela de filmes como “Homem de Ferro”e “O Amor é Cego”, Gwyneth Paltrow voltou a ser assunto recentemente por outro motivo: a atriz é uma forte adepta à medicina alternativa, e divulga desde 2015 em seu site a técnica de vaporização vaginal. A prática consiste em fazer uma espécie de sauna úmida para a vagina, usando água quente misturada a ervas aromáticas.

A proposta da vaporização vaginal seria “desintoxicar, tonificar, limpar o útero e reequilibrar os hormônios”, de acordo com a britânica Claire Stone, que oferece o tratamento no Reino Unido e deu uma entrevista recente à BBC sobre o assunto.

Mas será que Claire e Gwyneth estão certas?

Conversamos com a ginecologista Patrícia Gonçalvesmestre em Obstetrícia e Ginecologia pela USP e professora assistente em Ginecologia da Faculdade de Medicina da USP e do Centro Universitário São Camilo para entender melhor essa questão.

A especialista explicou que o grande problema é a forma como essa vaporização é realizada. “Não se pode fazer uma ducha íntima, caso contrário, toda proteção da vagina é retirada”, portanto, não respeitar os limites dos grandes e pequenos lábios, da vulva, chegando até a vagina – canal que liga o colo do útero à vulva -, é perigoso para a saúde íntima da mulher.

“A flora da vagina é composta por lactobacilos de döderlein, que são bacilos de defesa da vagina. Pela intimidade entre ela, a bexiga e o intestino, muitas vezes, sem a proteção vaginal da flora adequada, a vagina pode ser colonizada por outras bactérias oportunistas que vem do intestino, que migram pelos vasos linfáticos e não por contaminação fecal”, esclareceu.

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Ao contrário do que pode ser pensado, a ginecologista diz que a vaporização vaginal pode ser feita, sim, mas desde que externamente: na região do períneo – desde a vulva até o ânus -, que exige uma limpeza adequada.

Patrícia indica, primeiramente, o uso de sabonetes neutros para que o pH da vagina não seja desregulado e, consequentemente, a sua proteção natural não seja tirada.

Já a vaporização vaginal feita com chás de erva-doce e camomila, por exemplo, é indicada como uma forma de auxiliar na harmonia do pH vaginal. “As mulheres fazem uma vaporização externa para que se mantenha o equilíbrio do pH da vagina fazendo que com se tenha uma flora interna normal, portanto, equilibrando-a pela parte externa”.

“Propriedades desintoxicantes, de tonificação, de limpeza do útero e de reequilíbrio hormonal”? 

Claire Stone afirmou que a vaporização vaginal tem “propriedades desintoxicantes, de tonificação, de limpeza do útero e de reequilíbrio hormonal”, mas isso não é verdade, de acordo com a ginecologista.

Patrícia explicou que o útero não precisa de uma limpeza externa, já que ele por si só já é estéril. Portanto, fazer a vaporização interna pode ter um resultado contrário do esperado: com a introdução de um líquido na vagina, alguma bactéria oportunista pode ser impulsionada para a região, contaminando-a, e, então, subindo para o colo do útero, às trompas e chegando até mesmo a desenvolver uma infecção pélvica.

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Já a tonificação das paredes vaginais é mantida, segundo a professora assistente, enquanto a mulher está produzindo hormônios e ao passo que ela não está na menopausa – período marcado pelo fim da menstruação, em especial entre os 48 e 51 anos e, consequentemente, redução dos hormônios no corpo feminino.

“Quando a mulher entra na menopausa, os hormônios vão deixando de proporcionar o turgor na vagina e, então, o tratamento é outro: ou com hormônios locais, ou com sistêmicos – via oral, adesivos, gel, laser vaginal -“, o que a vaporização não é capaz de estabelecer.

A vaporização muda o odor da vagina?

Não pense que a vaporização vaginal mudará o cheiro da vagina para algo totalmente diferente, porque não é esse o objetivo dessa “sauna íntima”.

Como a ginecologista esclareceu anteriormente, a técnica é capaz de auxiliar no controle do pH do local, com o intuito de fazê-lo ficar neutro, o que faz com que o odor da vagina não seja nada além do característico.

Patrícia também explicou o que pode acontecer caso o pH esteja desregulado. “Ao ser ácido, ele pode propiciar a passagem de Candida, que é um fungo do intestino, para a vagina, por meio dos vasos linfáticos e vai fazer com que a mulher tenha um desequilíbrio – ela terá coceira, corrimento. Já se for muito básico, alcalino, porque fazer com outras bactérias oportunistas possam se desenvolver na região”, inclusive as que têm como consequência o forte odor, como a Gardnerella.

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