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Por que protagonista de novela não pode ficar solteira no fim da história?

Nesse Dia dos Namorados, que tal falarmos das poucas protagonistas solteiras da teledramaturgia?

Por Fábio Garcia
Atualizado em 15 jan 2020, 15h02 - Publicado em 12 jun 2019, 13h48

Nas semanas finais da novela ‘Senhora do Destino‘, lembro que eu comecei a contabilizar quantos personagens da novela iriam se casar. Eu havia percebido que muitos personagens secundários estavam começando relacionamentos com outros secundários, mesmo que eles nunca tivessem demonstrado qualquer proximidade, e foi aí que notei como as novelas tratam o casamento como um final feliz. Em ‘Senhora do Destino’ foram 16 casamentos no final da novela, mas na grande maioria das novelas percebemos que os personagens, e até a protagonista da trama, acabam sendo felizes apenas através do matrimônio.

As novelas são basicamente histórias de amor, mesmo quando não são. Às vezes tem uma trama de vingança, uma mulher que deseja algum objetivo ou apenas subir na carreira, mas sempre isso é mostrado ao lado de um relacionamento romântico. Essa regra funciona desde quando as novelas existem, e continuam sendo usadas em tempos mais modernos. Não existe espaço para uma protagonista terminar uma novela feliz com seu emprego ou com sua vida de solteira, a verdadeira felicidade só é aceita quando ela arranja um homem.

Pereirão e Guaracy em Fina Estampa
(Globo/Reprodução)

Os relacionamentos de protagonistas são imposições colocadas pelos autores de novela, mesmo quando a personagem não precisa. A Pereirão (Lília Cabral) de ‘Fina Estampa‘ era uma mulher autossuficiente, poderosa e dona de sua própria vida, a personagem era tão grandiosa que nenhum homem da novela conseguia chegar aos pés dela. Segundo o roteiro, ela deveria ser disputada por René (Dalton Vigh) e Guaracy (Paulo Rocha), mas nenhum dos dois tinha qualquer química com a protagonista. Mesmo assim, o autor optou por colocá-la com um deles, pois mesmo alguém feliz como Pereirão poderia ser vista como fracassada se não tivesse um homem.

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A imagem de que a mulher só é feliz com um casamento vem de muito tempo atrás, e é uma narrativa criada por uma sociedade de pensamentos machistas. Desde o Romantismo (aquele da literatura mesmo, que aprendemos na escola), a mulher é retratada como alguém incompleta, que precisa de um homem. A Aurélia (protagonista do romance ‘Senhora’, de José de Alencar) é uma mulher poderosa e vingativa, mas mesmo assim a história pendia para o lado romântico. A “independência” das mulheres veio com o tempo, tanto que a possibilidade ao voto veio somente em 1932, mas na mídia caminha a passos de tartaruga: nossas protagonistas de novelas ainda são mostradas como pessoas incompletas.

Mas não se engane, não estamos torcendo pelo fim dos casais nas novelas. Histórias de amor impossíveis ainda rendem boas histórias, mas será que os autores de novela não poderiam investir em tramas diferentes? As mulheres não precisam sempre de um homem ao lado, elas têm poder de fazer muitas coisas por conta própria. E se estamos vendo isso na vida aqui fora, as novelas deveriam retratar isso em suas histórias.

Mesmo ‘O Sétimo Guardião‘ sendo um fracasso de público e de crítica, a trama merece aplauso por pelo menos uma decisão ousada: a protagonista terminou a novela sozinha, crescendo na carreira. Luz (Marina Ruy Barbosa) passou a trama sendo disputada por Júnior (José Loretto) e Gabriel (Bruno Gagliasso), mas no final escolheu a profissão e se formou arqueóloga, terminando a novela como uma pessoa bem sucedida. Que a gente tenha mais Luz nas próximas novelas, não é mesmo?

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