Vou aproveitar cada minuto da vida, diz menino resgatado de caverna
Depois da alta do hospital, os meninos tailandedes contam como foi o racionamento da comida e como se mantiveram calmos
Os meninos que passaram pelo episódio chocante dentro de uma caverna na Tailândia já estão se recuperando do ocorrido e deram a sua primeira entrevista coletiva depois de deixarem o hospital. Logo de manhã desta quarta (18), as crianças estavam respondendo perguntas e explicando como sobreviveram nas condições em que se encontravam na caverna.
“Éramos como uma família dentro da caverna”, diz um dos 12 meninos. Ele e seus colegas eram membros do time de futebol Javalis Selvagens, com Ekapol Chantawong, de 25 anos, como seu treinador.
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Na entrevista, os jogadores contaram que foram obrigados a beber água que escorria nas rochas para se manterem vivos. A única comida que tinham vinha do técnico, que levou um pouco de alimento consigo. Um dos meninos inclusive reforçou que Ekapol era como um pai para os jovens, os mantendo aquecidos e calmos – com a ajuda de técnicas de meditação.
Por não terem como conseguir novos suprimentos dentro da gruta, os meninos tinham que racionar e revezar os alimentos. “Tentava não pensar em comida, pois isso me deixava ainda mais faminto”, contou o mais jovem, de apenas 11 anos. O pequeno ainda disse que se sentia constantemente fraco, como se fosse desmaiar, e a única saída que encontrou era encher o estômago com água, com o intuito de ignorar a fome.
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Nessa primeira aparição pública os meninos pareceram mais saudáveis do que estavam na primeira foto tirada deles dentro da caverna, onde estavam mais fracos e magros. Ainda que estivessem com fome já no primeiro dia, eles revelaram que só se sentiram fatigados a partir do segundo dia presos.
Dentro da caverna, enquanto a água avançava, o grupo tinha que procurar lugares cada vez mais altos no complexo, para se refugiar. Foi aí que se depararam com uma parte sem saída, na qual tentaram cavar uma saída nas paredes da gruta. No entanto, por não saberem se encontrariam de fato um caminho para o lado de fora, ou o quão longe estavam do ponto onde entraram, decidiram esperar.
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Na coletiva, quando questionados sobre o que diriam aos seus pais, a maioria respondeu com pedidos de desculpas. Dentro da caverna, segundo os próprios garotos, eles pesavam muito na bronca que levariam dos pais e em toda a preocupação que estavam causando.
Ao primeiro indício de resgate, um dos meninos disse que, assim que a primeira lanterna emergiu da água, parecia um milagre. Para eles, a experiência serviu como uma lição de vida. Um deles explica: “Acredito que me deixou mais forte”. Outro deles aprendeu com o ocorrido e disse: “Depois disso, vou tentar viver cada minuto da minha vida”.
Como faziam parte de um time de futebol, muitos dos meninos têm o sonho de se tornaram jogadores profissionais. Mesmo depois da experiência, disseram que querem seguir em frente com esse desejo. Um deles, no entanto, contou que deseja se tornar um monge.
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Toda a coletiva foi monitorada por especialistas e as equipes de resgate dizem que vão se focar em cuidar do psicológico dos meninos. O objetivo principal é fazer com que os meninos possam continuar suas vidas de forma normal.
Entenda o caso
Os 12 meninos, com idades entre 11 e 17 anos, e seu técnico ficaram presos no complexo de cavernas de Tham Luang, no dia 23 de Junho. Todos alegam que concordaram em entrar na gruta para explorar a caverna. Eles já conheciam um pouco o lugar, mas não conseguiram sair quando a água bloqueou a saída.
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Foram encontrados, então, no dia 02 de Julho, por um grupo de mergulhadores britânicos. Durante todo o período, ficaram sem luz ou comida suficiente para todos. Uma operação enorme foi montada do lado de fora e noticiada por todo o mundo.
Depois de 15 dias enclausurados, no dia 08 de Julho, os primeiros meninos foram retirados da caverna, com a ajuda dos especialistas em mergulhos desse perfil. Os últimos garotos e o técnico foram resgatados no dia 11 de julho, depois de 17 dias que já estavam dentro da gruta. Todos foram levados ao hospital e tiveram acompanhamentos médicos e psicológicos.
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