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Você pode curar sua vida

Nossa colunista Marcela Leal fala de como abriu mão da vaidade intelectual para abraçar uma simples verdade

Por Marcela Leal (colaborador)
Atualizado em 28 out 2016, 08h50 - Publicado em 1 fev 2016, 17h42
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Em dezembro de 2010, o primeiro livro da Louise Hay caiu na minha mão. Se chamava Você Pode Curar Sua Vida. Era uma edição bem colorida e cheia de ilustrações e me soou bastante infantil na época. Cheia de preconceito com aquilo que é simples e trabalhada dos pés a cabeça por um intelectualismo boçal equivocadamente fundamentado nos anos de estudo de filosofia e todo tipo de livro científico que passava pela minha frente, eu julguei aquele livro. Afinal era um livro de “autoajuda” e na minha cabeça só as minhas tias velhas donas de casa que não tinham mais o que fazer além de assistir novela liam este tipo de livro, ainda mais com todo aquele colorido. E confesso que por pouco não li.

Este livro, como todos os outros dela, propõe ao leitor que faça uma série de exercícios pra que ele comece a se conhecer melhor e a se amar. Então, me rendi ao “ridículo” e fui lá fazer o exercício, bem escondida entre as quatro paredes do meu quarto. Ele propunha que eu olhasse meu rosto num espelho e dissesse a mim mesma olhando nos meus olhos em voz alta: “EU TE AMO E TE ACEITO PROFUNDAMENTE!”

Tentei, me achei ridícula e parei. Voltei a tentar e, antes que eu começasse a falar, tive logo a minha atenção voltada pra um cravo no nariz: “Meu Deus, esse cravo, que coisa horrível.” E depois sorri e vi que meus dentes estavam ficando amarelos de tanto café e depois ouvi a minha própria voz interna me recriminando: “Como você pode deixar isso acontecer, sua relaxada!”. E depois comecei a olhar os sinais do tempo no meu rosto e pensei: “Nossa, eu estou velha!”. E assim fui criando mil empecilhos para não olhar para mim verdadeiramente. Voltei a fazer, insisti e comecei a ver o quanto me bloqueava, o quanto era difícil amar a mim mesma. Depois de uns três dias de prática, comecei a olhar para mim e me achar legal, e em pouco tempo comecei a sentir um profundo respeito e amor por mim, amor pelas minhas escolhas, por eu ser tão corajosa em tantos momentos, e comecei ver qualidades em mim que nunca tinha visto. Resumindo: comecei a gostar de mim. Imaginei a quantidade de tempo que passei olhando de forma equivocada para mim e me amei. Simples, né? Não, não é simples. Lembro que na época tentei obrigar todo mundo que estava perto de mim a fazer esse exercício, lembro-me da reação de uma tia minha que se olhava no espelho, tentava falar as palavras, travava e dizia: “Não consigo! Estou muito feia. Preciso de plástica”.

Imaginem, vivemos assim. As pessoas vivem assim, pensam isso a respeito delas mesmas todos os dias. Nascem, crescem e morrem pensando desta forma. Como é possível construir boas relações, ter boas oportunidades profissionais, ter saúde, pensando assim 24 horas por dia? Impossível.

Hoje sou muito grata a Louise Hay. Entendi que, para entrar em contato com a verdade a respeito de que somos, é necessário abandonar o intelecto e isso na maioria das vezes se torna um empecilho. Como alguém pode abandonar o patrimônio de todo um conhecimento adquirido durante anos de investimento em faculdades, cursos e MBAs e se jogar sem paraquedas numa abstração chamada amor? Sem dúvida o amor verdadeiro é o terreno mais desconhecido e temido que existe. Estranho, né? O intelecto é importante sim, mas apenas para chegarmos ao entendimento de que teremos que nos desfazer dele e amar, amar sem barreiras. E é tão simples que dá medo.

Marcela Leal escreve no site quinzenalmente. Para falar com ela, clique aqui!

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