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“Vamos dar uma cara nova para o mundo de tecnologia”

A expert em ciências da computação Camila Achutti conversa sobre a igualdade de gênero e inclusão na informática

Por Carolina Scatolino
Atualizado em 7 set 2017, 22h17 - Publicado em 4 set 2017, 20h51

A um mês da grande noite do Prêmio CLAUDIA, marcada para 2 de outubro, damos continuidade à série de entrevistas com finalistas e vencedoras de edições passadas.

O Live da última sexta-feira (01) recebeu a especialista em tecnologia Camila Achutti, que concorreu à categoria Revelação de 2015, quando tinha apenas 23 anos.

No bate papo com a editora de comportamento de CLAUDIA, Isabella D’Ércole, a jovem falou sobre a importância da inclusão das mulheres no mundo da tecnologia e defendeu o ensino de programação nas escolas.

Camila é fundadora do blog Mulheres na Computação e uma das principais porta-vozes na defesa pela popularização da informática tanto entre as mulheres como nas escolas. É também uma das sócias e fundadoras de duas startups de tecnologia com faturamentos milionários.

Veja a seguir os principais temas discutidos na entrevista:

Cruzada Tecnológica

Camila contou sobre como começou a pensar sobre a diferença do tratamento dado a homens e mulheres no mundo da informática. Em seu primeiro dia de aula na faculdade de Ciências da Computação, na USP, percebeu que era a única mulher entre os alunos.

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“Aquilo me incomodou muito porque, na minha cabeça, as meninas não tinham tido a oportunidade de chegar ali“, disse a cientista, que, pouco depois, começou a escrever em um blog sobre a difícil tarefa de ser garota em um ambiente majoritariamente masculino. “Eu digitava no Google ‘mulheres na computação’, ‘mulheres na tecnologia’ e não vinha nada”.

Blog

O sucesso do blog foi tão grande que acabou ganhando reconhecimento internacional pelo Women of Vision, prêmio concedido a iniciativas de destaque na tecnologia feitas por mulheres.

“Foi a primeira vez que o prêmio saiu na América Latina. A gente conseguiu, de fato, liderar um movimento no Brasil. Todos os dias recebo e-mails de meninas mandando convite de formatura.

Hoje o blog tem uma equipe que responde aos e-mails, tem meninas que escrevem, fazem poesia em código. Tem senhoras que, depois de tarde, foram estudar tecnologia e assinam a coluna +50 do blog”.

Tal pai tal filha

O pai de Camila, especialista em tecnologia da informação, foi o responsável por despertar na menina o interesse pela área. Ao ouvi-lo ditar códigos ao telefone que soavam ininteligíveis com algum colega de trabalho, Camila, ainda menina, ficava intrigada. “Fui estudar computação por causa disso”.

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Para ela, o mundo tecnológico ainda é pouco familiar às meninas. “De fato, falta muita informação. As meninas sequer são apresentadas a essas possibilidades. Quando você pensa em alguém da tecnologia você pensa no Mark Zuckerberg, no Bill Gates, que são meninos brancos do Vale do Silício.

É muito louco como isso faz parte do nosso inconsciente desde muito cedo”.

Faturamento milionário

Camila, que também tem um forte espírito empreendedor, comanda duas startups cujos faturamentos estão na casa dos milhões de reais: a Projeto 21, uma agência de inovação, e a Mastertech, que atua na área da educação.

“Faturamento milionário é bem diferente de estar milionária. É diferente, mas a  gente vai chegar lá. Aqui no Brasil é muito difícil empreender, principalmente em educação.

E a gente conseguiu, de fato, um faturamento legal. A Ponte 21 é uma agência de inovação em que são feitos projetos de tecnologia para grandes empresas e startups.”

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“Tecnologia aqui no Brasil ainda tem muito a ver com carreira técnica. A nossa visão é mais criativa, de transformação.

Mastertech é o braço de educação. Acho que é a entrega mais relevante que eu e meu time fizemos. A gente forma e consegue fazer esses shifts de carreira”.

“Se uma pessoa hoje quer se tornar um programador ela vai ter que fazer uma faculdade tradicional, de 4 anos. Hoje em dia ela tem a possibilidade de fazer o Mastertech, onde ela se dedica dois meses para estudar o que, de fato, o mercado está usando”.

Tecnologia para todos

O interesse pelo tema só cresce, é o que apontou Camila. E está se tornando mais acessível.

“Atualmente no Mastertech temos uma porcentagem muito grande de meninas, por volta dos 60% . Não é um projeto exclusivo para mulheres, mas a gente está muito animada em estar liderando esse movimento. Vamos dar uma cara nova para o mundo de tecnologia”.

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“A gente tem vontade usar a tecnologia como ferramenta de transformação social. Quando a gente vai fazer uma formação na Amazônia, por exemplo, mudamos drasticamente aquela realidade, sem necessariamente mudar a trajetória daquela comunidade. Você os empodera com uma outra ferramenta”.

Tecnologia X Educação

Camila sonha com o dia em que a computação fará parte da grade disciplinar das escolas. Para ela, o sistema educacional está atrasado em relação ao tema.

Espero que a gente consiga colocar dentro de escola como matéria da educação básica, que esteja na grade curricular para que todos tenham a oportunidade de entender minimamente. É o que a gente chama de literacia digital. É uma habilidade que o sistema educacional não acompanhou.”

“Por que a gente não mudou a grade? Por que a sociedade está evoluindo em um ritmo absurdamente rápido e o nosso sistema educacional não está conseguindo acompanhar? Estamos vivendo esses dilemas que, na minha visão, são oportunidades que a gente tem de se reinventar”.

“Tenho plena convicção de que temos que ensinar essa galera a falar com as máquinas. Assim como a gente ensina os pequenos a ler e a escrever desde cedo”.

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Games

Será que os games podem ser aliados na tarefa de ensinar tecnologia às crianças? Camila responde:

“A geração mais nova está muito acostumada a fazer qualquer coisa no celular. Tanto dispositivos móveis quanto games são ótimas portas de entrada no processo, principalmente com a galerinha mais jovem. Eles são catalisadores incríveis dessa curiosidade.”

O Prêmio CLAUDIA

Segundo Camila, a indicação ao Prêmio CLAUDIA a ajudou na escolha dos rumos que sua carreira na tecnologia iriam tomar.

“Foi muito marcante para mim. O blog já tinha alguma relevância. Na época eu estava fazendo mestrado, estava entendendo o que eu ia fazer. Foi logo depois do Prêmio que eu decidi: é isso que vou fazer da minha vida.”

“Quando um veículo como CLAUDIA olha e reconhece seu trabalho, quer dizer que você está no caminho certo. Foi muito incrível a experiência. Nem eu me reconheci dentro da minha própria história, sabe? Sou eternamente grata.”

Camila contou ainda que, com o Prêmio, nova amizades e parcerias se firmaram. A convivência intensa proporcionou a formação de uma rede de apoio e suporte em que as finalistas estimulam e apoiam o trabalho umas das outras.

“Criamos um grupo no whatsapp de todas as meninas. Por mais que exista uma eleição, vira uma família e, como você convive três dias bastante intensos, você fica amiga de todo mundo.”

Gostou?Assista a entrevista completa agora!

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