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Sorte ou azar?

Para nossa colunista Marcela Leal, quando algo ruim nos acontece, é bom nos questionarmos: foi mesmo ruim?

Por Marcela Leal (colaborador)
Atualizado em 27 out 2016, 19h22 - Publicado em 11 jan 2016, 11h01

Já dizia o livro do Tao que tudo tem seu oposto. Somos seres duais e, como tal, oscilamos entre o negativo e o positivo, o yin e o yang, entre o amor e o medo, entre o tempo e o presente, entre o ser e o não ser. Por isso, definir algo como certo ou errado é só uma questão de ponto de vista. O grande segredo está em percorrer o caminho do meio, fora dos extremos.

Hoje tenho gratidão por ter saído de um relacionamento de seis anos com alguém que, na época, gostava bastante. Agradeço a essa pessoa por ter terminado comigo e me mostrado que a força que eu buscava nela estava em mim. Sem este término, bastante traumático para mim na época, eu não teria crescido e aprendido que tenho tudo em mim, que não preciso nunca me escorar em alguém para ser feliz. Isso não é amor, é apego e, sinceramente, ninguém aguenta alguém assim, como ele não aguentou.

Hoje entendo que é possível colher frutos e ter gratidão por cada coisa que me aconteceu na vida e, olhando, por esse ângulo, não tem como definir, por exemplo, se a morte do meu pai foi boa ou ruim para mim. Quando aconteceu me revoltei, sofri, o culpei por ter ido embora. Hoje vejo amor em todas as cenas, vejo amor no fato de ele ter ido embora, porque tive que buscar sozinha todas as informações que obtinha com ele, tive que ler e estudar muito por minha própria conta. Como cara inteligente que era, ele era o meu Google na época e, sem perceber, eu negligenciava a minha própria capacidade de aprender por mim mesma. Eu não sabia nada, mas tinha um pai que sabia tudo. Além disso, entendi que a proteção que buscava nele estava dentro de mim. Que tenho “a força” dentro de mim. O que sinto hoje é que é possível olhar e ver tudo que ganhei com esta experiência e com outras que já julguei como “ruins”.

Querida leitora, preste bem atenção a tudo que lhe foi “tirado” na vida. Pense em como você lidou com isso, como teve que compensar essa falta, e perceba se você não cresceu com isso. Eu sei que não é fácil aceitar o que estou propondo, mas é possível reverter esse jogo e amar cada instante de nossa vida e perceber que, por trás de tudo, existe uma força maior que nos ama e nos impulsiona a crescer e a evoluir, sempre, e assim vamos ficando cada vez mais fortes, até que consigamos olhar e agradecer por cada situação passada.

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Este assunto me lembra de uma parábola muito antiga que contava o seguinte:

Numa aldeia vivia um homem pobre com seu filho. Não tinham nada, apenas um cavalo. Um dia o cavalo fugiu e o povo do vilarejo começou a dizer para o homem: “Você tem azar! Seu cavalo fugiu!” E ele respondeu: “Sorte ou azar, não sei…”.

Um mês depois, o cavalo voltou trazendo com ele mais dois cavalos selvagens e o povo do vilarejo, espantado, disse para o Velho: “Você tem sorte! Está rico. Seu cavalo voltou com mais dois.” E ele respondeu: “Sorte ou Azar. Não sei…”.

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Um mês depois o filho do velho caiu de um dos cavalos selvagens e quebrou a perna. O povo do vilarejo falou: “Você tem azar! Seu único filho se acidentou. Quem vai te ajudar agora?” E o velho: “Sorte ou azar… Não sei…”.

Um mês depois, estourou uma guerra e todos os jovens do vilarejo foram convocados, menos o filho do velho, que estava com a perna quebrada. Foi então que todos admitiram ao velho: “Você é um sábio! Será nosso conselheiro.”

Marcela Leal assina esta coluna aqui no site quinzenalmente. Para falar com ela, clique aqui!

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