“Parece vingança. Mas não foi por ciúmes”, diz finalista do Prêmio CLAUDIA sobre caso de Fernandinho Beira-Mar
Autora Mônica Azzariti lança livro sobre crime comandado pelo traficante, que ligava a todo instante para acompanhar a sessão de espancamento
Quando era perita do Ministério Público, Mônica Azzariti conversou com bandidos perigosos em diversos presídios do Brasil. Ela entrava em contato para identificar as vozes gravadas em escutas telefônicas. Assim conheceu Marcinho VP, Robinho Pinga e Nei Facão, mas foi um episódio de tortura orquestrado por telefone pelo traficante Fernandinho Beira-Mar que a motivou escrever o livro Diálogos de uma tortura, discursos de um crime. A finalista do Prêmio CLAUDIA, na categoria Trabalho Social, irá lançar a obra na segunda-feira (8/8), às 18h30, na Livraria da Travessa, no Rio de Janeiro.
Livro será lançado na segunda-feira, no Rio de Janeiro
O crime ocorreu em 1999 e ganhou repercurssão internacional. Com requintes de crueldade, Fernandinho Beira-Mar mandou torturar até a morte o estudante de informática Michel Anderson Nascimento dos Santos, de 25 anos. A sessão de espancamento foi acompanhada pelo bandido que a todo instante ligava para saber o desenrolar da tortura. “A situação é inacreditável. Já ouvi e vi muitas coisas, mas esses diálogos realmente são impressionantes”, revela Mônica, que já se encontrou com um filho e uma ex-esposa do traficante para realizar identificações de voz como perita.
O livro é resultado de dois anos de pesquisa. Mônica investigou o caso no mestrado em Análise do Discurso, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). A princípio, o crime aparenta ser um ato de vingança, já que a vítima teve um caso com uma das namoradas de Fernandinho Beira Mar. Experiente em investigações criminosas variadas, Mônica desconstrói essa tese. Ela analisa a voz e o discurso do bandido. “Os sentidos por trás deste crime bárbaro estão além do que está posto”, revela.
A autora é versátil e atua em várias frentes. Formada em fonoaudiologia, trabalha desde 2005 com segurança pública. Atualmente, ela ensina a técnica de Comunicação Não Violenta para os policiais militares do Estado do Rio de Janeiro. O método baseado na empatia é utilizado para mediar todo tipo de conflito, inclusive na realidade carioca.
Serviço
O quê: Lançamento do livro Diálogos de uma Tortura, discursos de um crime, de Mônica Azzariti
Onde: Livraria da Travessa – Avenida Afrânio de Melo Franco, 290 – Leblon, Rio de Janeiro
Quando: 8 de agosto (segunda-feira), às 18h30