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Número de brancos vacinados é quase duas vezes maior que de negros

Além de ser a etnia que mais morre por Covid-19 no país, pretos e pardos são menos imunizados, segundo levantamento da Agência Pública

Por Da Redação
Atualizado em 19 mar 2021, 23h24 - Publicado em 19 mar 2021, 19h32

Quando o assunto é transmissão do novo coronavírus, não é incomum ler e ouvir afirmações de que a forma grave da doença é uma espécie de roleta russa. Porém, além de doenças pré-existentes, como hipertensão e diabete, e idade, que categorizam quem pertence ou não ao grupo de risco, há um outro fator que deixa uma parcela da população mais vulnerável à Covid-19: o racismo.

Segundo a ONG Instituto Polis, entre 01 de março e 31 de julho de 2020, as pessoas negras foram as que mais morreram em decorrência da doença. Já o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) constatou que a cada dez pessoas que relatam mais de um sintoma da Covid-19, sete são pretas ou pardas.

Com a chegada da vacina, a negativa proporção se repete. De acordo com um levantamento realizado pela Agência Pública, negros são menos vacinados do que a população branca no Brasil. Divulgada nesta segunda-feira (15), a pesquisa levou em conta os dados de 8,5 milhões brasileiros que já receberam a primeira dose do imunizante.

Desse total, 3,2 milhões se declararam como brancos, enquanto 1,7 milhão de pessoas como negros. Vale ressaltar que os afrodescendentes são maioria, representando cerca de 56% da população brasileira, segundo o IBGE. Entretanto, o censo demográfico revela que pretos e pardos chegam menos a velhice do que os brancos. Em 2010, a diferença entre eles foi de 30% em uma faixa etária superior aos 60 anos.

Os cargos ocupados por pretos e pardos no mercado de trabalho, principalmente na área da saúde, também podem interferir nessa desigualdade racial de pessoas imunizadas.

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Para o veículo, Rita Borret, médica e coordenadora do Grupo de Trabalho (GT) de Saúde da População Negra da Sociedade Brasileira de Medicina da Família e Comunidade, lembrou que alguns municípios consideraram apenas médicos e enfermeiros como profissionais que atuam diretamente no combate ao coronavírus.

“Outros municípios entenderam todos que estavam na linha de frente, dos técnicos de enfermagem aos profissionais da limpeza que estão trabalhando nas unidades de saúde, garantindo a diminuição da contaminação, foram considerados”, disse a médica.

Rita ainda pontuou uma estratégia falha diante desses profissionais afrodescendentes. “Se a gente for olhar os técnicos de enfermagem, a maioria são pessoas negras que estão expostas. E os profissionais da limpeza também, a maioria são pessoas negras, mas que nem sempre foram lidos como profissionais da saúde. Até estudante de medicina que não estava na linha de frente acabou passando na frente dos profissionais da limpeza.”

A locomoção é um outro ponto considerado pelo levantamento, uma vez que pessoas negras nem sempre terão condições de usar o serviço de drive thru ou chegar a um posto de saúde com facilidade, principalmente aquelas que vivem em regiões isoladas, como periferias e quilombos.

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Ao chegar no posto de vacinação, a pessoa informa seus dados pessoais ao funcionário, como nome, idade e raça. Esse preenchimento nem sempre condiz com a realidade. Aproximadamente 30% dos formulários no país, o campo de raça/cor não foi preenchido, de acordo com o levantamento.

“A informação do quesito cor nos dados de vacinação é ruim e mal-preenchida. Não há uma preocupação em ter um preenchimento qualificado (…) Precisamos dos dados, mas não de qualquer forma. Precisamos de dados bem qualificados, bem preenchidos para fazer uma análise de boa qualidade”, explicou a pesquisadora Emanuelle Góes, doutora em Saúde Pública pela Universidade Federal da Bahia.

Todos esses fatores vão de encontro com as lacunas deixadas pelo racismo estrutural, que camufla os direitos cerceados à população negra no país. Por meio de organizações independentes, como a Coalizão Negra Por Direitos, e instituições públicas, como a Anistia Internacional Brasil, as autoridades são cobradas para o cumprimento de suas responsabilidades e a sociedade civil é organizada na tentativa de superar os problemas causados pela pandemia, que vão do risco de morte à falta de alimento.

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