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Mulheres criam grupo para que crianças brasileiras nos EUA não esqueçam o português

“O idioma é a maior expressão de um povo. Não podemos deixar o português morrer", diz uma das fundadoras

Por Adriana Negreiros
Atualizado em 27 out 2016, 23h13 - Publicado em 7 jun 2016, 13h18
Gael Oliveira
Gael Oliveira (/)
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Em uma cena típica do verão nova-iorquino, um grupo de crianças corre de um lado para o outro em um parquinho do Central Park refrescando-se nos esguichos de água que saem dos sprinklers, espécie de regador de jardim encontrada em diversos pontos da cidade. Um aspecto, porém, foge ao convencional: meninos e meninas conversam, entre eles, em português. Quando, em um ato falho, deixam escapar uma palavra em inglês, a pessoa que toma conta da garotada dispara sua frase pronta: “I’m sorry, but I don’t speak English” (Sinto muito, mas eu não falo inglês). Monica Viana, a “bedel” em questão, fala inglês, sim, e bem, mas naquele momento sua tarefa é fazer com que os pequenos esqueçam por um instante que estão em solo americano e resgatem seus laços com o Brasil. Monica, 52 anos, é uma das fundadoras do Parque Central Kids Brazilian Camp, grupo criado exclusivamente para filhos de brasileiros. 

Em 2012, após um casamento desfeito, a paulistana resolveu se mudar para os Estados Unidos com as filhas Carolina, 32 anos, e Beatriz, 28. No país, mais especificamente em Nova Jersey, já moravam a mãe dela, Auserina, 76 anos, e a irmã Raquel, 42. Em meio à nova rotina, um incômodo chamou a atenção: como estudam em escolas americanas e conversam com os amiguinhos apenas em inglês, pouco a pouco as crianças da família foram perdendo o interesse (ou apresentando dificuldades) em expressar-se no idioma materno. Olivia, 4 anos, filha de Raquel, frequentemente faz confusões e fala algo como “eu quero water (água)”. Em conversas com outros brasileiros nos parquinhos da cidade, ouviram queixa semelhante. Foi então que as cinco mulheres da família Viana tiveram uma ideia: juntar todos os filhos de expatriados para que conversassem em português entre si. E, assim, chegaram ao conceito do grupo.

Produtora de eventos, Raquel organiza a rotina da meninada, que inclui visitas a museus e parques. Carolina, professora de educação física, é responsável pelos jogos e brincadeiras. Monica e Auserina, da área de pedagogia, e Beatriz, estudante, cuidam do aspecto didático, como a escolha de livros da literatura brasileira para ser compartilhados com as crianças. As atividades ocorrem durante as férias escolares e os encontros são às 13 horas na 86th Street Central Park West. Durante quatro horas, os pequenos se reúnem para enfrentar o desafio diário de ter fluência em dois idiomas e manter laços com um país que, em suas vidinhas, talvez seja uma referência distante – distância essa que as Vianas lutam para diminuir. “O idioma é a maior expressão de um povo. Não podemos deixar o português morrer em nossas crianças”, diz Carolina.  

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