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Mulheres atualmente produzem metade da ciência no Brasil

Pesquisa mostra que 49% das publicações de artigos femininos são escritas por mulheres no nosso país

Por Roberta Tinti Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
9 mar 2017, 18h30
 (Brigitte Lacombe/Reprodução)
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A Elsevier, maior editora científica do mundo, divulgou na última quarta-feira (8) os resultados do relatório Gender in the Global Research Landscape. Eles foram baseados no levantamento de dados de publicações acadêmicas feitas por mulheres em 11 países e na União Europeia.

A pesquisa considerou informações levantadas de 1996 a 200 e de 2011 a 2015 e chegou a conclusão de que, no Brasil, a porcentagem de mulheres que publicam artigos científicos cresceu 11% nos últimos 20 anos, chegando a 49% do total.

O relatório ainda aponta que Brasil e Portugal, comparados aos outros países pesquisados, são os que mais possuem publicações feitas por mulheres.

Na Austrália, Canadá, Dinamarca, França e Reino Unido, a porcentagem chega a 40% do total, o que, para a pesquisa, já é considerado patamar de igualdade. Só para se ter uma ideia: Portugal era o único que, no período de 1996 a 2000, já contava com taxas de publicações de mulheres superiores a 40%.

Ainda assim, de acordo com o relatório, o número de mulheres pesquisadoras varia dependendo da área.

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Um em cada quatro publicações de medicina no Brasil tem uma pesquisadora como autora principal. Já nas áreas de matemática e ciências da computação, segundo a pesquisa, elas ainda são minoria: mais de 75% dos autores dos trabalhos são homens em boa parte dos países pesquisados.

Apesar do grande avanço da igualdade de gêneros na área de pesquisas, o mesmo não se repete nos cargos de liderança do universo científico, como nas reitorias de universidades, na chefia de departamentos ou na coordenadoria de linhas de pesquisa. Esses e outros setores ainda são dominados por homens.

CITAÇÕES

E não para por aí. Ainda segundo o levantamento feito com a base de dados da Elsevier, a qualidade de trabalhos publicados por mulheres e homens, medida pelo número de vezes que são citados em outras publicações, também evidencia essa disparidade.

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Mesmo que produzam quase metade dos estudos, mulheres brasileiras têm 0,74 de seus trabalhos citados em outros, ao passo que os homens têm 0,81 de citação.

Essa “unidade de medida” curiosamente não é tão díspar em países onde as publicações de homens e mulheres são mais desiguais. O Japão é um bom exemplo. As mulheres recebem 0,94 citação, enquanto que os homens, 0,96.

O levantamento, que mapeou mais de 62 milhões de documentos em diversas revistas acadêmicas, no entanto, encontra um agravante. A identificação de gênero não é necessária nas publicações científicas.

Assim, com base em informações de cada país envolvido na pesquisa que relacionam nome e sexo, o próprio banco de dados atribui gênero aos nomes – e, de acordo com o relatório, há pelo menos 80% de certeza nesse processo.

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