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Meu natal laico

"Meu natal laico significa uma celebração em família ou entre amigos e, principalmente, uma injeção de ânimo para o ano que chega", escreve a editora Luara Calvi Anic em sua coluna de natal

Por Luara Calvi Anic
Atualizado em 28 out 2016, 17h14 - Publicado em 24 dez 2015, 06h00

No salão, a manicure assiste a chamada especial de final de ano da Globo. Todos os atores estão de mão dadas, sorrindo. “Eu adooooro essa propaganda! Está todo mundo tão feliz, abraçando o mundo”, ela diz. Eu, de esmalte vermelho molhado, fico pensando o quanto deve ter sido difícil juntar aquele monte de famosos. Maquiar, filmar, fazer todo mundo sorrir, dar as mãos e… “abraçar o mundo”.

Não sou uma pessoa religiosa, mas adoro o natal. O cheiro do pernil assando, a comida agridoce (vai ter uva passa, sim!), todo mundo falando ao mesmo tempo ao redor da mesa. Meu natal laico significa uma celebração em família ou entre amigos e, principalmente, uma injeção de ânimo para o ano que chega. Um livreto que acaba de ser relançado sintetiza bem isso tudo. Receita de Ano Novo (Companhia das Letras, R$ 34,90) é uma seleção de poemas de Carlos Drummond de Andrade que tratam desse sentimento de renovação e, claro, daquela melancolia que chega junto quando uma fase se encerra. “Nascer/outra e outra vez/indefinidamente”, ele escreve.

Em outro texto, Drummond fala de João Brandão, amigo que todos os anos recebe um cartão em que está escrito “CALMA, RAPAZ”. E sabe quem posta esse cartão? Ele próprio, o João. “Entro na fila, compro o selo, boto na caixa. Tem me ajudado muito. Você já reparou que ninguém deseja calma a ninguém, na época de desejar coisas? Deseja-se prosperidade, paz, amor, isso e aquilo (‘tudo de bom para você’), mas todos se esquecem de desejar calma para saborear esse tudo de bom, se por milagre acontecer, e principalmente o nada de bom, que às vezes acontece no lugar dele”.                                                                                                                                                                                    O “nada de bom” aconteceu bastante em 2015. Teve incêndio (literal e político), cidades devastadas pela lama, assassinatos de inocentes (na França e em Osasco). Com todos esses problemas ainda não resolvidos sabemos que “o ano passado não passou/continua incessantemente”, diz Drummond. Ainda assim, e especialmente com esse cenário de pendências, também desejo calma para 2016. A manicure, que se emociona a cada vez que assiste os famosos de mãos dadas, certamente quer o mesmo: um abraço calmante para começar tudo outra e outra vez.

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