Idosas passaram oito anos escavando ao redor da casa com pá de pedreiro
Vizinhos contam que elas retiravam a terra em volta da residência, colocavam em baldes e jogavam o barro na rua
Duas idosas, que são irmãs, passaram cerca de oito anos escavando ao redor da casa em que moravam usando uma pá de pedreiro. Vizinhos contam que elas retiravam a terra em volta da residência, colocavam em baldes e jogavam o barro na rua, no bairro Benedito Bentes, na parte alta de Maceió.
As irmãs foram retiradas da casa na terça-feira (9), foram levadas para uma casa alugada pela família e estão recebendo assistência psiquiátrica desde quarta-feira (10), de acordo com a Assistência Social de Maceió (Semas).
Segundo a assistente social Adriana Barbosa de Oliveira, ao tomar conhecimento da situação a equipe de assistência social se esforçou para localizar a família e acionar a rede pública de serviços para garantir que as irmãs recebessem os cuidados necessários.
“Na averiguação do problema constatamos que o vínculo familiar das idosas, que viviam em companhia de uma neta adolescente, que também tem problemas, estava rompido. Mesmo assim, conseguimos reatar a relação familiar e os parentes alugaram um imóvel para abrigá-las, já que a casa onde elas viviam está com a estrutura comprometida. Com isso, uma equipe do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) e uma psiquiatra foram acionadas para dar assistência à família e as idosas”, detalhou Adriana Oliveira ao G1.
Com transtornos mentais, as irmãs cavaram um fosso ao redor da casa com mais de um metro de altura, comprometendo a estrutura de imóveis do entorno, que, segundo vizinhos, começaram a apresentar rachaduras.
Após ambas saírem do imóvel, a Coordenadoria Municipal Especial de Proteção e Defesa Civil (Compdec) disse que, após uma equipe fazer a vistoria no local, foi recomendado o aterro da área para evitar mais danos aos imóveis vizinhos.
O caso ganhou notoriedade depois que o vereador de Maceió Siderlane Mendonça postou o caso em uma rede social.
Equipe de saúde investiga possível negligência
As equipes de saúde que estão acompanhando o caso questionam se houve negligência por parte da família, já que os relatos são de que as irmãs estavam fazendo as escavações há oito anos.
“Vamos dizer negligência, mas a gente não sabe também. Às vezes se trata de pessoas que presenciam, mas têm medo de se aproximar, têm medo de alguma reação. A gente não sabe se essas senhoras já fizeram tratamento antes”, disse a coordenadora do Centro de Atenção Psicossocial Noraci Pedrosa (Caps), Rita de Cássia Pedrosa, também ao G1.
“O que soubemos é que as duas irmãs têm transtornos e uma sobrinha faz uso de drogas. Se a gente detectar que isso acontece, também vamos encaminhar a sobrinha para tratamento”, contou a coordenadora do Caps.
A profissional ainda fez um alerta para quem conhece casos semelhantes. “Qualquer pessoa que detectar um problema como esse pode procurar o Caps, pode procurar até a Secretaria Municipal de Saúde, que lá eles vão encaminhar para a gente do Caps, pode procurar a Defensoria Pública e qualquer órgão que possa ajudar. Até a família pode fazer isso. E se a família não fizer, que um vizinho faça, mas que tome alguma providência e não deixe que aconteça algo pior”, disse Rita.
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