Homenagens, lágrimas e estreias nos dois primeiros dias de Carnaval 2020
Hoje (23) começam os desfiles do Grupo Especial do Rio de Janeiro
No Rio e São Paulo, os desfiles das Escolas de Samba de sexta e sábado confirmaram o Carnaval 2020 como uma festa de estréias, homenagens, aniversários, novidades, muita animação, e claro, lágrimas.
No Grupo Especial de São Paulo, a Tom Maior entrou no Anhembi saudando heróis negros da História e uma homenagem à Marielle Franco. A imagem de Marielle estava segurando uma máscara de Flandres, que era um dos instrumentos de tortura usado contra negros na escravidão. A escola também lembrou personalidades como Wilson Simonal, Elza Soares, Carolina Maria de Jesus, Mano Brown, Madame Satã, Machado de Assis, Pixinguinha, entre outros.
Na noite de sexta (21), um carro da Dragões da Real ficou preso nos fios elétricos na dispersão e acabou provocando atrasos, mas não deve haver punição.
No sábado (22), o Pérola Negra foi a prova da superação. Mesmo prejudicados com a perda de 40% das fantasias – destruídas em um barracão alagado pela chuva há duas semanas – a escola desfilou com garra. A Liga das Escolas de Samba decidiu que o quesito fantasia não será critério de desempate e detalhes de sujeira não serão considerados.
Com o enredo ‘Um Não Sei Quê, Que Nasce Não Sei Onde, Vem Não Sei Como e Explode Não Sei Porquê, a Gaviões comemorou os 50 anos com a estreia do premiado carnavalesco Paulo Barros em São Paulo. Como já fazia no Rio, ele apostou em efeitos especiais que pôs fogo nos componentes da comissão de frente em alusão à chama da paixão. Chuva de papel picado brilhante e um carro jorrando água completaram o espetáculo.
A rainha da bateria, Sabrina Sato, veio fantasiada de Julieta. A roupa chegou a ferir os braços da apresentadora que seguiu até o fim do desfile cantando e sorrindo.
A Mocidade Alegre, que homenageou o poder das mulheres e orixás femininos da água, fez um desfile grandioso que também agradou.
O enredo ‘Do canto das Yabás renasce uma nova morada’, contou a história de um menina que tentava salvar o mundo com os ensinamos do candomblé e a ajuda de seus oxirás femininos. O carro que trazia Iemanjá, a rainha do mar, usou 5 mil litros de água reutilizada em fontes e bolhas para dar o visual marítimo.
A Unidos de Vila Maria foi ao oriente para retratar a China – do passado e do futuro – com “dragões” e outras imagens que são associadas aos chineses.
MARTA NO CARNAVAL DO RIO
Nos desfiles das Escolas do Grupo de Acesso no Rio de Janeiro, a Escola Inocentes de Belford Roxo homenageou Marta, a maior jogadora de todos os tempos. Ela superou o medo de altura para subir no carro alegórico que também trazia sua mãe, Teresa Silva.
Em um dos intervalos, o gari Marcelo Mendes brilhou. Ele atravessou a Sapucaí em 17 minutos fazendo embaixadinhas com a cabeça, sem perder o controle da bola. Muito aplaudido, Mendes, que trabalha para a empresa de limpeza urbana do Rio de Janeiro há seis anos, sonha entrar para o Guiness Book.
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No sábado, nem os problemas técnicos tiraram o brilho da Unidos de Bangu. A Escola apresentou o enredo “Memórias de um Griô: a diáspora africana numa idade nada moderna e muito menos contemporânea”, e contou os horrores da escravidão, mas celebrou também a força e a resistência dos negros.
E para fechar a noite, a Imperatriz Leopoldinense ganhou o Estandarte de Ouro ao reeditar um dos seus sambas mais clássicos e que rendeu o bicampeonato à escola em 1981. A homenagem ao compositor Lamartine Babo com o samba chamado “Só dá Lalá” celebra a obra musical do autor de hinos de vários grandes clubes de futebol do Rio. Foi lindo.
Hoje (23) começam os desfiles do Grupo Especial do Rio de Janeiro com Estácio, Viradouro, Portela, Grande Rio e Mangueira.