Homem se passa por colega mulher e percebe mudança nos clientes
"Todas as minhas perguntas ou sugestões eram questionadas, o que antes não acontecia" conta Martin Schneider.
Em 2014, os blogueiros norte-americano Martin Schneider e Nicole Hallberg trabalhava em uma agência de empregos. Por duas semanas, resolveram trocar seus nomes nas assinaturas dos emails: ele respondia como Nicole e ela como Martin. O resultado foi surpreendente para ele.
“Eu vivi um inferno. Todas as minhas perguntas ou sugestões eram questionadas. Os clientes com os quais normalmente era fácil lidar passaram a ser condescendentes. Um deles me perguntou se eu estava solteiro”, contou em uma série de tuítes publicados por ele nesta semana. A experiência expõe situações sexistas que as mulheres vivenciam no trabalho.
A função de Martin e Nicole era editar currículos de clientes. Eles usavam o mesmo email e tiveram a ideia de inverter as assinaturas após Martin, acidentalmente, responder como sua colega e perceber as alterações de comportamento em um cliente.
“Ele era grosseiro e desrespeitoso, além de ignorar as minhas perguntas”, lembrou Martin, que, então, percebeu o engano. Após corrigir o erro, notou uma melhora imediata: “Transformou-se em um cliente exemplar”. Na semana seguinte, Martin e Nicole trocaram as assinaturas – ela seria lida como homem e ele como mulher. “Eu tive uma das semanas mais fáceis da minha carreira“, escreveu Nicole em seu blog.
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“Eu então me dei conta de que o motivo pelo qual ela demorava mais era ter que convencer os clientes a respeitá-la.Quando ela conseguia fazer com que os clientes aceitassem que ela sabia o que estava fazendo, eu já tinha conseguido chegar à metade do processo com outro cliente”, escreveu Martin no Twitter. “Eu não era melhor do que ela no trabalho. Tinha, apenas, essa vantagem invisível“.
O chefe da dupla costumava apontar que Nicole era lenta e apresentava atitudes sexistas. Após o experimento informal, o resultado lhe foi apresentado. “Ele não acreditou em nós. Ele disse ‘Há milhares de razões por que os clientes podem ter reações diferentes como essas. Vocês não têm como saber'”, conta Nicole.
Com a divulgação do experimento, Nicole e Martin esperam que atitudes machistas no trabalho fiquem mais evidentes. “Há muitos comportamentos sexistas que não são realmente intencionais. Não fazemos certas coisas de forma consciente nem pensando que as opiniões das mulheres valem menos”, disse Martin ao El País.
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