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Funcionária da Vale alertou sobre desastre e fugiu de ré em caminhão

"Minha vontade era me jogar naquela lama para ajudar a salvar as pessoas", relatou

Por Da Redação
Atualizado em 18 fev 2020, 11h18 - Publicado em 6 fev 2019, 16h55

Ana Paula da Silva Mota, motorista dos megacaminhões da Vale, foi uma das sobreviventes do desastre que ocorreu em Brumadinho (MG) no dia 25 de janeiro.

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Mais de dez dias após a tragédia, ela contou ao G1 o que aconteceu no exato momento em que a imensa avalanche emergiu o local onde ficava a barragem principal, a apenas 550 metros de onde estava.

“Achei que era uma detonação na mina”, conta Ana Paula, que é mãe de uma menina de 8 anos e um menino de 3 anos. Assim que entendeu o que estava acontecendo, conta que agiu imediatamente: “Quando caiu a ficha, peguei o rádio transmissor (do veículo) e comecei a gritar desesperada: ‘corre, foge, a barragem estourou’. Quem estava naquela faixa (de rádio) me escutou gritando. Depois, fiquei sabendo que teve gente que escapou porque ouviu uma mulher chorar e gritar no rádio. Era eu”, relatou durante a entrevista.


A funcionária dirigia um Fora de Estrada 777, um enorme veículo usado para transportar minério, com cinco metros de altura e 11 de comprimento. Na sua caçamba, havia 91 toneladas de minério, que seriam despejados nos vagões do trem. Segundo o G1, o local onde Ana Paula estava era o trecho final de uma estrada de terra que descia desde a área de extração de minério, no alto, até o terminal de carregamento do trem, na parte mais baixa do complexo mineiro, bem perto da barragem.

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O relato aponta que a avalanche chegou a cerca de 100 metros do megacaminhão de Ana Paula em apenas 30 segundos. A força da lama inundou o começo da estrada onde estava o veículo, destruiu parte das instalações da Vale, e despencou em cima de um grupo de pessoas que tentava escapar.

“Minha vontade era me jogar naquela lama para ajudar a salvar as pessoas, mas não tinha jeito. A onda era muito mais forte que qualquer um de nós”, contou.

Ana Paula relata que, enquanto a barragem se rompia, um outro megacaminhão de minério começava a subir a estrada onde estava, no sentido oposto, o motorista estava alheio ao acontecimento. Ela então o alertou, buzinando e dando luz, e o motorista acelerou para subir a estrada.

Entretanto, a estrada não comportava a passagem simultânea de dois caminhões de minério. Para que o colega pudesse acelerar, Ana Paula teve que arriscar, decidindo encostar seu veículo à direita da via, adiando a própria fuga. Após o colega conseguir sair, era a vez dela, mas a tarefa estava complicada: manobrar o veículo era impossível por conta do espaço na estrada.

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(picture alliance / Colaborador/Getty Images)

“Então, eu pensei: vou dar ré”, lembrou ela. “Só que era uma subida e o caminhão estava cheio de minério. Eu achava que não ia subir de ré, mas era minha única opção. Então, fui dando ré e pedindo a Deus para me salvar. Eu dava ré e a lama ia chegando mais perto. Foi Deus que colocou a mão atrás do caminhão e puxou”.

Já fora de risco, ela conta que a única coisa em que pensava era abraçar os filhos. Apesar de estar bem fisicamente, ela conta que seu psicológico segue abalado.

“Hoje, eu não posso mais olhar para uma montanha. Senão, eu vejo a onda vindo outra vez”, desabafa. Ela afirma ainda que perdeu “muito mais que vinte” colegas na tragédia. Sua tia Rosário, que também trabalhava na Vale, está desaparecida.

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