Este homem está pagando as multas de mulheres impedidas de usar burkini na França
Cidades francesas estão banindo mulheres muçulmanas de irem à praia cobertas; Justiça já vetou a proibição em Villeneuve-Loubet.
Rachid Nekkaz é um empresário mulçumano nascido na França. Seus pais são da Argélia, onde vive atualmente. Ele está pagando multas de mulheres punidas por vestirem burkini – traje de banho usado por mulçumanas para praticar esportes e ir à praia que está sendo proibido em cidades francesas. Desde que a norma entrou em vigor, há um mês, ele já pagou multa de cinco mulheres.
O empresário solicitou aos prefeitos das mais de 20 cidades que já aderiram à proibição mandassem as multas para o seu endereço. Em 2011, o governo francês, que tinha Nicolas Sarkozy como presidente, proibiu o uso do niqab e burqa (tipos de véu islâmico que cobrem o rosto) em espaços públicos. Nekkaz destinou 1 milhão de euros na época para pagar mulheres multadas pelo uso do véu.
Nekkaz disse, em entrevista ao Huffington Post, que impedir as mulheres de usarem burkini é “contra a democracia e a Declaração Universal dos Direitos Humanos”, e completou: “É deplorável”. Ele diz que não é um mulçumano típico, sendo contra o uso da burqa e do niqab, por exemplo. “Ainda que eu não concorde, vou brigar até a morte para dar, a essas pessoas, a possibilidade de expressarem a sua opinião e se vestirem como quiserem. Isso é liberdade, é uma questão de princípios“, afirmou, em entrevista ao jornal Telegraph.
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Nice e Cannes são algumas das cidades da região da Riviera Francesa que proibiram o uso do burkini. A policia está sendo orietada a abordar as mulheres, pedindo que se retiram ou multando-as. Esta semana, imagens mostraram policiais abordando uma mulher em praia próxima à Cannes, fazendo com que ela tirasse a roupa, inclusive.
Nesta sexta-feira (26), o Conselho de Estado da França, maior instância judicial administrativa do país, vetou a cidade de Villeneuve-Loubet, próxima à cidade de Nice, a proibir o uso do burkini em suas praias. Embora a decisão não ser de âmbito nacional, pode servir de precedente legal e ser aplicada em outras cidades.