Estátua de manifestante negra que substituiu a de escravocrata é removida
Segundo o prefeito de Bristol, no Reino Unido, o artista responsável pela escultura não tinha permissão para instalá-la no local
Na última quarta-feira (15), a escultura da ativista negra Jen Reid foi exposta em uma praça de Bristol, na Inglaterra, no lugar de uma estátua do mercador de escravos Edward Colston. Mas a obra em homenagem à manifestante ficou no local por apenas pouco mais de 24 horas, antes de ser retirada.
De autoria do artista britânico Marc Quinn, a estátua acabou sendo removida por funcionários da administração local, porque foi instalada sem permissão. O artista, inclusive, terá que arcar com os custos da remoção. No entanto, de acordo com um porta-voz do conselho de Bristol, Quinn poderá recuperar sua obra no museu para qual será transferida ou, então, doá-la para a coleção municipal.
Em entrevista à imprensa local, Marvin Rees, prefeito de Bristol, disse que a decisão de retirar a estátua se deve exclusivamente ao fato de a escultura ter sido colocada sem permissão. “Se você vai fazer alguma coisa, precisa fazê-lo com consciência e conhecimento completo do contexto em que está fazendo”, disse Rees.
Batizada de A Surge of Power (Jen Reid) 2020 (Uma Onda de Poder, em tradução livre), a estátua de Jen Reid foi posicionada na praça durante a madrugada, no lugar da antiga escultura de Colston – derrubada em 7 de junho durante a onda de protestos por justiça a George Floyd. Na ocasião, os manifestantes jogaram a escultura do escravocrata no rio da cidade.
Pouco após o protesto, Reid, que participava das manifestações, foi fotografada em pé e com o punho erguido na coluna em que costumava ficar a estátua de Colston. A pose da ativista foi eternizada em resina por Quinn. “[A peça é] a personificação e amplificação das ideias e experiências de Jen, do passado, presente e de sua esperança por um futuro melhor”, disse o artista à imprensa.
Em nota, Quinn e Reid afirmaram que a escultura não tem fins lucrativos e que, se for vendida, todo o lucro será doado para duas instituições, escolhidas pela ativista: a Cargo Classroom, programa de história negra criado para adolescentes de Bristol, e a The Black Curriculum, empresa social fundada em 2019 por jovens para preencher a lacuna de história britânica negra no Reino Unido.