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Escola cria projeto para educar meninos contra o machismo

Para a Escola de Ser, viver num mundo em que todos os meninos respeitem as meninas não é um sonho: conheça o projeto "Já Falou Para Seu Menino Hoje?"

Por Débora Stevaux (colaboradora)
Atualizado em 12 abr 2024, 14h18 - Publicado em 24 jul 2016, 07h00

Imagine viver num mundo em que todos garotos aprendam desde cedo a respeitarem as meninas; em que elas não precisem se preocupar com suas roupas (se estão muito curtas, provocativas) ou com os riscos que correm por andarem sozinhas à noite em uma viela escura. Um mundo em que a cultura do estupro não é perpetuada e as crianças aprendem que os corpos femininos são única e exclusivamente das mulheres por direito – e não devem, em circunstância alguma, serem violados. 

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Pode parecer um sonho utópico para muitas de nós – mas não para a Escola de Ser, um colégio privado sem fins lucrativos em Rio Verde, interior de Goiás. A instituição em questão já acumulou 12 prêmios na área acadêmica, entre eles o título de pioneira pela UNICEF, no atendimento de 45 estudantes com a faixa etária de 7 a 14 anos. Não há hierarquia na escola que se baseia na filosofia democrática para convidar seus alunos a participarem ativamente do processo de aprendizagem: todos decidem os temas das aulas por meio de assembleias, lancham, limpam e cuidam dos ambientes escolares juntos. 

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Na casa com um pomar, são propostas atividades educativas relacionadas a temas fundamentais para a socialização infantil humanizada, a fim de de combater o machismo, promover a equidade de gênero e empoderar meninas. Uma delas é o projeto Já Falou Para Seu Menino Hoje? A ação surgiu em 2015, quando o grupo de seis educadoras (Caroline Arcari, Laureane Marilia, Nathália Borges, Pollyana Schervenski, Raiene Sara e Rô Rezende) debatiam sobre a resistência de alguns alunos no tratamento de assuntos referentes ao combate da violência de gênero e sexual e repensaram nas metodologias utilizadas. 

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Divulgação/Escola de Ser
Divulgação/Escola de Ser ()

“Determinamos como público-alvo da nossa intervenção pessoas responsáveis pela formação infantil, como pais, mães, professoras e professores, por isso a pergunta Já falou para o seu menino hoje?, para estimularmos a conversa e a reflexão com os garotos“, explica Nathália, psicóloga e educadora social da escola. “A partir de nossas próprias experiências em sala, notamos a necessidade de uma educação – no sentido mais geral da palavra – dirigida especialmente aos meninos, com temáticas próprias da vivência da masculinidade em sociedade.”

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Uma das frentes do programa atua à distância: por meio de uma parceria com o IRES Instituto – plataforma que aborda o delicado tema da sexualidade infantil – foi criado o curso online de carga horária de dez horas para pais e educadores de pequenos com idades entre 1 mês e 3 anos sobre a prevenção à violência sexual. O workshop é baseado no premiado livro Pipo e Fifi, de autoria da pedagoga e diretora da Escola de Ser, Caroline Arcari. “Trabalhamos para que as nossas metodologias sejam acessíveis para aqueles que trabalham na área de defesa dos direitos das crianças e dos adolescentes; e mesmo que seja pago, abrimos, regularmente, vagas gratuitas para ONGs e instituições públicas selecionadas”, completou. 

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E não pense que todo este vasto aprendizado permanece preso na biblioteca, cozinha, no espaço da soneca, sala de informática ou no cinema do colégio: Caroline conta que já presenciou histórias de meninas que argumentaram com os pais sobre os porquês dos irmãos não ajudarem nas tarefas domésticas; de mães que aprenderam com suas filhas sobre o que é relacionamento abusivo e decidiram denunciar a violência doméstica que estavam sofrendo; de alunas que mobilizaram discussões acaloradas sobre o uso do shorts na escola e de uma estudante que enfrentou um professor abusivo que chamou seu colega de “veado”. A Escola de Ser também já abrigou mulheres que apanhavam de seus companheiros e meninas em medidas protetivas previstas pela Lei Maria da Penha. 

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Não é apenas pelo local que a Escola de Ser nos surpreende: é no interior central do Brasil que esta meia dúzia de educadoras desempenham, diariamente, a máxima do patrono da educação nacional, Paulo Freire: “É preciso diminuir a distância entre o que se diz e o que se faz, até que num dado momento, a sua fala seja a tua prática.”

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Divulgação
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