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Conheça a história da mulher que fundou fábricas de costura dentro de presídios

A cearense Fátima Brilhante montou núcleos de sua fábrica de roupas dentro de um presídio feminino e de um masculino. Bom para os detentos, bom para a empresa

Por Ana Paula Orlandi (colaboradora)
Atualizado em 22 out 2016, 18h17 - Publicado em 31 mar 2016, 13h46

Diariamente, a empresária Fátima Brilhante se desloca da casa onde vive, em Fortaleza, rumo à fábrica de moda feminina que fundou há 27 anos em Pacajus, cidade vizinha da capital cearense. No caminho, passa em frente ao Instituto Penal Feminino Desem­bargadora Auri Moura da Costa, localizado na BR-116, que liga os dois municípios. “No passado, quando via a penitenciária, imaginava que muitas das mulheres presas ali deveriam estar ociosas nas celas e sem perspectiva profissional após cumprirem a pena. Queria ajudá-las de alguma forma”, conta ela.

Movida por esse desejo, Fátima procurou a Secretaria da Justiça e Cidadania do Estado do Ceará (Sejus) e, em 2006, criou uma extensão da própria fábrica no interior do presídio. Ao longo de uma década, ela calcula que o projeto Reviva já tenha capacitado 480 mulheres (a Sejus não possui o número oficial de participantes). Atualmente, 22 internas geram por mês cerca de 5 mil peças de roupa para as duas grifes de Fátima, a Famel e a Florinda, número que corresponde a 10% da produção total do negócio. Em contrapartida, recebem um salário mensal de 660 reais (valor determinado pela Lei de Execução Penal) e a cada três dias trabalhados conseguem reduzir um dia de pena. “A maioria não sabe o bê-á-bá, como colocar linha na agulha, mas em três meses já está costurando e fazendo crochê”, diz Fátima.

O expediente de oito horas começa após o café da manhã, quando as internas vestem o uniforme de trabalho e se dirigem à oficina de costura, que funciona na antiga lavanderia do presídio, reformada pela empresária. “Colocar o uniforme e sair para trabalhar pode parecer pouco para grande parte das pessoas, mas significa muito para quem está preso”, relata Maria de Lourdes Portela, diretora da penitenciária. De segunda a sexta-feira, Selma Vieira, funcionária antiga de Fátima na confecção, ensina o ofício e monitora a produção de internas como Andrea Alves da Silva, 33 anos, condenada por tráfico de drogas: “Quero me aperfeiçoar na costura para não voltar ao crime”, afirma Andrea.

Desde o meio do ano passado, o projeto se estende também aos internos do Instituto Presídio Professor Olavo Oliveira 2. Ali, orientados por um ex-detento, cinco presos executam peças de macramê – por unidade, faturam entre 5 e 12 reais. “A produção deles é de ótima qualidade e foi completamente aproveitada em nossa última coleção”, conta Josenias Vasconcelos da Silva, o Junior, coordenador de estilo das duas grifes. “Macramê é uma técnica manual de tecer fios que está se perdendo no Ceará por falta de mão de obra. Os internos ainda estão contribuindo para mantê-la viva”, comemora ele.

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