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“Comecei numa portinha e hoje tenho um mercado que movimenta 50 mil reais”

Jane Carla decidiu que abriria uma padaria para ajudar na renda mensal. Com financiamento do Banco Comunitário Tupinambá, criado pela vencedora do Prêmio CLAUDIA 2013, Maria Ivoneide do Vale, Jane conseguiu expandir o negócio que mudou sua vida.

Por Solange Azevedo
Atualizado em 11 abr 2024, 16h52 - Publicado em 9 set 2014, 22h00
Depoimento a Dalila Magarian e Solange Azevedo - Edição: MdeMulher
Depoimento a Dalila Magarian e Solange Azevedo - Edição: MdeMulher (/)
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Depoimento de Jane Carla Silva Santos, empresária, 36 anos

“Hoje posso dizer que me sinto feliz e realizada. Sou de uma família simples, de seis irmãos, e nunca tive o menor medo de trabalho. Quando meu marido ficou desempregado, em 2000, não hesitei e fui à luta: lavava roupa para fora no período da manhã e, à noite, saía para vender churrasquinho. Com uma filha pequena para criar, não me restavam mais alternativas.

Foi um período bem difícil, de muitas privações. Morávamos em um quartinho pequeno que não tinha nem banheiro. Dividíamos o cômodo ao meio com um guarda-roupa para termos alguma privacidade. Nossa renda era de apenas 150 reais, e o dinheiro só dava mesmo para as despesas mais básicas.

Certo dia, me veio uma luz: por que não montar uma padaria? Afinal, meu marido tinha experiência no ramo. Mais: meu irmão havia sido dono de uma padaria, já fechada àquela altura. Pegamos emprestadas as máquinas de fazer pão dele e abrimos nosso negócio.

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Talvez tenha sido por falta de persistência que a padaria do meu irmão não foi para a frente. Ao abrir a minha, fiz diferente: insisti durante anos, acreditava que poderia vencer. Acho que isso foi fundamental. Comecei numa portinha e, com esforço, consegui transformá-la em um mercado que movimenta cerca de 50 mil reais por mês em produtos.

Para aqueles que são de fora, pode até parecer pouco. Mas quem conhece meu bairro, Baía do Sol (localizado na Ilha de Mosqueiro, distrito de Belém, a 70 quilômetros do centro da capital paraense), sabe que é uma enorme conquista. Percorrer esse caminho exigiu bastante empenho.

Nos primeiros anos, trabalhávamos só eu e meu marido, e a padaria ia meio lá, meio cá e praticamente não dava lucro. Em 2009, quando (a vencedora do Prêmio CLAUDIA) Maria Ivoneide do Vale abriu um banco comunitário por aqui, o Tupinambá, passei a enxergar o negócio de outra maneira. Vi que precisava diversificar, ampliar, investir para crescer. Resolvi pegar 600 reais emprestados para empregar em novas mercadorias.

E não é que deu certo? Eu tinha observado que as pessoas vinham buscar pão de manhã e sempre sugeriam que vendêssemos outros produtos, como arroz, feijão e itens de limpeza, pois queriam comprar tudo no mesmo lugar. Fiquei feliz por ter a chance de fazer aquilo. Em um banco comum, eu jamais teria conseguido crédito, já que meu nome – e também o do meu marido – possuía restrições. Com renda tão baixa, não dava para manter as contas em dia. Aquele dinheiro adquirido no Tupinambá serviu de estímulo para continuar a ampliar, oferecendo, aos poucos, mais e mais para os clientes.

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Tempos depois, peguei mais um empréstimo, de 900 reais. Em seguida, outro de 1,5 mil e, há dois anos, um de 7 mil reais! Falta só uma parcela para terminar de pagar tudo. O último foi para abrir o açougue. Como todo mundo pedia também que vendêssemos carne, sabia que o retorno seria rápido. Dito e feito.

Agora, pense só em como é partir de uma renda mensal de 150 reais para chegar até aqui! Tenho certeza de que ainda posso crescer muito e até tenho planos de abrir uma filial, mas o que conquistei já é uma importante vitória. Minha filha, de 16 anos, por exemplo, hoje tem um quarto só para ela. Também possui celular, computador e estuda em escola particular desde 2011. Temos carro, uma casa de 150 metros quadrados e vivemos com conforto. Essa sensação de estar prosperando é muito boa. E o melhor: agora mantenho três funcionários, ou seja, posso gerar renda para outras famílias.

Sempre tive força de vontade para batalhar e vencer, o que faltava era realmente uma oportunidade. Por isso, costumo dizer que o Tupinambá mudou a vida de muita gente na Baía do Sol, principalmente das mulheres. O bairro é distante de tudo, 7 mil pessoas moram aqui. Tanto que muitas ficam surpresas quando dizemos que há um banco na região. Antigamente, a renda da população vinha basicamente do serviço público ou do Bolsa Família. A

Atualmente, há bastante gente com empreendimento próprio. Ao conceder empréstimos, o Tupinambá estimulou o surgimento de novos negócios e fez com que o dinheiro passasse a circular no nosso bairro. Como o comércio cresceu e a oferta de serviços aumentou, não é mais preciso sair para gastar. A gente ganha e usa o dinheiro aqui mesmo.

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Uma das mais novas empresárias da Baía do Sol, inclusive, é minha irmã. Ela acaba de montar uma pizzaria ao lado do meu comércio, num ponto que eu construí. Acho que, de alguma maneira, eu a inspirei a investir. O espaço era uma garagem que resolvi reformar e aproveitar com algo melhor. Pensei primeiro em criar ali uma lanchonete, mas desisti. Fico feliz que uma porta também tenha sido aberta para ela.

Minha rotina é bastante puxada. Começo a trabalhar nas primeiras horas do dia e não paro, mas não me imagino numa vida diferente. Gosto do que faço e sou bastante conhecida no bairro. Nasci e cresci aqui. Procuro fazer frente à concorrência atendendo os clientes da melhor forma possível, com proximidade e delicadeza.

Sinto que meu marido também está realizado. Ele foi jogador de futebol profissional. Atuava no Paysandu, de Belém, e não soube administrar o dinheiro que ganhou na época. Somos muito mais felizes agora porque conseguimos tudo com esforço próprio. Aquelas máquinas de fazer pão que, lá no início da padaria, meu irmão nos emprestou, compramos dele e já passamos adiante para adquirir equipamentos mais novos.

Essa mentalidade empresarial moderna que o Tupinambá nos trouxe foi fundamental para crescer – e me mostrou que ainda tenho muito a realizar. Felizmente, pessoas e recursos para nos ajudar foram surgindo no tempo certo. Agora é só continuar nesse caminho.”

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Banco Comunitário Tupinambá

Maria Ivoneide do Vale, ganhadora da categoria Consultora Natura Inspiradora do Prêmio CLAUDIA 2012, é uma das fundadoras do Banco Comunitário Tupinambá, que já ofereceu cerca de 3 mil empréstimos e aumentou o consumo interno na Baía do Sol, em Belém, de 2% para 83%.

As votação para o Prêmio CLAUDIA 2012 acontecem até dia 30 de setembro. Ajude a recompensar o trabalho de mulheres como Maria Ivoneide do Vale. Vote!

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