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Com sua cantada, João Coutinho quer fazer sucesso à custa das feministas. Mando Paula Lima em cima dele

O colunista da Folha de S.Paulo acha que as mulheres vão ter saudade das agressões verbais. Ele e um bando de machos

Por Patrícia Zaidan Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 27 out 2016, 20h45 - Publicado em 12 jan 2016, 18h43

Não é a primeira vez que João Pereira Coutinho tenta o reducionismo (no sentido da simplificação excessiva mesmo) para escrever sobre um problema ou se dirigir às mulheres. Em sua coluna publicada na Folha de S.Paulo de terça (12/01/15), diz: “Quem sou eu para perturbar a histeria feminista, que vê no piropo reles (‘Ai borracho, era eu por cima e tu por baixo!’) um crime hediondo?” Trata-se de um conselho aos leitores que viajarão a Portugal, seu país de origem: “Cuidado com as cantadas para conquistar as lusitanas”. Ali, avisa na maior brodagem, no corporativismo, que os “piropos” rendem, no mínimo,  um ano de cadeia.

Não sou de dar bola para esse português (até acho um tipo bem sem graça), mas resolvi fazer o registro porque ele opina no Brasil, o quinto país do mundo em matança de mulheres, onde 38% dos universitários admitiram, recentemente, ao DataPopular/Instituto Avon abusar de suas colegas e 27% nem consideram violência um coito anal quando elas estão alcoolizadas ou apagadas por drogas, por exemplo.  

Em “O futuro é das mulheres”, o escritor se concentra no que ele considera bom para elas. “Apenas suspeito que chegará um dia – não muito distante – em que a Europa, as mulheres da Europa e até as feministas da Europa terão saudades dessas agressões verbais. Será preciso relembrar o que aconteceu em Colônia e outras cidades alemãs (Stuttgart, Hamburgo) na virada do ano?”  

Antes de importunar as feministas, Coutinho lembra dos suspeitos, entre eles refugiados da África e do Oriente Médio, que agrediram 379 mulheres em plena via pública: “Será que as feministas que combatem tão arduamente ‘as agressões verbais’, estão prontas para uma batalha maior contra indivíduos ‘de culturas diferentes’ que preferem agressões mais palpáveis (no duplo sentido da palavra)?” 

Coutinho conta que se põe em silêncio quando uma garota de Ipanema passa. E pronto! Está feito o papel da porção “civilizada da sociedade”. Não seria o caso de, como homem, se responsabilizar pelo combate à violência que tem como gênese o próprio homem? 

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Moral do texto: melhor aceitar a cantada grosseira do que a apalpação criminosa. Tá! Como se um pueril piropo não ajudasse a criar a cultura do esfolador, do matador. Particularmente, gosto que os homens olhem e desejem. Essa sou eu. Outras não querem nem algo assim. Na rua, e ainda propalada em bando, a cantada constrange e humilha uma mulher que passa, no Capão Redondo ou em Ipanema. Para terminar, mando o clipe que chegou à minha mesa junto com sua coluna, Coutinho. É da charmosa e talentosa Paula Lima. Em outras palavras, está dizendo quanto é velhusco o recurso da cantada. Ah, como vocês são tolos!

 

 

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