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CLAUDIA promoveu uma série de discussões sobre Mulheres na Mídia

Evento reuniu grandes nomes da mídia brasileira para falar sobre representação. Assista aos painéis na íntegra.

Por Da Redação
Atualizado em 15 abr 2024, 16h52 - Publicado em 9 mar 2017, 18h08
 (Mariana Pekin/CLAUDIA)
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Na semana em que é comemorado o Dia Internacional da Mulher, CLAUDIA reuniu mulheres que se destacam em diversas áreas da comunicação para debater sobre a representatividade e presença feminina em diversas áreas da comunicação.

O Mulheres na Mídia, patrocinado pela Seara, aconteceu na terça-feira (07), no hotel Tivoli Mofarrej, em São Paulo, e contou com cinco painéis de conversa. O evento foi transmitido ao vivo pela página de CLAUDIA no Facebook para que as leitoras pudessem acompanhar tudo.

Paula Mageste, diretora editorial das Revistas Femininas da Abril, abriu a cerimônia ressaltando a importância de promovermos transformações na forma como as mulheres são tratadas e discutidas. “65% não se sentem representadas na publicidade” – destacou, citando pesquisa do Instituto Patrícia Galvão – “não representar, é não respeitar“.

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Paula Mageste abriu o evento Mulheres na Mídia (Mariana Pekin/CLAUDIA)

Jornalismo

Patrícia Zaidan, editora de atualidades de CLAUDIA, abriu a programação apresentando o painel “Os homens ainda dominam o hard news e as opiniões”, em que conversou com Malu Gaspar, repórter da revista Piauí, Sheila Magalhães, editora-executiva da Rádio BandNews e Thaís Oyama, redatora-chefe de VEJA.

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Painel “Os homens ainda dominam o hard news e as opiniões” (Mariana Pekin/CLAUDIA)

“[Nós, jornalistas] fomos desacomodados da zona de conforto, porque a população está batendo na porta. Os negros, a comunidade LGBT, as mulheres: todos estão nos pressionando porque querem ter voz. Estamos discutindo de que maneira precisamos olhar para isso, especialmente no que toca as questões femininas”, introduziu Zaidan.

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Atualmente, cerca de 64% dos jornalistas no Brasil são mulheres. No entanto, nenhuma está em um cargo de liderança entre os dez maiores jornais do país. No rádio, a predominância da voz masculina se repete. “Inclusive, o tom de voz grave é mais bem aceito pelo público”, comenta Sheila.

Persistir” foi a palavra escolhida para mudarmos ativamente os espaços predominantemente masculinos – já que, apesar do número de jornalistas mulheres formadas, as redações ainda são lideradas por homens em sua maioria. As convidadas também ressaltaram a importância da educação neste processo, que deve estar em sintonia com as soluções para a desigualdade de gênero.

Assista ao vídeo completo do painel:

Universo digital

A redatora-chefe do portal M de Mulher Lígia Nunes comandou o segundo painel do dia, sobre a representatividade da mulher no mundo digital, com Alexandra Loras, ativista e colunista de CLAUDIA, Fiamma Zarife, diretora geral do Twitter no Brasil, Fernanda Ceravolo, Head do YouTube, e Stephanie Ribeiro, arquiteta e ativista digital.

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Painel sobre a representatividade da mulher no mundo digital (Mariana Pekin/CLAUDIA)
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O mundo digital abriga, atualmente, as melhores plataformas para que minorias tenham espaço e voz — uma vez que não há mediação entre quem fala e quem recebe, todos tem a chance de se destacar. Por isso, as mulheres têm conseguido cada vez mais ser ouvidas em seus mais variados discursos.

Um grande exemplo é a ativista digital Stephanie Ribeiro, que começou sua aventura no mundo digital depois de questionar a falta de representatividade negra na universidade de arquitetura e em todo o setor.

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Stephanie Ribeiro se destacou nas plataformas online por seu ativismo em prol das mulheres negras (Mariana Pekin/CLAUDIA)

A ativista decidiu, então, a escrever textos em suas redes sociais sobre a questão e seu desejo de ver mais projetos arquitetônicos serem feitos por mulheres negras.  No entanto, tentaram calar a sua voz e ela passou a sofrer ataques racistas e misóginos na internet. “Mas não era a hora de eu ficar acuada. Era a hora de eu falar” defendeu.

Na rotina entre desenhar e escrever textos sobre o mundo racista do mercado de trabalho da arquitetura, surgiu o convite da ex-presidente Dilma Rousseff — à época, em exercício — para conhecê-la. Foi então que a jovem sentiu a dimensão de seu trabalho. “A força das mídias alternativas é realmente muito grande” disse.

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Assista ao vídeo completo do painel:

Entretenimento

No terceiro quadro foi abordado o papel da mulher no entretenimentoTatiana Schibuola, diretora de redação de CLAUDIA, conversou com Daniela Mignani, diretora do GNT; Maria Clara Spinelli, atriz; Patricia Kamitsuji, managing director na Fox Warner Brasil; Taís Araújo, atriz; e Vera Egito, roteirista de cinema.

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As convidadas posam ao lado das representantes de CLAUDIA Tatiana Schibuola e Paula Mageste (Mariana Pekin/CLAUDIA)

Durante sua fala, Taís reacendeu a discussão sobre o racismo no Brasil e a dificuldade de se combater os preconceitos que continuam perpetuados dia após dia. “Eu sou o Brasil. Eu sou a exceção que só serve comprovar a regra.” disse.

Ao ser perguntada se ela se sentia sozinha, Taís respondeu: “Totalmente. Eu fui pinçada, escolhida para ocupar esse espaço. Quando olho para trás, vejo que não tem o mesmo investimento nas minhas colegas, assim como que tem em mim.”

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Taís Araújo desabafou sobre sua solidão como atriz negra (Mariana Pekin/CLAUDIA)

Leia mais:  Taís Araújo sobre racismo: “As pessoas não percebem nossa dor”

A diretora Vera Egito completou a fala da atriz dizendo que, quando estudava na USP, ela não tinha colegas negros no cinema e via poucas pessoas negras estudando teatro. “Quando quero fazer um casting de mulher negra, me falam que é muito difícil encontrar. Claro que é, elas não estavam na escola de teatro, não vão estar no mercado de trabalho” disse.

“Quando eu pude fazer uma equipe, ela foi 100% feminina, em Amores Urbanos.”, relata Vera. “Agora, infelizmente é um filme que eu olho e não tem um negro, esse recorte eu não dei conta. Mas para o próximo eu vou dar” prometeu antes de dizer que, quando temos o poder de decisão, precisamos usá-lo para mudar a realidade desigual.

Assista ao vídeo completo do painel:

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Bel Moherdahui, redatora-chefe de CLAUDIA, conversou sobre o tema “A publicidade e o reforço de estereótipos” com quatro das principais publicitárias do Brasil: Carla Alzmora, diretora de planejamento da Heads Planejamento, Gal Barradas, copresidente da Havas Creativa Group Brasil e fundadora e copresidente da BETS SP, Joanna Monteiro, chief creative officer da agência FCB Brasil, e Laura Chiavone, chief strategy officer da Tribal Worldwide NY.

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Painel discutiu a forte presença do machismo nas agências de publicidade e como isso reflete nas propagandas (Mariana Pekin/CLAUDIA)

A publicidade é um dos campos que apresenta um dos ambientes mais machistas para se trabalhar. Mais da metade das publicitárias já sofreu assédio, de acordo com a pesquisa de 2016 da American Association of Advertising Agencies,  lembra Bel. Não foi diferente com Laura Chiavone.

“Eu tinha um chefe que chegava todo dia é falava ‘eu vou te comer’. Tinha o redator que sempre deixava uma tirinha pornô na minha mesa em um post-it, outro colega que passava a mão na minha bunda”, conta.

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Joanna Monteiro acredita que o caminho é fomentar mais diversidade nas agências (Mariana Pekin/CLAUDIA)

Com o ambiente extremamente machista da publicidade, faz sentido que os anúncios e comerciais reflitam isso e a representação da mulher seja continuamente prejudicada. “A cultura machista está enraizada nas agências, porque está enraizada em muitos funcionários. Por isso é preciso haver a mudança da cultura das pessoas e do filtro na hora dá seleção do staff”, defende Joanna Monteiro.

Assista ao vídeo completo do painel:

 Aparência

Tatiana Schibuola mediou o último painel do dia e levantou a questão “para as mulheres, a aparência conta tanto quanto a competência?” para Cynthia Almeida, colunista de CLAUDIA, Daniela Cachich, vice-presidente de marketing da PepsiCo Brasil Foods, e Daniela Schmitz, vice-presidente executiva de engajamento para marketing da Edelman Significa.

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O último painel debateu sobre como a aparência das mulheres pode afetar em suas carreiras (Mariana Pekin/CLAUDIA)

“Nós somos criticadas quando nos vestimos bem ou quando nos vestimos mal. Não existe a liberdade [para as mulheres]” ressaltou Cynthia no início de sua fala.

Apesar de, depois de muita luta e debate, estar mais fácil ignorar os padrões tidos como “corretos”, a jornalista acredita que a evolução no pensamento das mulheres ainda não aconteceu de fato. “Vivemos com nossos preconceitos internos” definiu.

Assista ao vídeo completo do painel:

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