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Ciência e feminismo, a história de amor às mulheres de Bertha Lutz

Fascinada pelas ideias do movimento feminista inglês, a cientista trouxe ao Brasil a luta pela igualdade de gênero

Por Camilla Venosa
Atualizado em 23 mar 2020, 12h22 - Publicado em 16 mar 2020, 18h00

O pioneirismo das cientistas brasileiras ultrapassa o ambiente acadêmico. Desbravadoras do campo científico, elas transformaram lutas individuais em coletivas abrindo espaço para o ingresso de mais mulheres em lugares dominados pelo masculino. Essa história retrata bem a vida de Bertha Maria Júlia Lutz. Muito além da paixão pela biologia, a cientista foi percursora do movimento de igualdade de gênero no país, tornando-se uma das maiores feministas brasileiras.

Para a mulher vencer na vida, ela tem que se atirar. Se erra uma vez, tem que tentar outras cem. É justamente a nova geração a responsável para levar avante a luta da mulher pela igualdade.”

Bertha Lutz

Nascida em São Paulo, em 1894, Bertha Lutz cresceu em uma casa que valorizava a educação. Filha de Adolfo Lutz, renomado cientista, e Amy Fowler, enfermeira inglesa, Bertha foi para Paris estudar Ciências Naturais na Universidade Sorbonne. Por lá, especializou-se em anfíbios anuros, subclasse que inclui sapos, pererecas e rãs.

Durante a graduação, teve seu primeiro contato com a organização de mulheres que crescia no continente europeu, a chamada Primeira Onda Feminista. As teorias que ouviu foram como um sopro de esperança frente a realidade que conhecia no Brasil – naquela época as mulheres não tinham direito ao voto ou ao divórcio. Então, decidiu levar o que conheceu do movimento feminista inglês para sua terra natal.

(Arquivo Nacional/Reprodução)

Ao chegar no Brasil, em 1919, Lutz tentou concorrer a um cargo público no Museu Nacional, no Rio de Janeiro. Mas, por ser mulher, sua inscrição não foi aceita. Indignada, a cientista fez um apelo à Justiça com o respaldo de Rui Barbosa e foi aceita para fazer o concurso. Foi aprovada em primeiro lugar, tornando-se a segunda mulher a ingressar no serviço público brasileiro – a primeira foi Maria José Rabelo Castro Mendes, que foi admitida como funcionária do Itamaraty em 1918. Lutz exerceu o cargo de professora da instituição por mais de 40 anos.

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A cientista, então, fundou a Liga para a Emancipação Intelectual da Mulher e, mais tarde, a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, que se tornariam as bases do movimento sufragista, que lutava pelo direito do voto das mulheres no Brasil. Em 1932, ela liderou um grupo que pressionava o então presidente Getúlio Vargas a alterar o código eleitoral – conquista finalmente alcançada no mesmo ano.

Recusar à mulher a igualdade de direitos em virtude do sexo é negar justiça à metade da população”

Bertha Lutz

Em 1933, formou-se em Direito pela Faculdade do Rio de Janeiro, hoje Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Três anos depois, Lutz assume seu primeiro cargo político: obteve a primeira suplência com a morte do deputado titular Cândido Pessoa. Suas principais bandeiras eram a equiparidade salarial, a diminuição da cargo horária de trabalho e a licença-maternidade.

Por seu trabalho político, a cientista também se tornou uma das quatro mulheres escolhidas entre 850 para participar da redação da Carta das Nações Unidas.

(Arquivo Nacional/Reprodução)

Apesar da profunda dedicação à política, Lutz nunca abandonou a ciência. Durante seus estudos como bióloga, descobriu a espécie de sapos Paratelmatobius lutzii, chamado de”Lutz’s rapids frog”.

A cientista faleceu em 1976, aos 82 anos, no Rio de Janeiro.

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