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Barbara Gancia comenta a “cura gay” no Saia Justa

A jornalista defendeu o direito dos homossexuais que querem procurar tratamentos de "cura"

Por Da Redação
Atualizado em 15 abr 2024, 13h27 - Publicado em 21 set 2017, 00h27
 (GNT/Rede Globo)
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A polêmica tomou conta do sofá do programa Saia Justa na noite desta quarta-feira (20). Ao debaterem o tema “cura gay”, que voltou à pauta após uma decisão da justiça do Distrito Federal, a jornalista Barbara Gancia defendeu que o homossexual que deseja ser tratado deve receber o auxílio terapêutico de profissionais da saúde.

“Eu sou homossexual e sei que a Organização Mundial da Saúde diz que não é uma doença. Porém existe gente que não concorda comigo e essas pessoas podem ser homossexuais. E elas devem ter o direito, devem ser protegidas, se quiserem assumir que isso está incomodando: ‘Não quero ser assim. E consequentemente quero ajuda'”, argumentou.

A cantora Pitty, então, rebateu. “Já li muitos estudos sobre uma possível origem genética para a homossexualidade, mas para mim pouco importa. O que me importa é o que a pessoa quer, o desejo que a pessoa tem. Para mim, é mais importante fazer com que essas pessoas se sintam confortáveis em suas peles do que tenham que procurar um tratamento para lidar com um desconforto social causado por nós“, afirmou.

Gancia retomou a palavra e disse que, após ponderar o que é oportunismo político, o que é charlatanismo e o quanto a medida atende uma minoria dentro de outra minoria, é importante que exista dinamismo ao lidar com a questão. “Enquanto não estiver estabelecido cientificamente, é saudável que a gente possa ir, vir, contemplar algo novo…”, defendeu ao se referir à decisão judicial.

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A apresentadora e mediadora das discussão, Astrid Fontenelle, puxou o questionamento para si. “O que você está tentando me dizer é que você concorda que não há cura gay, mas quer que a gente converse de outra forma com as pessoas que a gente pensa que são parte da minoria. É isso?”, perguntou.

Após Barbara comentar a ausência de assistência do Estado e as diferenças sociais e culturais do Brasil, Pitty disse que entende a aflição de uma mãe que não sabe como lidar com a descoberta da homossexualidade de um filho. Então, Gancia  concordou afirmando que, a partir disso, essa mãe não poderia “ir para a ilegalidade” caso buscasse ajuda. Mas a cantora retomou o fio da meada e lembrou que, enquanto sociedade, o mais saudável seria trabalhar a longo prazo para que a mentalidade preconceituosa seja modificada através da educação.

Ao chamar o bloco seguinte, Astrid finalizou o papo dizendo que ser gay não é doença.

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Os internautas, é claro, participaram ativamente da discussão. Se por um lado muitos deles concordaram com o direito de procurar ajuda, outros lembraram que é negativamente simbólico existir um tratamento para algo que não é doença e que isso coloca em risco pessoas que não querem ser tratadas — mas serão submetidas a tratamentos compulsórios pela família intolerante, por exemplo.

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Entenda o caso

A Justiça Federal do Distrito Federal determinou, em caráter liminar, que o Conselho Federal de Psicologia altere a interpretação de suas normas de forma a não impedir os profissionais “de promoverem estudos ou atendimento profissional, de forma reservada, pertinente à (re)orientação sexual, garantindo-lhes, assim, a plena liberdade científica acerca da matéria, sem qualquer censura ou necessidade de licença prévia”.

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(Reprodução/Reprodução)
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Na sentença, o juiz Waldemar Cláudio de Carvalho não afirma que a homossexualidade é doença, mas, por outro lado, abre brecha para essa patologização. Vale lembrar ainda que, de forma parcial, a decisão toca uma ação movida por Rozangela Alves Justino, psicóloga e missionária, contra o Conselho Federal de Psicologia. Em 2009, a profissional teve o registro cassado por oferecer “terapias de cura para a homossexualidade masculina e feminina”. No mesmo ano, chegou a dizer que pessoas têm atração pelo mesmo sexo “porque foram abusadas na infância e na adolescência e sentiram prazer nisso”.

Por isso, além de gerar dúvidas, a determinação é considerada paradoxal por muitos advogados e especialistas em direitos LGBT, como Renan Quinalha.

O CFP vai recorrer às instâncias superiores.

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