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Ana Maria Primavesi, referência em agroecologia, morre aos 99 anos

A engenheira escreveu um dos principais livros sobre agricultura orgânica, o “Manejo ecológico do solo”

Por Da Redação
Atualizado em 17 fev 2020, 10h30 - Publicado em 6 jan 2020, 11h40

A engenheira agrônoma Ana Maria Primavesi, 99 anos, morreu neste domingo (5). Em 1948, a professora, que nasceu na Áustria, chegou ao Brasil com o marido Artur Primavesi para dar aulas na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), no Rio Grande do Sul. O sepultamento aconteceu no próprio domingo no Cemitério de Congonhas, em São Paulo.

Pioneira no campo da agroecologia, Ana trilhou uma carreira profissional que ultrapassou 6 décadas. Neste período, a professora escreveu diversos livros e foi reconhecida por premiações nacionais e internacionais, como o One World Award da International Federation of Organic Agriculture Movements (IFOAM), em 2012, e títulos Doctor honoris causa em universidades brasileiras.

Os conteúdos produzidos por Ana apresentavam suas pesquisas em torno de um dos assuntos que mais a interessava: o solo. Recuperar áreas degradadas, estimular o uso de matéria orgânica e garantir o convívio adequado desses recursos com as atividades humanas foram temas disseminados pela engenheira por meio de seus livros. Os estudantes dessa área certamente são influenciados pela especialista.

Na página oficial de Ana no Facebook, a notícia foi divulgada para os seus seguidores. Leia abaixo:

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“Um jatobá que tomba, centenário. Nossa querida Ana Maria Primavesi faleceu hoje, aos 99 anos de idade. Quase um século de vida, cerca de 80 anos dedicados à ciência no e do campo. Descansa uma mente notável, uma mulher de força incomum e um ser humano raro. Afastada de suas atividades desde que passou a morar em São Paulo com a filha Carin, Ana recolheu-se. Quase centenária, era uma alma jovem num corpo envelhecido que, mesmo se tivesse uma vitalidade para mais 200 anos, não acompanharia uma mente como a dela. Annemarie Baronesa Conrad, seu nome de solteira, desde pequena apaixonou-se pela natureza, inspirada pelo pai.

Naturalmente entrou para a faculdade de agronomia, mesmo Hitler tentando fazer com que as “cabeças pensantes” desistissem de estudar. Ela não só era uma das raras mulheres na faculdade como também aquela que destacou-se por seu talento natural em compreender o invisível: a vida microscópica contida nos solos.

Nestes 99 anos de vida, enfrentou todas as perdas que uma pessoa pode sofrer: irmãos, primos e tios na Segunda Guerra. Posteriormente, pai, mãe, marido. E seu caçula Arturzinho, a maior das chagas, que é perder um filho. Sua morte hoje, causada por problemas relacionados ao coração, encerra uma vida de lutas em vários âmbitos, o principal deles na defesa de uma agricultura ecológica, ou Agroecologia, termo que surge a partir de seus estudos e ensinamentos. Não parece ser à toa que esse coração, que aguentou tantas emoções (boas e ruins) agora precise descansar.

Nosso jatobá sagrado, cuja seiva alimentou saberes e por sob a copa nos abrigamos no acolhimento de compreendermos de onde viemos e para onde vamos, tomba, quase centenário. Ele abre uma clareira imensa que proporcionará ao sol debruçar-se sobre uma nova etapa, a da perpetuação da vida. E dos saberes que ela disseminou.

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Antes de tombar, nosso jatobá sagrado lançou tantas sementes, mas tantas, que agora o mundo está repleto de mudas vigorosas, prontas a enfrentar as barreiras que a impediriam de crescer. Essas mudas somos todos nós, cada um que a amou em vida, cada um a seu modo.

Nossa gratidão pelo legado único que nos deixa essa árvore frondosa, cuja luta pelo amor à natureza prevaleceu. A luta passa a ser nossa daqui em diante, uma luta pela vida do solo, por uma agricultura respeitosa, por uma educação que se volte mais ao campo e suas múltiplas relações.

Ana Primavesi permanecerá perpetuamente em nossas vidas.”

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