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6 informações importantes sobre os incêndios devastadores na Austrália

Agindo de forma devastadora desde setembro, o fogo é produto de ações humanas e condições climáticas extremas

Por Da Redação
Atualizado em 17 fev 2020, 10h25 - Publicado em 9 jan 2020, 18h58

Já dura quatro meses a onda alarmante de incêndios que tem varrido a Austrália com magnitude jamais vista. Destruindo fauna e flora e desestabilizando a vida de diversos moradores, as queimadas, ainda que diariamente combatidas, dão poucos sinais de trégua. Apesar dos esforços de celebridades e do público em geral na luta contra o fogo, ele já causou 27 mortes humanas, além de incontáveis perdas materiais e de biodiversidade. A seguir, estão algumas informações cruciais sobre um dos maiores desastres ambientais da história do país.

Onda de calor

São várias as causas do fogo. Na conta das ações humanas, fogueiras, queima de lixo e até bitucas de cigarro contribuíram para o desencadeamento de parte dos incêndios que assolam, sobretudo, a costa sudeste da Austrália. Entre os fenômenos naturais, raios também atuaram como agentes incendiários. Mas, segundo o site Vox, são as condições climáticas que mais intensificaram o quadro de queimadas.

Antes mesmo do início das queimadas, o país já enfrentava seu ano mais seco e quente, com uma temperatura máxima na média dos 30.69ºC, superando o recorde de 2013 de 30.19ºC. Além disso, houve uma grande incidência de ventos fortes no território, o que aumentou os riscos de incêndios e espalhou chamas e fumaças pelas cidades. 

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Em um relatório, a Cruz Vermelha apontou que a “intensidade e tamanho das queimadas em algumas áreas levou à criação de sistemas próprios de clima, aprisionando calor, gerando Cumulonimbus flammagenitus [nuvens alaranjadas que se formam graças ao grande aquecimento do ar em regiões de incêndios] e também fortes ventos e raios, ampliando a extensão do fogo.”

Instabilidade climática

Uma sucessão de fenômenos naturais também pode ter influenciado no aumento das proporções do desastre. Semelhante ao El Niño, o Dipolo do Oceano Índico consiste em uma disparidade das temperaturas entre as zonas leste e oeste da superfície marítima do mesmo oceano. Em 2019, o ciclo do Dipolo estava em sua fase positiva, mantendo as temperaturas na região leste mais frias, o que, por sua vez, causou uma diminuição da incidência de chuvas sobre a Austrália.

Outro fenômeno que intensificou o tempo seco foi a Oscilação Antártica, que descreve a movimentação em sentido norte-oeste do cinturão oeste de vento que circula a Antártica e tem grande importância na variação de chuvas no sul da Austrália. Uma mudança positiva deste cinturão cria uma contração dos ventos na direção da Antártica, os enfraquecendo, aumentando a pressão na região sul e dificultando a incidência das frentes no território. Já uma mudança negativa expande o cinturão em direção à zona equatoriana, resultando em um aumento da frequência e intensidade de tempestades no país. Nos últimos anos, a oscilação positiva tem ocorrido em períodos de outono e inverno, contribuindo para o clima seco.

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Por fim, as anuais chuvas de monções na parte norte do país chegaram após o período esperado, o que levou a um maior acúmulo de calor na região central australiana.

Mais e mais queimadas

Ainda que, em certa medida, as queimadas florestais já sejam inerentes ao ecossistema australiano, a frequência delas tem crescido simultaneamente ao aumento das temperaturas, como apontou um relatório climático divulgado em 2018 pelo Escritório de Meteorologia Australiano. E, se por um lado, o clima mais quente leva a um aumento de chuvas no norte, ele tem um efeito contrário no sul, justamente onde há a maior concentração dos incêndios.

(NASA/Reprodução)

“Houve um crescimento de longo prazo do clima extremo e da duração da temporada de queimadas em grande parte da Austrália”, aponta o documento. E a tendência, segundo cientistas, é de que os incêndios florestais sejam cada vez mais frequentes.

Biodiversidade em perigo

1 bilhão de animais mortos até o momento. A estimativa vem de pesquisadores da Universidade de Sidney, que contabilizaram apenas mamíferos, répteis e aves, deixando de fora do cálculo de perdas insetos e invertebrados.

O país, que é indiscutivelmente lar de uma das maiores biodiversidades do mundo, agora corre risco de ser palco de inúmeras extinções. Mesmo os animais que não morreram de imediato por causa do fogo, correm risco de não sobreviverem, uma vez que perderam seu habitat e estão desprovidos de água, comida e abrigo.

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(Nathan Edwards/Getty Images)

“Todo o conceito de ecossistema gira em torno da conectividade”, declarou Manu Saunders, ecologista na Universidade da Nova Inglaterra, ao Vox. “Por todas as florestas existem milhões de indivíduos e centenas de espécies diferentes que dependem umas das outras. É como elos de uma corrente e se você perde uma, perde as outras que estão conectadas.”

Onde há fogo…

… há também fumaça. E, por causa das gigantescas proporções das queimadas, neste caso há muita fumaça. Levadas pelo vento, as nuvens foram capazes de percorrer 12 mil quilômetros de distância entre a Oceania e a América Latina e alcançaram a porção sul do nosso continente, tendo sido avistadas até no Rio Grande do Sul.

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Mas se não corremos nenhum risco com a chegada da fumaça a esta parte do globo terrestre, o mesmo não pode ser dito da Austrália em si. Além de deixar o céu laranja, apenas em Sydney sua incidência tornou o ato de respirar tão danoso quanto fumar 37 cigarros. E ainda que seja menos danosa que a poluição típica de grandes centros urbanos, essa fumaça pode causar problemas respiratórios e irritar os olhos, nariz, garganta e pulmões. Não à toa, apenas em Sydney houve um aumento de 10% de admissões hospitalares de pessoas com dificuldades para respirar.

Caos social

E não é apenas a saúde dos australianos que está em crise. “O ritmo de expansão das queimadas e a fumaça subsequente têm dificultado que os serviços de emergência acessem e evacuem algumas comunidades”, aponta a Cruz Vermelha. “Eletricidade, combustível, e o abastecimento de comida têm sido interrompido e o fechamento de estradas se tornou comum. Isso resultou no isolamento de algumas comunidades, acessíveis apenas pelo ar ou mar (quando as condições da fumaça permitem).”

Ao menos 2700 profissionais estão se dedicando a tentar controlar o fogo, além de muitos voluntários que deixaram suas ocupações regulares para ajudar na luta. Nova Gales do Sul e Victoria, localidades onde estão concentrados os maiores focos de queimadas, declararam estado de emergência.

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Na segunda-feira (6), o primeiro-ministro Scott Morrison anunciou a criação de um fundo de US$ 1,39 bilhão, destinado a auxiliar na recuperação das comunidades atingidas. Ele, que é um grande apoiador da indústria do carvão, também reconheceu a importância de políticas climáticas, as quais por muito tempo ignorou. “Vou ser claro ao povo australiano: nossas políticas de reduções de emissões vão proteger o meio ambiente e buscar reduzir os perigos que estamos vendo hoje. Ao mesmo tempo, vão procurar garantir a viabilidade dos empregos e meios de subsistência das pessoas”, declarou em coletiva.

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