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Vou ensinar para o meu filho que menina é tão boa quanto ele

À espera do primeiro filho, a atriz chora sem motivo e sente saudade do marido mesmo quando ele está ao seu lado

Por Isabella D'Ercole Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 16 abr 2024, 09h38 - Publicado em 31 ago 2018, 11h42

No dia em que descobriu que estava grávida, Isis Valverde, 31 anos, sentiu um enorme vazio. Depois, medo. De não dar conta e não saber responder às próprias perguntas. Nervosa, enfrentando a vertigem e a pressão baixa, a atriz mineira contou ao marido, o empresário e modelo André Resende, que seriam pais. Encontrou no parceiro um olhar tranquilo, confiante, acolhedor.

Começava ali a intensa trajetória da gestação, em que as emoções são banhadas pelos hormônios e as expectativas e fantasias crescem. Mas ela vem se acalmando. Resolveu curtir. Já está gostando das mudanças do corpo, vendo com curiosidade as alterações de humor e os desejos que surgem de repente. Tem pensado muito em como preparar o menino, que deve nascer em outubro, para este mundo tão confuso, mas repleto de belezas.

No dia em que fez as fotos para este editorial, mostrou-se contrária a qualquer extremismo e superproteção com o bebê ou com ela mesma. Defendeu seu direito de fazer exercícios, ir à praia e escolher o tipo de parto que mais lhe agrada. Na conversa a seguir, também declara sua preocupação com a falta de informação sobre gravidez e a acidez nas redes sociais.

(Gerard Giaume/CLAUDIA)

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CLAUDIA: Como você descobriu que estava grávida?

Isis: Com a menstruação atrasada uma semana, notei que meus seios estavam grandes. Fazia uns três meses que não usávamos proteção nem anticoncepcional; então sabíamos que podia acontecer. Mesmo consciente, fiquei muito tensa. Eu me senti sozinha. Era uma carência que não sei explicar. Em seguida veio o medo de não saber ser mãe. E, por fim, culpa de ter cogitado isso. São os hormônios falando. O André brinca que, com esses sentimentos, voltei a ser criança. Eu fico feliz, aí triste, choro três minutos, passa, tenho fome (risos)…

CLAUDIA: Agora já estabilizou?

Isis: Não muito. É engraçado. Eu sinto muita falta da minha mãe. Aí fico com ela e vem a saudade do meu pai. Vou me juntar a ele e dói a falta do marido. É uma loucura; carência sem razão. As pessoas falam que grávidas precisam ser mimadas e eu concordo.

CLAUDIA: O que mudou no seu corpo?

Isis: Até agora só cresceram seios e barriga. Eu queria que ela já estivesse maior. Entro na fila preferencial e as pessoas duvidam de mim, ficam me olhando como se eu estivesse mentindo. O que mais senti foi o aumento da fome. No início, também chupava limão e colocava o suco em tudo, da água ao brigadeiro. Depois entrei na fase da pitaia, aquela fruta rosinha por fora e branca por dentro. Acho que o corpo pede porque tem ferro. Aliás, o bebê quer umas coisas bem estranhas. Eu passei muitos anos sem comer carne e, de repente, me vi devorando um prato de moela como se fosse um lobo. As comidas da minha infância passaram a ser as mais atraentes. Gelatina colorida, canjiquinha, sopa de macarrão. Nunca fui de comer arroz com feijão, batata frita e bife, mas tive esse momento. Depois de 22 semanas, só ficou a vontade de chocolate. Meu médico diz que é uma tentativa de compensar o cansaço que ocorre na gravidez, mas precisei me controlar para não comer todo dia e desenvolver um problema de saúde.

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CLAUDIA: Qual foi a reação das pessoas quando souberam que você estava grávida?

Isis: Fiquei emocionada com a onda de sororidade que surge entre grávidas e mães, sejam elas vizinhas, colegas de trabalho e até mulheres desconhecidas. Elas se abrem, falam dos remédios, das opções de parto, dos problemas com o marido e a família, de como batalham contra a depressão. Senti que podia perguntar tudo.

(Gerard Giaume/CLAUDIA)

CLAUDIA: Você teve muitas dúvidas?

Isis: Nada fora do normal, mas percebi que a gravidez e a maternidade são temas que suscitam muitas discussões e que há visões equivocadas e mitos. No meu Instagram, tinha gente criticando porque eu fazia ioga, ia à praia. Parece que tudo é um risco e que faz mal para o bebê a gente seguir a própria vida. Gravidez não é doença e a mulher não é refém da barriga ou do filho que está crescendo ali. A não ser que você tenha algum problema e a recomendação médica seja para repousar, não precisa ficar no sofá. Pode viajar, fazer aula de dança. Isso precisa ser esclarecido pelos médicos, falta essa conscientização.

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CLAUDIA: Vivemos um momento de transformação social, discutindo igualdade entre gêneros, principalmente. Como pretende educar seu filho nesse sentido?

Isis: Quando eu era criança, minha mãe repetia que o mundo era dos homens. Aquilo sempre voltava à minha cabeça e eu ficava tentando compreender. Por isso, meu envolvimento com o feminismo começou cedo. Hoje, há mudanças reais por todo o planeta. As mulheres da Arábia Saudita estão dirigindo, vendo jogo. Isso é sinônimo de independência. Talvez a passos de tartaruga, mas estamos conseguindo avançar. Eu acho que o machismo pode ser praticado por homens e mulheres. Então ambos precisam ser educados no caminho da igualdade. Para o meu filho, vou ensinar o respeito acima de tudo e a todos os gêneros. Dizer que tem que tratar bem, não usar a violência só porque ele é menino e mais forte fisicamente. Tem que entender que menina é forte e tão boa quanto ele em tudo, porque a força mental é grande também.

CLAUDIA: Você percebe diferença entre a sua criação e a de hoje?

Isis: Venho de uma família de mulheres fortes. Minha avó se separou em uma época em que isso não era aceito pela sociedade. Tinha quatro filhos e os criou sozinha. Ainda virou prefeita da minha cidade, Aiuruoca, em Minas Gerais. Minha mãe não saiu muito diferente. Era atriz e interpretou Madame Bovary. O padre ficou escandalizado com o texto, achou um festival de blasfêmias. Ela fazia teatro no meio da rua. Tem uns vídeos em que aparece quase pelada, com uma peruca dourada, dançando. Não era benevolente, mas firme. Com meu filho vou ser como ela, justa.

CLAUDIA: Quais os valores centrais que quer passar?

Isis: Primeiro, empatia, que eu só fui aprender no decorrer da vida e é fundamental. Ainda mais para ele, que vai nascer em uma casa confortável e ser mimado pela avó e todo mundo. Ele precisará aprender a se colocar no lugar dos outros. Quero que entenda a importância da família. As pessoas andam soltas demais; eu sou muito conectada à minha. Não viemos para cá viver em solidão. Além disso, quero que seja uma pessoa sensata e respeite os outros. Não vou superproteger.

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(Gerard Giaume/CLAUDIA)

CLAUDIA: Qual sua expectativa em relação ao parto?

Isis: Estou realizando encontros com uma doula para ter parto natural humanizado. Minha médica é especializada em parto pélvico (quando o bebê está sentado em vez de encaixado com a cabeça para baixo). Nasci de parto normal de risco. Quando minha mãe chegou ao hospital, eu estava com o cordão umbilical enrolado três vezes no pescoço. O natural é mais saudável tanto para o bebê quanto para a mãe. A mulher nasceu para parir, é bicho. Com o tempo, perdeu a prática porque a medicina quer exercer controle sobre isso. Então virou um processo em que limpam, esterilizam, você deita, abre as pernas, tiram a criança. É tudo tão mecânico que vai travando a pessoa. Mas é uma opção minha. Tenho amigas que marcaram a cesárea assim que descobriram a gravidez, e eu não julgo. Cada mãe precisa encontrar seu caminho e respeitar seus limites no parto, na amamentação, na educação.

CLAUDIA: Quer amamentar?

Isis: Sim, mas defendo mais uma vez que as mulheres precisam fazer o que dá. Sei que os primeiros 20 dias são importantes porque é o período em que você transmite os principais nutrientes para o bebê, ajuda a construir a imunidade. Mas tem quem sofra com o peito rachado, sinta dor… Foi assim com minha mãe. Tenho uma amiga que, por pressão, continuou amamentando, mas saía sangue. Qual a vantagem de você forçar alguém a amamentar com pus e sangue? Sou contra ultrapassar os limites do corpo. Só que esse julgamento pode levar a mulher à depressão. Há muita crueldade para com as mães. E, quando você está com os hormônios a mil, fragilizada, isso pode ser agressivo. Aconteceu comigo. Outro dia uma mulher deixou um comentário no meu Instagram: “Não aparece barriga. Será que ela perdeu o bebê?”. Eu li várias vezes, mas fingi que não vi e apaguei, porque é sem noção.

CLAUDIA: Desde que virou atriz, você sempre teve uma vida exposta, pública. Algo mudou depois da gravidez?

Isis: Ainda não, mas, quando o bebê nascer, vou repensar algumas coisas. Não posso decidir por ele a questão da privacidade. Quando crescer, talvez ele não queira ser uma figura pública, mas, aí, já terá sido exposto durante a infância toda, desde a chupeta. Eu não julgo quem faz isso. Ninguém é obrigado a pensar como eu. Mas quero deixar essa escolha para o meu filho.

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Edição de moda Fabio Ishimoto  • Styling Cuca Ellias (OD MGT) • Produção de moda Jaqueline Cimadon • Colaborou Bi Lessa • Assistente de fotografia Hanna Vadasz • Beleza Daniel Hernandez • Assistente de beleza Tiago Paixão • Tratamento de imagens Fujocka Creative Images

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