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Rodrigo Santoro: “Estou feliz com minhas escolhas”

Depois de mais de uma década longe das novelas, Rodrigo Santoro, aos 40 anos, prepara-se para viver Afrânio, protagonista da primeira fase da nova Velho Chico

Por Isabella D'Ercole Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 28 out 2016, 04h39 - Publicado em 13 mar 2016, 07h00

Desde janeiro, Rodrigo Santoro está praticamente incomunicável. A melhor forma de encontrá-lo, neste mês, é procurar pelas ruas de Baraúna (no Rio Grande do Norte), Olho d’Água do Casado (em Alagoas), São Francisco do Conde e Raso da Catarina (ambas na Bahia). Mas, por lá, o ator responde por Afrânio, um jovem e promissor advogado que, após a morte do pai, assume a contragosto os negócios da família. O personagem é protagonista da primeira fase de Velho Chico, novela das 9 que estreia neste mês. Escrita por Benedito Ruy Barbosa, a trama tem um quê shakespeariano. Isso porque, apesar de todas as dificuldades que encontra na nova realidade, o que faz Afrânio sofrer mais é a impossibilidade de ficar com seu amor, Iolanda (vivida por Carol Castro), filha – surpresa! – do seu arqui-inimigo. Às margens do rio São Francisco, no sertão nordestino, os dois vão enfrentar uma rivalidade secular para ficar juntos.

No horário combinado para a entrevista com CLAUDIA, Santoro saiu de seu quarto e se dirigiu ao único telefone do pequeno hotel em que estava hospedada a equipe da novela, na Bahia. A conversa rolaria ali mesmo na recepção, de onde podia ser observado por todos que entravam ou saíam. “Sorte dos transeuntes”, pensei eu. Mas Santoro faz a linha tranquilão, de quem não liga para a fama. Já declarou que segue rotina normal, vai ao supermercado e à praia. O que não quer dizer que seja indiferente ao público – muito pelo contrário. “A novela vai permitir que eu me reconecte com as pessoas, e essa relação me ajuda, porque os personagens ganham traços mais verdadeiros”, comentou.

Longe das novelas desde 2003, quando fez Mulheres Apaixonadas, o ator alega que o único motivo desse afastamento é a agenda lotada. Com tantos projetos engatados no exterior, não consegue se dedicar por oito meses seguidos a um trabalho. Para Velho Chico, passou só 90 dias gravando e aparecerá em apenas 24 dos quase 200 episódios – na segunda fase da trama, Antônio Fagundes viverá Afrânio. O número de estreias neste ano corrobora a justificativa. Tem desde faroeste com Natalie Portman (Jane Got a Gun, sem título em português, lançado nos Estados Unidos em janeiro) até uma releitura do clássico Ben-Hur (previsto para agosto, em que viverá Jesus). Pela HBO, Santoro lança a série Westworld, gravada com Anthony Hopkins.

O encanto pelo personagem e o sucesso da parceria anterior com o diretor Luiz Fernando Carvalho, em Hoje É Dia de Maria, ajudaram a reconquistá-lo. A seguir, Santoro faz um balanço da carreira, conta o que mudou depois dos 40 anos e admite ser um namorado dedicado para a atriz e apresentadora Mel Fronckowiak.

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O que achou de conhecer essa parte mais isolada do Brasil?

O aprendizado foi imenso. Os moradores desses lugares se relacionam diretamente com a natureza e convivem com a escassez de recursos, principalmente de água. Então, os valores são outros. Uma vez, perguntei as horas a um homem que passava e, como ele não tinha relógio, olhou para o sol e me respondeu. Em outra, foi ainda mais curioso. Estava esperando para gravar uma cena em uma casinha no meio do nada, quando comecei a conversar com a proprietária. Dona Selma me pediu para sentar com ela no sofá, em frente à TV. Depois de um tempo em silêncio, falou: “Estou sempre aqui vendo você ali dentro da tela e hoje você está do meu lado. Era um sonho que queria realizar”. Aquilo foi genial, mostra o imaginário do espectador, que fica vivendo as emoções através da TV e depois leva aquilo para a vida real.

Como isso influencia seu trabalho?

Estou fazendo um exercício de não julgar ninguém, de permanecer neutro. E é isso que torna a experiência absolutamente fantástica. Quando estou interpretando um personagem, embora muitas vezes ele não exista, as questões tratadas são essencialmente humanas. Portanto, quanto mais eu entender as pessoas, melhor. No cinema, essa barreira que a dona Selma mencionou é muito maior. Na TV, consigo um retorno mais rápido de todos.

Como acha que o público vai reagir à sua volta ao horário nobre?

Estou me entregando com todo o coração, corpo, alma, tudo. Espero que o resultado toque as pessoas, provoque essa conexão. E que muita gente assista. Novela é feita pra ser vista.

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Nos últimos anos, você tem feito cada vez mais trabalhos fora do Brasil. É uma opção?

A vida tem sua dinâmica, mas fiz a minha parte. Estou feliz com as minhas escolhas. Agradeço as oportunidades, a possibilidade de experimentar coisas diferentes. Pode mudar o projeto, até a língua, mas, no final, faço o que sempre fiz: contar histórias através de personagens. E não fico fora do Brasil muito tempo. Sempre volto para ver minha família, minha namorada, meu cachorro. No ano passado, viajei bastante porque os sets de filmagem eram na Argentina, no Chile, nos Estados Unidos. Agora, como estou só gravando a série (da HBO), consigo organizar melhor minha rotina. Fico um pouco em Los Angeles e o resto do tempo em casa. Estava ansioso por esse momento de estabilidade para poder ir ao médico, retomar a ioga, minhas aulas…

A ioga ajuda a dar conta de tantas demandas ou você recorre a outras alternativas?

A ioga permite que eu melhore o meu relacionamento com meu corpo, é um exercício de consciência, de respiração. Acho absolutamente fantástico. Mas faço terapia há muitos anos, porque me ajuda muito. O surfe é outra terapia, apesar de ser divertimento também. Estar dentro do mar gera um momento de reflexão, e o movimento constante da água treina a concentração. Vivemos distraídos hoje, pensando no que vamos fazer depois, no que tínhamos que ter feito. O surfe puxa para o presente, faz interagir com o que está acontecendo ali.

Você completou 40 anos em agosto passado. Alguma coisa mudou?

Na verdade, estou achando tudo melhor. Hoje entendo aquilo que dizem sobre a vida começar depois dos 40. Encontrei equilíbrio, calma. Não me preocupo tanto quanto antes. E, como sempre pratiquei esportes, o corpo ainda está respondendo bem. Mas me pergunta isso de novo aos 50 e vamos ver como vai ser (risos).

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Você está viajando há dois meses, o que é comum na sua carreira. É difícil manter o namoro à distância?

Agora, além de estar longe, tem o deslocamento frequente, a conexão difícil de internet e telefone… Tentamos nos ver o máximo possível, mas viver um relacionamento também é entender o momento do outro. Quando estou gravando em Los Angeles, por exemplo, eu volto, ela vai – hoje em dia, encontrar o outro é mais fácil.

Você se considera um romântico?

Diria que sou dedicado.

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