Nathália Timberg e Maju Coutinho discursam contra o preconceito
A atriz e a jornalista emocionaram a plateia de uma premiação no Rio falando sobre racismo e homofobia
Durante a entrega do II Prêmio Rio Sem Preconceito, no Rio de Janeiro, a atriz Nathália Timberg e a jornalista Maju Coutinho falaram sobre o preconceito racial no Brasil e deixaram um recado importante.
“Esperei 30 anos por esse momento. Ela foi a primeira jornalista negra a ser a garota do tempo do JN. Quando vi Maria Júlia Coutinho falei, caramba, que lindo, quase chorei de emoção”, disse Glória Maria, mestre de cerimônias ao lado de Marcelo Tas, que também falou sobre o trabalho de Maju. “A hashtag somos todos Maju foi usava por milhares de pessoas em reação espontânea de carinho, de afeto, que se opôs à onda racista e esse incidente ocorreu exatamente no dia do combate à discriminação racial”, acrescentou Tas.
Ao receber o prêmio de Glória Maria, Maju subiu ao palco e agradeceu: “Obrigada. Fiquei emocionada com meu segundo encontro com a Glória. Há uns três anos ela foi a São Paulo como uma das palestrantes sobre mulheres no mundo e eu estava trabalhando no jornalismo local da Globo, me apresentei e nunca me esqueci do que ela falou: ‘Lute, sempre lute’. Aquilo foi muito forte e, como milhares de pessoas, ela também saiu em minha defesa”.
Outro momento emocionante foi quando Nathália Timberg agradeceu a premiação que recebeu por ela e por Fernanda Montenegro – que não compareceu porque era aniversário de 50 anos da filha, Fernanda Torres – pela interpretação do casal homossexual Teresa e Estela em Babilônia.
“Estou muito honrada por receber esse prêmio, que não deveria mais ser uma luta, mas continua sendo, porque é inacreditável que nesse século 21 de era estamos nos defrontando com preconceito diariamente, com fobias, com desrespeito humano, uma coisa que toda vida me horripilou. Temos que ter direito à diversidade e à singularidade, meu Deus do céu, e que cada um de nós seja um elemento para propagar esta coisa que nem deveria estar em discussão. Não é possível. Quando criança aprendemos a cantar ‘liberdade, liberdade, abre as asas sobre nós’… Com que direito nos expurgam a nossa liberdade? Já fui vítima de vários preconceitos, já tive gente na rua que olhou para mim e minha mãe e nos chamou de judias infelizes. Custei a entender. Então sei o que é isso diretamente e não é possível que estejamos hoje tendo que levantar a bandeira de uma luta pelos direitos humanos. Temos que ter liberdade de escolha em nossas vidas, mas já que estamos festejando isso, vamos ser portadores dessa luta pedindo que as pessoas raciocinem melhor, que imaginem o que é o outro, nós mesmos”.