Juliano Cazarré: “Bebi na minha própria fonte para viver o Ninho”
O ator de Amor à Vida defende seu personagem, fala da carreira e da paixão pelo cinema e pela família
Juliano Cazarré
Foto: Divulgação/TV Globo
Aos 32 anos, Juliano Cazarré brilha em sua terceira novela, Amor à Vida, na pele de Ninho, que não agrada todo mundo com sua personalidade dúbia e seu cabelão dreadlock. Antes disso, porém, ele conquistou o Brasil inteiro com o romântico e ingênuo Adauto, de Avenida Brasil (2012), e na pele do bandido sensual Ismael, de Insensato Coração (2011). A estreia na telinha, contudo, ocorreu na série Antônia (2006). Depois Juliano participou da série Força-Tarefa (2009 e 2011), entre outras atrações na TV. Louco por cinema, o astro já fez 17 filmes, inclusive Tropa de Elite (2007), 360 (2011) e Serra Pelada (2013), produzido por Wagner Moura, ainda a ser lançado. Sobretudo por isso, é extremamente elogiado por seus colegas renomados. Nascido em Pelotas (RS), o artista foi criado em Brasília (DF), para onde se mudou com a família quando tinha apenas 1 ano. Formou-se em artes cênicas pela Universidade de Brasília (UnB). A mãe, Luísa, é pedagoga e o pai, Lourenço Cazarré, jornalista e escritor. Casado com a bióloga Letícia Barros, com quem tem dois filhos, Vicente, de 2 anos, e Ignácio, de 9 meses, Cazarré é maluco pelos três.
O Ninho vem causando certa antipatia no público. Você acredita que ele seja sincero?
Juliano Cazarré Ele é um cara livre, mais irresponsável do que mau, e muito humano. Oscila entre dois lados. Tem hora que é amoroso e romântico e, em outra, um babaca. Tem uma energia com a qual gosto de trabalhar. Mas pessoas mais conservadoras podem estranhar o visual e rejeitar o personagem de alguma forma.
Quem o convidou para o papel?
O Walcyr Carrasco (autor) me convidou, pois gostou do meu trabalho em Avenida Brasil. Fiquei muito feliz, porque o Ninho é diferente de todos os tipos que já vivi.
Gostou até do visual riponga dele?
Achei maneiríssimo! Soltei logo um sorriso de orelha a orelha (risos)! A gente achava que esse visual seria só para o começo da história, mas ficou tão bom que decidimos manter para a fase atual. Meu rosto compôs tão bem, parecia que eu já usava os dreads mesmo! Fiquei amarradão!
Onde buscou referências para compô-lo?
Bebi na minha própria fonte para viver o Ninho. Também tive meu momento hippie! Brasília é uma cidade que tem muita gente alternativa. Tem essa coisa mística do cerrado, dos cristais, da natureza, do lago. E eu vivia viajando para Pirenópolis e para a Chapada dos Veadeiros (lugares considerados descolados e energéticos) para acampar. Eu conheço muita gente parecida com o Ninho.
Juliano como Ninho de Amor à Vida, em cenas no Peru
Foto: Divulgação/TV Globo
É trabalhoso se transformar no Ninho por causa do cabelo?
É tranquilo. Fico pronto bem rápido. Curti o visual e estou muito feliz e orgulhoso. Para mim, o Ninho não é só um cara com deadlocks. Ele é um rastafári, e isso é uma opção de vida que implica em: ser pacífico, livre, simples, viver com pouco, conhecer o mundo, conhecer gente. Estou tentando interpretá-lo da maneira mais honrada possível.
Você se identifica mais com o Adauto, de Avenida Brasil, ou com o Ninho?
Sou parecido com os dois. Como o Ninho, prezo minha liberdade. Gosto de acampar, de natureza, aventura, reggae e de mulher bonita. E sou um pouco como o Adauto, muito romântico, um pouco ingênuo e supercarinhoso. Como os dois, acredito muito no amor.
As cenas românticas dele com Paloma (Paolla Oliveira) ficaram incríveis e deram o que falar. Rola uma química bacana entre vocês, não?A química está legal, sim. Mas só estou fazendo meu trabalho de ator. Essa boataria (comentários maldosos de que ele e a atriz, que também é casada, teriam ficado mais próximos nas gravações no exterior) é tão sem fundamento que nem vale a pena perder tempo com isso. Sou completamente apaixonado pela minha mulher e está tudo certo entre nós.
O Ninho foi preso por um vacilo na juventude, mas ele não deixa claro se é um cara legal ou não. Vai virar vilão?
Vamos ver o personagem amadurecer ao longo da história e ele vai mostrar que é do bem.
Deu para se divertir um pouco lá no Peru com os colegas de trabalho?
Claro, nos divertimos muito. A equipe está cheia de gente bacana. Os diretores são todos muito amigos e sensíveis, temos um ótimo diálogo. E estávamos gravando em lugares maravilhosos! Ou seja, só poderíamos estar felizes. Acho que esse prazer que temos em atuar sempre chega ao público.
Você já conhecia o país?
Nunca tinha ido ao Peru e adorei. Tem uma gente cordial, bem educada e muito orgulhosa de seu passado e sua cultura. Também amei a culinária local, me adaptei numa boa. E gravamos em lugares lindos, sagrados, com paisagens inesquecíveis.
Onde mais gostou de gravar?
Adorei as cenas em Maras, uma região que fica a cerca de uma hora de Cusco. Foram uns dos melhores dias de gravação da minha vida! Fiz um pouco de tudo: plantei batatas, toquei ovelhas, em um cenário maravilhoso de céu azul, campos verdinhos e montanhas cobertas com neve. Foram dias inesquecíveis!
Quanto tempo passou lá?
Deu saudade da família? Foram 20 dias e morri de saudade. Assim que cheguei, fui correndo para Brasília (DF). Sou louco pelos meus filhos e sofro quando preciso ficar tanto tempo longe deles.
Faz planos de trazê-los para viver no Rio com você?
Estou tentando arranjar um apartamento no Rio, a cidade mais cara do mundo (risos).