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Jackson Antunes: o avesso de Léo

Romântico, sereno, elegante, do bem total. Esse é Jackson Antunes, que nem de longe lembra seu personagem de A Favorita

Por Redação M de Mulher
Atualizado em 21 jan 2020, 11h06 - Publicado em 8 nov 2008, 21h00

Jackson é o avesso do avesso de Léo
Foto: Rogério Pallata

Com a fala mansa que é quase um sussurro, este ator, caboclo e violeiro, em absolutamente nada se parece com o homem rude, agressivo e grosseiro que interpreta na trama global das 9. Inteligente, o mineiro Jackson Antunes sabe dizer, no auge de sua simplicidade, exatamente o que é preciso sem deixar dúvidas. E admite: “Fazer o Léo foi muito difícil no início pra mim. Eu chegava a perder o sono e a vontade de falar com as pessoas por causa dele”.

A exemplo da atriz Beatriz Segall, que fez a inesquecível vilã Odete Roitman em Vale Tudo (1988), e até mesmo sua atual companheira de cena Lília Cabral, a terrível Marta de Páginas da Vida (2006), Jackson sofre pra valer com as maldades e o comportamento de alguns de seus personagens. Confira, a seguir, um pouco mais sobre esse artista ímpar, que também canta muuuuuito.

tititi – Antes de “A Favorita” estrear, você chegou a pensar em desistir do Leonardo?
Jackson Antunes – No início, pensei que não conseguiria levar o papel adiante e falei isso ao autor (João Emanuel Carneiro), que me encorajou a seguir em frente. E hoje, claro, não me arrependo.

E fala a verdade… Você acredita que ele pode mudar até o final da novela?
Tenho que acreditar nessa possibilidade porque ninguém é ruim impunemente. Mas, no fundo, além de sentir vergonha de demonstrar seus sentimentos, por achar que isso o fará frágil, Léo tem algo bom escondido em algum lugar, e que vez ou outra vem à tona. O problema: logo esse sentimento é abafado por seu orgulho, como se fosse uma doença. Mas é um papel que serve como um alerta ao público, é um momento de reflexão para a sociedade.

Se podemos chamá-lo de doente, qual seria essa doença?
Ele sofre de um mal que toma conta do mundo todo: o egocentrismo. É o ego das pessoas pesando mais do que o coração. Dessa maneira, ficamos cegos, duros e só atraímos tristezas.

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Você chegou a ser agredido na rua por culpa do Léo?
Sim… Eu estava numa banca de jornal e o rapaz começou a falar de mim num tom meio agressivo. Achei que era uma pegadinha e comecei a rir. Só que minha atitude o deixou ainda mais nervoso e ele me deu um empurrão. Caí no chão, me machuquei e fiquei três dias hospitalizado, por causa de uma trombose (ele descobriu que tinha a doença em 1995).

Infelizmente, algumas pessoas ainda confundem realidade com ficção, não?
É, infelizmente.

E como você é em casa?
Sou pacato, toco minha viola, converso com minha mulher, Cristina, e meus filhos, José Vitor, Camila e Tarina… Também leio bastante e ouço música. Não sou de festas e badalações. ‘Sô’ caboclo pra valer.

E se emociona fácil?
Muito, não sei reprimir emoções. O que sinto demonstro, seja para rir ou chorar.

Com tamanha correria por conta da carreira (além de atuar, Jackson já gravou seis CDs), como relaxa?
Com minha família, em meu paraíso particular. Tenho um sítio delicioso com pés de frutas como jambo, tangerina, romã, banana… é maravilhoso.

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E você também ama poemas, não? É um “cantadô de poesias” e dos bons!
Ah, sou uma pessoa de hábitos simples, que gosta de sentir o sabor da vida. Tenho a força do sertão em mim e muito carinho pelas pessoas de lá. Quando canto e vivo meus personagens é muito visceral.

E você trabalha com poesias…
É, em 1998, por exemplo, gravei o CD Nosso Coração Caipira, junto com Chico Lobo, pela Atração. Uma das músicas lindas desse trabalho é Pingo D’ Água, de João Pacífico e Raul Torres.

E como escolhe os poetas?
Gosto de quem, como eu, fala da esperança de um povo. Da fé, da família, do verdadeiro amor e do interior. Aqueles que têm como tema o que já vi e vivi, como Zé da Luz e o seu Patativa do Assaré no poema Eu Quero. Há muita gente maravilhosa nesse Brasil de meu Deus.

Diga uma canção marcante para você.
Admirável Gado Novo, de Zé Ramalho. Ela me marcou porque estava na novela O Rei do Gado (Globo, 1996). O Regino, meu personagem, era o líder de um grupo de sem-terra. Lembro que na época ouvi a música e, emocionado, consegui convencer o Luiz Fernando Carvalho (diretor) a colocá-la na trilha sonora. É um sucesso que até hoje mexe comigo.

Pra finalizar, diga aos leitores de tititi um verso que venha de imediato à sua cabeça, neste momento…
Existe um que diz assim: “Sou tão resistente quanto a caatinga, sem água no tronco e sem folhas no pé. Quando a estação da seca se vinga, perco até o sono, mas não perco a fé. Vendo os vales secos em uma nascente azul, que governo é esse do país celeste? Esses presidentes do céu e do sul não são solidários à dor do Nordeste”.

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