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Guilherme Winter: “Acredito na energia, na ação e reação do que fazemos”

O ponto alto da carreira do paulistano de 36 anos, até aqui, foi a cena em que ele separou as águas do Mar Vermelho, na pele bronzeada de Moisés em "Os Dez Mandamentos". O ator fez tanto sucesso que voltou para a segunda temporada da novela da Record

Por Luciana Ackermann (colaboradora)
Atualizado em 27 out 2016, 21h25 - Publicado em 5 jun 2016, 07h00
Jorge Bispo
Jorge Bispo (/)
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Em novembro passado, a hashtag #MarVermelho tomou as redes sociais de supetão. Por mais inusitada que fosse, era difícil encontrar um brasileiro que não soubesse do que se tratava. Naquele dia, o ator Guilherme Winter interpretou o momento simbólico em que Moisés abre o Mar Vermelho na novela bíblica “Os Dez Mandamentos“. A cena, superproduzida, custou à Rede Record 1 milhão de reais e trouxe alívio a Winter: ele havia escolhido a carreira certa.

Antes do sucesso estrondoso – que garantiu a segunda temporada, no ar atualmente –, o ator já tinha tentado muitas outras atividades. Trabalhou em uma locadora de filmes, vendeu planos de saúde nas ruas de São Paulo, foi cenógrafo e recepcionista de um hotel na Bahia, deu aulas de vela. O pai, advogado, até tentou incentivá-lo a seguir a carreira de direito, mas não conseguiu convencê-lo a passar tantas horas dentro de um escritório.

Em 2004, o paulistano se mudou para o Rio de Janeiro, cidade que nunca havia nem visitado. Já tinha largado o curso universitário de desenho industrial e fora recentemente reprovado no processo seletivo da Escola de Arte Dramática da Universidade de São Paulo. Ouvira de um amigo que em terras cariocas teria mais chances na carreira artística. “Minha irmã tinha me falado da escola de teatro Casa das Artes de Laranjeiras. A ideia me animou; então, tracei um plano para me bancar por um tempo e parti”, lembra.

Winter trabalhava como vendedor em uma loja de roupas e controlava os gastos morando em um quarto alugado na casa de uma senhora, na Gávea. Enquanto isso, fazia testes para comerciais e sonhava com o dia em que subiria no palco. Só um ano depois da mudança, teve coragem de se inscrever no banco de atores da Globo. “Eu me sentia tão verde que só corria atrás dos comerciais para fazer uma grana e focava nos estudos”, conta.

Os testes apareceram logo depois e ele garantiu sua primeira participação em novelas como um skatista em “Malhação“. Depois, viveu o jovem Flu, na trama “Cobras e Lagartos”. Dali, deslanchou. Os horários de gravação o obrigaram a trancar o curso profissionalizante da Casa das Artes de Laranjeiras. Ele pretende voltar, mas será difícil antes de acabar o contrato com a Record, em 2018. “Estou com saudades do teatro, quero me reciclar, beber de novo da fonte dessa arte”, admite.

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Winter também vai usar o tempo longe das telas para dar sequência ao projeto de uma peça com amigos sobre a vida do escritor alemão Charles Bukowski, que está em fase de captação e parcerias. E, já que é pra voltar aos estudos, pensa em retomar outros interesses, como as artes plásticas. “Sempre gostei de desenhar. Quero fazer aulas de pintura a oléo e de retratos”, afirma ele, que chegou a frequentar oficinas de desenho de nu artístico no Parque Lage antes de engrenar na TV.

Um bom desafio

Mais acostumado às câmeras, em 2012 Winter foi chamado para um teste para Ruben, personagem da minissérie bíblica “José do Egito”. Foi a oportunidade de trabalhar com o diretor Alexandre Avancini, que, nove meses depois, convidaria o ator para representar seu grande sucesso: “Moisés”. “Em ambos os casos, senti que os textos eram mais duros; e os conflitos, densos. Isso fora os figurinos pesados. Tudo é intenso”, diz o ator, que credita aos obstáculos seu crescimento. “Fui descobrindo mais profundidade na atuação, algo que não percebia nas novelas contemporâneas, em que os personagens são mais próximos da nossa realidade”, completa.

Pessoalmente, o entrave foi outro: Winter não segue nenhuma religião e sentiu a pressão de interpretar alguém que toca tão fundo a crença de milhões de brasileiros. “A cobrança que eu me coloquei foi forte, mas hoje vejo que, na verdade, é uma honra viver essa experiência.” Aliás, não são raras as pessoas que se aproximam dele nas ruas elogiando a produção e contando como ficam tocadas pelo trabalho. “Acredito na energia, na ação e reação do que fazemos. Sempre agradeço a quem vem falar comigo, mas sou muito pé no chão. Não me deixo deslumbrar.”

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Colhendo frutos

Não só a carreira do moreno de olhos castanhos e cabelos cacheados foi transformada por “Os Dez Mandamentos”. No set, ele conheceu a atriz Giselle Itiê, com quem namora desde o fim do ano passado. Mesmo antes de assumir o namoro, os dois foram flagrados aos beijos no Rock in Rio e até postaram fotos juntos. Apesar de a relação ser recente, ele acredita que o casamento é um caminho natural da relação a dois.

E admite que é extremamente romântico. “Gosto de comprar flores e mimos para mostrar que lembrei dela durante o dia”, continua. Pela hashtag #LoveIsInTheAir (O Amor Está No Ar), que ela posta nas fotos com ele, parece que tem funcionado. Quando não estão filmando, os dois curtem ir ao cinema e ao teatro, claro. Winter diz que ama viajar nas folgas e com frequência volta a São Paulo para visitar a família. Um de seus passeios favoritos é a praia – que ele vai sempre desde que se mudou para o Rio. Em casa, toca violão e guitarra para passar o tempo. “Minha ligação com a arte é forte, quero explorar ao máximo todas as possibilidades.”

 

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