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Bruna Lombardi: “Eu não sou bonita. Eu estou ficando”

A atriz e escritora Bruna Lombardi recebeu CLAUDIA para celebrar suas novas conquistas profissionais: um livro, um filme e um site. Mas falou mesmo sobre amor, tempo e felicidade

Por Redação CLAUDIA
Atualizado em 28 out 2016, 10h51 - Publicado em 23 mar 2016, 10h51
Leonardo Soares / UOL / FolhaPress
Leonardo Soares / UOL / FolhaPress (/)
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Bruna Lombardi continua linda. E produtiva. Aos 63 anos, acaba de lançar seu oitavo livro (O Jogo da Felicidade, Sextante, 29,90 reais) e seu terceiro filme como roteirista, Amor em Sampa, que estreou em 25 de fevereiro, dirigido por Carlos Alberto Riccelli, com quem é casada há mais de 35 anos. Além disso, tem uma página com quase 2 milhões de seguidores no Facebook; três casas (uma em Los Angeles, uma em São Paulo e outra em Trancoso, na Bahia), para as quais desenhou móveis e lustres; três cachorros, dois gatos, marido e filho. E ainda encontra tempo para dar palestras, compor músicas e estudar mitologia. Ah, sim, vai lançar em breve um site, o Rede Felicidade, para explorar o tema que tem dominado sua vida profissional nos últimos anos. Foi em sua casa em São Paulo, com paredes de vidro, grandes pedras espalhadas pela sala, luz natural e muito verde, que Bruna recebeu CLAUDIA. Sem cerimônia, assessores ou assuntos proibidos. Bruna fala muito, se estende em reflexões, explicações e divagações, mas nunca perde o foco. E, com seu jeitão zen, garante: se sente alinhada ao Universo – o que, para ela, significa estar bem e feliz – e quer passar seus aprendizados adiante.

Seu novo filme, Amor em Sampa, é uma comédia romântica musical. Por que musical? Por que São Paulo?

A ideia é que seja um sopro de esperança diante das coisas ruins que a gente tem atravessado. Eu queria que as pessoas saíssem do filme felizes e pensando em como elas podem ajudar a cidade. Eu gosto muito da ideia de que São Paulo é fruto do trabalho das pessoas, na qual cada um de nós fez a sua parte. Não tem a beleza natural do Rio. Aqui, a paisagem são as pessoas.

Você também compôs as músicas?

Eu e o Ri (como ela chama o marido). A música é mais o lado dele. Ele compõe sem saber tocar nada, é impressionante. E, olha, nos filmes anteriores, as nossas músicas foram cantadas por Caetano Veloso, Maria Bethânia, Gilberto Gil, Arnaldo Antunes… São os nossos intérpretes.

Dá para segurar o casamento trabalhando juntos?

Tem que dar! Eu brinco que a gente não tem tempo de ter crise (risos). O Ri sempre diz: “Casamento só é bom quando é cada vez melhor”. Se a gente está nesta vida e não está melhorando, então algo está errado. O que não quer dizer que seja fácil.

Mas há um caminho comum em um relacionamento de décadas, que é o do companheirismo, da amizade, em que a sexualidade fica de lado…

Se a sexualidade não for uma coisa importante na sua vida, você pode abrir mão dela, inclusive sem estar casada. Tenho várias amigas que não têm vontade de ter nada. Para nós, a sexualidade é vital, assim como gostar das mesmas coisas. A gente até pode ter momentos de voo-solo. Mas ter interesses parecidos na maioria dos aspectos é fundamental.

Como você consegue administrar tantas tarefas?

Faço uma coisa de cada vez. Sou bem focada e bem organizada. Tenho uma lista infinita do que eu gostaria de fazer. E poderia ser uma pessoa absolutamente ansiosa e estressada por essa minha vontade de abraçar o mundo, mas não sou. Da mesma maneira que me dedico aos meus trabalhos externos, tenho um trabalho interno muito profundo e constante. Mas esse equilíbrio não veio de um dia para o outro.

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Há momentos de angústia?

Não tem nada de angústia, isso é a administração da abundância. Ter uma lista do que você quer realizar não é ruim. Aí a gente faz na medida do possível, sem perder o aqui e agora. Ansiedade é querer estar onde você não está. Para isso, é preciso priorizar, abrir mão de muita coisa…

Por exemplo?

Coisas pequenas, como fazer as unhas (mostra as unhas sem esmalte) ou malhar. Ou maiores – já recusei trabalhos para ficar com o meu filho.

Parece tudo tão simples. Você acha fácil ser feliz?

É uma ideia errada achar que ser feliz é não enfrentar dificuldade. A dificuldade é inerente à vida. Os obstáculos, os desafios são a própria vida. Hoje eu vejo que momentos que me pareceram abismos foram fundamentais para que outras coisas muito boas acontecessem.

Dá para envelhecer feliz?

Envelhecer faz parte da vida. Ou você enfrenta ou você morre. Desde muito nova compreendi que a vida era um processo de aprimoramento. Com 20 e poucos anos, eu disse em uma entrevista: “Eu não sou bonita, eu estou ficando”.

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E você ainda diria isso?

Eu ainda diria isso.

Você se olha no espelho e nunca se questiona?

Não. Entendo que a gente está evoluindo. Começamos sem saber nada e vamos sabendo mais e mais. E se fosse o contrário? Se começássemos sabendo tudo e fôssemos ficando mais burros até não saber nada? Seria muito pior.

Incomoda que esse assunto sempre venha à tona pelo fato de você ser um ícone de beleza?

Não, acho generoso que achem isso. Me relacionam com a beleza física, mas também com beleza espiritual.

Você ainda se sente o tempo todo tendo que provar que também é inteligente?

Eu nunca senti essa necessidade. Desde cedo publiquei livros muito bem aceitos. O Chico Buarque escreveu o prefácio do meu primeiro livro; eu tinha menos de 20 anos. Pra mim, foi melhor que ganhar um Nobel. Esse tipo de reconhecimento foi me deixando mais serena. Obviamente que sempre houve cobranças. Mas eu nunca liguei porque o preconceito é um problema dos outros.

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