Betty Faria: “Eu escolho os papéis que faço!”
A atriz relembra sua carreira, fala de "Uma Rosa com Amor", da mudança da Globo para o SBT e confessa: é louca por homens grisalhos
“Na minha idade, o que as atrizes querem
são bons papéis”, diz Betty aos 68 anos
Foto: Divulgação
Aos 68 anos, Betty Faria faz parte daquele grupo de mulheres que soube chegar à maturidade bonita, alegre e com a corda toda. Na telinha como a Amália de “Uma Rosa com Amor”, do SBT, a estrela conta que escolhe a dedo seus papéis e é feliz por isso. Filha de militar, ela se diz disciplinada e apaixonada pela TV.
E seus personagens marcantes na telinha mostram esse amor. É o caso, por exemplo, da Lucinha de “Pecado Capital” (1975), da Joana de “Baila Comigo” (1981), de Tieta, da trama adaptada por Aguinaldo Silva (1989), e da Bárbara de “Duas Caras” (2007), entre muitos outros. No total são 28 novelas, a maioria da Globo. Além disso, Betty brilhou em vários filmes consagrados do cinema.
Muita gente tem a impressão de que essa é a primeira vez que a artista trabalha fora da emissora carioca. Mas ela já passou pela Record e Band. Talvez minha imagem esteja vinculada à Globo porque fiquei muitos anos lá. Mas não tenho contrato com ninguém, só por obra, fez questão de enfatizar. Quer saber mais sobre essa diva? Então, acompanhe a entrevista a seguir.
Você está de casa nova, o SBT. Como é, gostou?
É engraçada essa pergunta sobre casa nova, porque na verdade sou freelancer. Não pertenço a canal nenhum. Só no Brasil as pessoas ficam presas a uma emissora. Na minha idade, o que as atrizes querem são bons papéis.
E está feliz com a sua personagem, a Amália em “Uma Rosa com Amor”?
Muito! Esta é uma novela bem família, que mostra os valores morais que hoje em dia estão se perdendo. A trama vai revelar histórias de bons sentimentos e as pessoas precisam disso.
Como se preparou para fazer a Amália, que é uma típica mamma italiana? Assistiu à primeira versão da história, de 1972, escrita por Vicente Sesso?
Não. E nem quero ver. Naquela época, quem fez foi a Lélia Abramo (atriz maravilhosa, falecida em 2004), era uma Amália totalmente diferente. A minha é filha de italianos, mas já nasceu no navio a caminho do Brasil. A gente pesquisou e percebeu que o imigrante quer mais é perder o sotaque, se integrar. Portanto, minha Amália não tem sotaque. E fico bastante feliz de estar em uma adaptação da trama do Vicente, gostaria muito de reencontrá-lo.
Você sabe tudo sobre a carreira de Betty Faria? Teste seus conhecimentos aqui »
Por que gostaria de vê-lo?
É que meu primeiro prêmio como atriz de TV foi o Helena Silveira, com a personagem Sandra de Pigmaleão 70 (Globo, 1970), escrita pelo Vicente. Entrei no meio da novela e fazia uma hippie que conversava com Deus. Então, tenho uma gratidão enorme por ele. Na ocasião, ficamos amigos, mas aí, com essa vida louca que levamos, perdemos o contato.
Voltando à Amália… Você teve de fazer alguma mudança no visual?
A única coisa que fiz foi deixar o cabelo com alguns fiozinhos brancos. Isso desagradou o cabeleireiro, porém não a mim. Caetano Veloso está tão gostoso com aquele cabelo grisalho… (risos)!
Então você gosta de um grisalho?
Claro, pena que não pego mais nem resfriado (risos). Richard Gere, Edson Celulari, que encontrei num outro dia, são maravilhosos, lindos… E se eles podem ficar com os fios brancos, por que mulher não pode?
Você considera que o horário das 20h15 vai atrapalhar a audiência do folhetim?
Não dou opinião a esse respeito, pois não tenho nenhum estudo sobre o assunto. Falo de interpretação, cenário, figurino, pois é disso que entendo.
Qual a expectativa em relação à novela?
Já levei cada porrada por ter expectativa com alguma coisa… Só espero que Uma Rosa com Amor toque o coração das pessoas e que elas gostem. Acho que será um bom trabalho.
Você, que já fez muitos sucessos, o que acha que mudou na teledramaturgia?
Ah, o mundo mudou muito, né?! Hoje as novelas têm elencos imensos e as cenas são mais curtas. Há atrizes maravilhosas que passam o folhetim inteiro fazendo as amiguinhas do fulano e dando sorrisinhos. Isso é terrível para quem quer mostrar seu trabalho. Por isso, uma atriz da minha idade não pode ficar presa a um contrato de trabalho, pois acaba não podendo escolher seus personagens. E eu escolho os papéis que faço!