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Adriana Esteves: “Tenho inveja sim, quem não tem?”

A estrela, que vive a Inês em Babilônia, fala de seus sentimentos mais íntimos, de novela e da vida

Por Daniel Vilela
Atualizado em 22 jan 2020, 00h06 - Publicado em 10 abr 2015, 16h35
Miguel Sá/AgNews (/)
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Dizem por aí que a inveja é um monstro de olhos verdes mas, em Babilônia, ela se esconde por trás do olhar castanho de Adriana Esteves. Na trama, a atriz enfrenta o desafio de dar vida à amargurada Inês, uma mulher constantemente insatisfeita e que cobiça incessantemente as posses alheias. Na pele da vilã, – que, para a estrela, não é tão má assim – ela ainda encara as constantes comparações com outra malvada, a Carminha, sucesso da intérprete em Avenida Brasil.

Formada em Publicidade, Adriana fez sua estreia em novelas como a Tininha, em Top Model (1989), sendo consagrada pelo público e a crítica no ano seguinte pelo seu papel como Patrícia em Meu Bem Meu Mal (1990). Daí, foi um passo para que a atriz topasse viver sua primeira protagonista, a romântica Marina Batista de Pedra sobre Pedra (1992).
No entanto, problemas em sua vida pessoal abalaram seu talento e atriz enfrentou duras críticas pela sua atuação como Mariana em Renascer (1993), de Benedito Ruy Barbosa. Adriana passava, na época, por uma grave depressão que a levou a um breve hiato na televisão, fazendo apenas pequenas participações. A atriz só voltou às novelas em Razão de Viver (1996), como Zilda, no SBT.

De volta à Globo, a atriz enterrou de vez a má fase ao emplacar diversos sucessos seguidos como a Eulália, de A Indomada (1997), Sandrinha, em Torre de Babel (1998) e Catarina, de O Cravo e a Rosa (2000). Indicada ao Emmy pela sua atuação como Dalva de Oliveira em Dalva e Herivelto – Uma Canção de Amor (2010), a atriz teve enfim sua consagração ao cair no gosto popular com sua Carminha.

Fora das telinhas, a atriz é mãe de Felipe, 14 anos, fruto de sua união com Marco Ricca, e Vicente, 8, do atual casamento com o ator Vladimir Britcha. Sem dúvida, uma trajetória de fazer inveja, não é? Por isso, em nossa entrevista, Adriana abre o jogo e conta tudo sobre sua relação com um dos mais perigosos pecados capitais. Confira!

Como você define a sua personagem?
A Inês é uma mulher ressentida. Ela vem de um passado pobre, é uma pessoa inquieta, não está satisfeita com nada, quer a vida do outro. A ótima da Inês é: o mundo me deve, eu sou injustiçada, a Beatriz tem tudo e eu não tenho. Ela sofre de uma inveja quase que patológica por essa mulher que ela ainda considera amiga, mesmo após dez anos sem se ver ou se falar.

Você acredita que exista alguém como a Inês?
Claro, existe muita gente assim no mundo. Você nem imagina o quanto (risos).

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E como enxerga essa amizade entre sua personagem e Beatriz?
É uma relação complicada, porque a Inês idolatra a Beatriz. Ela é uma referência de vida para a minha personagem, que sozinha não é ninguém, é como se ela não existisse se não fosse pela outra. Trata-se de uma inveja muito forte e, como eu disse, patológica. Mas, se você pensar, ao mesmo tempo a Beatriz bem que poderia se livrar dessa amizade, né? Só que alimenta isso, mantém a Inês por perto. Talvez para poder pisar, talvez para amansar.

TV Globo/Divulgação
TV Globo/Divulgação ()

Você já teve alguma amizade tóxica como a das duas?
Não conheço uma pessoa no mundo que não teve pelo menos um amigo invejoso por perto. Agora, tem quem passe por isso uma vez e logo aprende, mas outras acabam passando por esse tipo de relação várias vezes. E, pior, alguns acabam atraindo esse tipo de gente para perto de si! É como se chamasse, né? Mas eu não, graças a Deus, se depender de mim você nunca vai ver uma Inês ao meu lado (risos).

Mas a Inês também persegue a Beatriz, né? Já sofreu algum assédio desse tipo?
Já tive um fã assim. Um caso que posso contar… bom, uma vez fiz uma peça e durante toda a temporada havia um homem que se sentava todos os dias na plateia com um buquê de rosas. Ele nunca me entregava ou pedia para alguém me entregar. Todo dia ele estava ali. Até que a produção achou melhor chama-lo para conversas, ele se intimidou e não voltou mais. Graças a Deus.

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Você sente inveja?
Tenho inveja sim, quem não tem? Ela existe em todos nós, é natural do ser humano. O bebê tem inveja do peito da mãe. Tem uma coisa muito interessante que a inveja é uma coisa que ninguém assume. Embora a literatura e o cinema sejam ricos no assunto, é difícil para nós, falar sobre ela. Vai ser um desafio para mim. Mesmo que as pessoas não necessariamente discutam sobre isso, você pode se identificar, tentar entender, e quem sabe até arrumar determinadas coisas da sua vida. Acho que a Inês pode ser um personagem catártico para muita gente.

E como você faz para lidar com um sentimento tão pesado na ficção sem que isso afete o seu bem-estar na vida real?
Não carrego nada para a minha vida pessoal. Não sou de misturar. Enxergo a inveja como um material de estudo e, no momento, a Inês é minha tese de doutorado (risos). Procuro entender, neste trabalho, todos os componentes que resultam nessa personalidade insatisfeita, ressentida da personagem. E isso, pelo contrário, me faz bem porque me instiga! Eu acho o tema interessante, é um assunto pouco discutido abertamente , principalmente em novelas.

Voltando à trama, a relação de Inês com a filha também não é fácil, né?
As duas têm uma relação bastante conflituosa. Ela quer que Alice (Sophie Charlotte) seja rica, saia da miséria a qualquer custo. Inês é uma péssima mãe. Carinho, zelo, cuidado zero. Uma daquelas pessoas, a meu ver, que não têm talento para a maternidade. Afinal, eu, Adriana, não acho que toda mulher tem ser mãe.

Inês, então, vai ser mais maléfica que a Carminha?
Você que está falando que ela é do mal (risos). Ela acha que tem um motivo justo para sua vingança, se você olhar bem todo mundo acha um motivo para tudo, né. A Inês é um personagem muito forte, estou bem feliz. Mas não tem nada a ver com a Carminha. Não dá para comparar, não gosto de comparações. É uma grande cilada. Apenas sigo em frente.

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No que suas duas vilãs diferem?
Carminha tinha uma firmeza muita grande. A Inês, não, ela fica muito abalada e muito nervosa perto da Beatriz. Ela não tem boa autoestima. Eu não acho, no entanto, que elas sejam vilãs. Eu nunca enxergo minhas personagens por essa ótica. Para mim, elas são apenas mulheres e eu, como atriz, preciso contar a história delas sem rótulos.

TV Globo/Divulgação
TV Globo/Divulgação ()

Carminha tinha uma pitada de humor. Veremos o mesmo em Inês?
Acho difícil fazer um personagem sem humor. Acho que ela vai ter seus momentos engraçados. Não vai ser igual ao de Carminha ou ao meu, mas um tipo de humor que combine com a personalidade da Inês.

Rolou realmente um descanso da sua imagem após o sucesso de Avenida Brasil?
Sempre há essa preocupação, mas acho que foi o tempo necessário para eu descansar também, né. Eu gosto de trabalhar, mas gosto mais ainda de poder entrar com total dedicação na novela. E, sabe, agora eu estou fervendo (risos).

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Depois de três anos longe das novelas, como foi se ver novamente na telinha em Babilônia?
Eu não tenho costume de assistir nada depois que eu gravo, mas quando vi as primeiras cenas na coletiva me senti muito emocionada e honrada de estar numa novela de Gilberto Braga. Foi meu primeiro convite para trabalhar com ele, não tinha como recusar, né? É um orgulho poder fazer essa parceria com ele, como também voltar a trabalhar com o Ricardo Linhares e conhecer João Ximenes Braga, que é um baita craque. Os três fizeram tantas novelas que amei.

Você é noveleira?
Eu adoro acompanhar as tramas, sei qual está no horário das seis, das sete. Agora, num papel na novela das oito, fica difícil arranjar tempo para acompanhar qualquer coisa. Mas, às vezes, eu ainda consigo sentar e ver algumas das reprises que estão passando. Adoro Pedra sobre Pedra. Assisti também à Fera Ferida um dia. Morri de orgulho do passado. E percebi que ficava tão nervosa para gravar quanto ainda fico.

Para fechar, incorpore a Inês e conta para gente cinco pessoas que você já sentiu aquela pontinha de inveja?
Inveja não, né (risos). Vamos chamar de admiração e aí não vai ser fácil dizer só cinco, vai ter que ser cinco mil. Tenho essa personagem incrível em mãos e como se não bastasse tudo isso, ainda tem uma grande atriz com que contraceno bastante, Glória Pires. Além dela, eu diria a Renata Sorrah, a Claudia Abreu, Fernanda Montenegro e Natalia do Valle. Tá bom, né (risos).
 

*com colaboração de Guilherme Guimarães

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